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João Estevam Lima de Almeida

Mestre em Arqueologia Clássica MAE/USP

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O bacante

Um bacante não morre, deixa o rastro luzidio de sua dança báquica

José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso (Foto: Garapa Coletivo/Wikimedia Common)

                                                                                                     A Zé Celso Martinez

Um bacante não morre

Se mostra à luz da videira

Em esplendorosa alegria

Um bacante não morre

Encena a dor

Na própria Antropofagia

Matiza de cor, de luz

Nosso sofrimento, nossa alegria

Um bacante não morre

Pisa, encantador

O chão das estrelas

Um bacante não morre

Deixa o rastro luzidio 

De sua dança báquica

De seu encenar, e

Como Sêmele

Incinera-se

Ante o brilho de um deus

Um bacante não morre

Altivo, irônico, perturbador

De sua Oficina

Luta contra o algoz reacionário

Com gesto, força, olhar

Nos torna visionário

Um bacante não morre

Dá seu último adeus 

No espetáculo flamante

O bacante, que és

Nu

No último ato

A interpretar

Sua luzente rebeldia

Para nos mostrar

A vida é um ator em cena

A atravessar sorridente

Essas rubras cortinas

Encena e nos faz encenar

Um bacante não morre

Veste a máscara de Diônisos

Flameja, ri, dança

Áureo cocá na fronte 

Tirso na mão

Incandescentemente Tupi

Do cimo do palco

Exuberante

A gritar, alegre, para sempre

Evoé!

                                                                                                    Mavetse Dionysopoulos

                                                                                                    Atibaia, 06 de julho de 2023

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.