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Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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O Bolsolão do MEC

O esquema de corrupção do MEC virá ou não à tona se a mídia assim desejar, escreve a professora e filósofa Marcia Tiburi

(Foto: ABr)
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Bolsonaro, como todo político populista, se elegeu usando a bandeira da “guerra à corrupção”. Ele continua sustentando esse discurso, o que não é difícil para um sujeito que conseguiu impor a falta de conhecimento, a grosseria e a estupidez como formas de governo. No seu caso, basta realizar a operação psicopolítica habitual rumo à hipnose das massas. Bolsonaro chegou ao poder berrando, ameaçando e se fingindo de bobo e assim seguirá até o fim, rosnando para não largar o osso com o apoio de muitos militares, eles mesmos pendurados em pelancas e mamatas estatais. 

A desqualificação intelectual, moral, estética e política produzem efeitos de poder sobre as massas. O mal pelo mal é a técnica desse governo da destruição. Construir qualquer coisa em qualquer ramo das atividades humanas é muito mais difícil do que destruir e, desse modo, a operação bolsonarista do governo como um todo segue firme com seu objetivo maior.

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O áudio de Milton Ribeiro, ministro responsável pela destruição da educação no país, revela um esquema de corrupção imenso. Dentre muitos outros escândalos, esse é o fato político que pode abalar as estruturas desse governo em ano de eleição, considerando que os brasileiros tem memoria curta, justamente porque seus arquivos mentais são produzidos pela televisão e, agora, pelas redes sociais. A corrupção que Bolsonaro afirma inexistir no seu governo, está cada vez mais escancarada e ela não é pequena. 

Corrupção é um significante fundamental na política atual. O assunto não pode ser abandonado por quem respeita a democracia, mas ao mesmo tempo, se trata de uma palavra preferencial na retórica populista de direita e extrema-direita. De modo que o desafio da esquerda sempre será o de combater a corrupção sem, ao mesmo tempo, se deixar levar por essa retorica, sob pena de se igualar ao que visa combater. Quando falamos de retórica falamos de discurso como capital político, algo que, na prática política da esquerda é algo naturalizado e bastante mal trabalhado. Isso se dá porque a moral da esquerda implica que o discurso não pode ser tratado como um capital, mas deve revelar a ideologia segundo seus básicos imperativos. Daí a rejeição bastante geral a um populismo de esquerda que seria a única forma concreta de superar aquilo que se chama “efeito de bolha” pelo qual falamos uns para os outros sobre o que já sabemos e nos contentamos com isso. Dedicarei em breve um texto a esse tópico. 

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Quem trabalha o discurso como um capital é a mídia, aparelho ideológico do Estado que no Brasil se apresenta como mero aparelho do neoliberalismo e das oligarquias anti-povo. Isso explica porque, em 2018, o jornal O Estado de São Paulo, foi capaz de lançar a questão da “escolha muito difícil” entre Haddad e Bolsonaro e reeditar essa propaganda política em 2021. Haddad foi o melhor ministro da educação de todos os tempos, sem sombra de dúvida. Então é absolutamente lógico que, como professor, como sujeito ilustrado, como defensor da educação, ele tenha sido tão abominado pela mídia oligárquica. Ao combater Haddad, se combatia também a educação como um todo, usando-se do capital do discurso, ele mesmo um poder. Fernando Haddad foi combatido, mas Milton Ribeiro não será.  

Isso quer dizer que o esquema de corrupção do MEC virá ou não à tona se a mídia assim desejar. E como ela não deseja, certamente não acontecerá muita coisa. Bolsonaro, grande líder desse esquema, será protegido. 

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Na era da comunicação, a mídia é o quarto poder que regula a mentalidade do povo, seus afetos e escolhas. Não haveria golpe sem mídia, nem Bolsonaro estaria no poder sem ela. Justamente por isso, os pastores bilionários das igrejas neopentecoistais investem na compra de rádios e Tvs, pois esse é um jeito de chegar ao poder político e assim garantir o funcionamento da máquina do poder econômico. 

Que Bolsonaro, depois de muitas críticas esteja novamente sendo cortejado pela Rede Globo e mídia golpista em geral, nos informa apenas que a produção da informação como mercadoria precisou da crítica por um tempo, como agora precisa do voto (enquanto ainda houver voto, algo a ser descartado assim que o deus dos militares mandar). Não haverá democracia no Brasil se não houver regulamentação da mídia. E sabemos que a mídia – e as igrejas - orienta o voto grande parte da população. Regulamentar a mídia é algo que precisa acontecer junto a um projeto de educação nacional voltada para a autonomia e a capacidade de refletir inclusive sobre o poder da mídia que atua sobre a cabeça de todo mundo. As oligarquias midiáticas, econômicas e politicas não gostam desse tipo de proposta, pois ela representa democracia demais, poder demais pata o povo atualmente impotente faminto, mas sentado diante da Tv para ter sua inteligência humilhada diariamente. 

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A educação está destruída moral e politicamente desde as investidas contra os salários dos professores, com o fechamento de escolas por todos o país, com a adaptação do currículo aos parâmetros da miséria neoliberal e com a colaboração de pessoas como Arilton Moura, Gilmar Santos sob o comando de Milton Ribeiro e Jair Bolsonaro. A roubalheira na educação é a cara desse governo e espelho da miséria espiritual das oligarquias super ricas, exploradoras da fé e da ignorância do povo.

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