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Matheus Brum

Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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O Brasil atual explicado na agressão aos jornalistas

"O Brasil, que passou a primeira década deste século olhando para o futuro, capacitando jovens, crescendo socialmente, abrindo empregos, tendo visibilidade internacional, hoje é chacota. Um país cheio de ódios e ressentimentos, com o tecido social prestes a se romper de maneira permanente"

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Olá, companheiros e companheiras. Como vão? Chegamos a mais uma semana de pandemia com a notícia de que jornalistas de diversas emissoras não farão mais a cobertura do presidente Jair Bolsonaro, no local que ele sempre costuma atender (ou atacar) a imprensa em Brasília. A medida foi tomada depois de sucessivos ataques dos apoiadores presidenciais aos jornalistas que estão trabalhando. 

A violência contra a imprensa avança, rapidamente, no país. Um relatório divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 2019, foram 208 ataques a veículos de comunicação e a jornalistas. Um aumento de 54% em relação à 2018. 

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Foram dois assassinatos, 28 casos de ameaças ou intimidações, 20 agressões verbais, 15 agressões físicas, dez casos de censura e outros impedimentos ao exercício da profissão. O levantamento mostrou que o presidente Jair Bolsonaro foi o autor de 121 ataques. Ou seja, mais da metade das agressões sofridas por jornalistas partiram da autoridade máxima do Brasil. 

Então, com este histórico, e com a retórica da “imprensa inimiga do povo”, não é de surpreender que os fãs mais efusivos do presidente o sigam e agridam jornalistas. Só que estes ataques, covardes, configuram crimes que atentam contra a Liberdade de Imprensa e Liberdade de Expressão, direitos estes, inclusive, definidos pela Constituição. 

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Ao fazer uma análise mais profunda sobre as agressões, podemos perceber como esta reação mostra o real país que vivemos: agressivo, desrespeitoso, que não aceita opinião contrária, egoísta e covarde. Os ataques, mais que tudo, mostram uma sociedade que não sabe encarar e aceitar o contraditório. 

Hoje, para alguns grupos, pensar diferente, estudar, externalizar ideias, defender partidos ou ideologias opostas, é sinônimo de inimizade. Não à toa estas pessoas clamam por uma ditadura. Em um governo totalitário, apenas uma ideia tem espaço nos jornais e na sociedade. Estas pessoas não conseguem entender que a troca de ideias é o maior bem da democracia e que isso permite uma evolução intelectual e humana em todos nós. 

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Quem nunca mudou de opinião? Quem nunca achou que o A era melhor que o B, e depois percebeu que estava equivocado? Quem nunca votou em fulano e depois percebeu que errou? Pois é. A mudança de opinião faz parte da nossa construção como pessoa. E muito do que somos hoje é fruto de estudos e de conversas com pessoas que pensavam o oposto a nós, mas que nas boas discussões, nos fomentavam a defender melhor nosso ponto de vista ou a buscar mais informações para embasar nosso pensamento. 

Tudo isso está se perdendo no Brasil. Esta troca, este respeito, este fomento a um bom debate, está indo para o ralo. E neste vácuo, ressurge o ódio, a agressão, a intolerância, a ignorância e a busca por líderes messiânicos. Este conjunto de fatores atrasa a evolução do país e a nossa democracia. 

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A imprensa sim deve ser criticada. Nosso trabalho sim deve ser contestado. Mas em busca de uma evolução, para que todos se sintam confiantes no que divulgamos. Agora, os ataques, sejam verbais ou físicos, devem ser repudiados e mais, devem ser punidos. Não adianta apenas apelarmos para a República Federativa das Notas de Repúdio. É preciso que emissoras e empregados busquem seus direitos para ver se assim, os ataques diminuem. 

Como jornalista, defendo a medida tomada pelas emissoras de suspender a cobertura. Mas, como brasileiro, me dá vergonha e raiva, ver que trabalhadores não pode exercer seu lado profissional por causa de trogloditas que não aceitam visões diferentes, que não suportam ver o “mito” ruindo com o passar dos dias. A História encarregará de mostrar quem está certo, no fim. 

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O Brasil, que passou a primeira década deste século olhando para o futuro, capacitando jovens, crescendo socialmente, abrindo empregos, tendo visibilidade internacional, hoje é chacota. Um país cheio de ódios e ressentimentos, com o tecido social prestes a se romper de maneira permanente. Que tenhamos inteligência para não deixar que o ódio, o rancor e a mentira vençam esta guerra. 

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