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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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O Brasil está em seu momento mais perigoso

O linguista Gustavo Conde alerta para os riscos que afloram quando se tenta a dizer a verdade no Brasil; ele diz: "a impressão que dá é que essa situação de perseguição a Glenn Greenwald ainda vai acabar mal. Ele foi ameaçado, David Miranda foi ameaçado, filhos, amigos, parentes estão sob ameaça constante de todo tipo: homofóbicas, milicianas e bolsonaras. O jogo é pesadíssimo"

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Por Gustavo Conde, para o Jornalistas pela Democracia - O Antídoto para que não se naturalize o escândalo Moro-Dallagnol é justamente a estratégia das publicações a conta-gotas do The Intercept.

Para que não se 'esqueça', 'alonga-se' as informações no tempo.

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É muito semiótico.

Mas a semiótica não vai nos salvar nem pagar nossas contas.

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O Brasil já era estranho antes de tudo isso (agora está grotesco).

Alguém tem que avisar o Glenn que ele está em uma terra trágica, dominada por vilania extrema, sem um pingo de remorso.

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Se em países 'normais' o intervalo-antídoto entre uma publicação e outra seria de uma semana, no Brasil esse intervalo precisa ser reduzido à metade.

E não se trata de ansiedade. Trata-se de sobrevivência (do sentido, da narrativa).

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O inimigo aqui é monstruoso demais.

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O cartel midiático brasileiro é insidioso e ainda tem poder.

A recusa deles em entrar na cobertura do escândalo Moro-Dallagnol, além de estarrecedora, promove, realmente, um efeito de 'retardo'.

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Glenn é inteligente e competente, mas seu adversário massacra a verdade há pelo menos 50 anos.

A Rede Globo é mais cancerígena que o sub escalão da morte americano. São mais violentos, mais hegemônicos e mais pusilânimes.

Glenn vai perceber que peitar a NSA, o FBI e a CIA é café pequeno diante da missão de desafiar a Globo.

As agências americanas - por mais incrível que possa parecer e comparativamente - têm ainda um fiapo de caráter e sabem reconhecer uma derrota.

A Globo não.

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A semântica política mudou. Mas as pessoas precisam aceitar.

Essa é a singularidade grotesca do bolsonarismo.

Bolsonaristas não aceitam a realidade.

E não é um quadro meramente ligado à saúde mental. É um fenômeno da coletividade, algo talvez inédito para os estudos do comportamento social.

É a aniquilação do próprio funcionamento da linguagem, significante-sentido-discurso.

É uma espécie de novilíngua, como jamais a ciência ou a cultura haviam de fato previsto ou imaginado.

Algo que - se sobrar um mundo depois disso (e não estou exagerando) - certamente deverá ser alvo de estudo científico por longas décadas.

Eu teria até um título para uma tese de doutorado na área de linguística e psicanálise: "Quando a linguagem falhou".

Talvez, seja o primeiro 'vírus' linguístico da história, metáforas à parte.

Vale lembrar: isso jamais seria possível sem a contribuição do nosso cartel midiático, que nos ensinou a mentir e a combater a realidade desde criancinha.

O coquetel Globo-Bolsonaro (e Lava Jato) realmente se mostra o estilhaçamento completo do juízo, da faculdade de pensar e do que restava de soberania intelectual.

A gente percebe um certo orgulho em ser burro nas pessoas que protagonizam esse desastre cognitivo. Bonner, Moro, Bolsonaro, Lobão, FHC e eleitores fascistas ainda soltos por aí.

É brutal.

O escândalo Moro-Dallagnol não provocar um espasmo sequer nesse circuito impostor de tática militar-publicitária de mentiras é realmente algo que choca mais ainda que a própria promiscuidade entre Ministério Público e Vara Criminal de Primeira Instância.

A doença Globo-Bolsonaro ultrapassou o limite do submundo politico para adentrar o terreno do aniquilamento simbólico da espécie.

Nada mais, nada menos do que o nosso maior patrimônio evolutivo e existencial.

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Em vista de tudo isso, a impressão que dá é que essa situação de perseguição a Glenn Greenwald ainda vai acabar mal.

Ele foi ameaçado, David Miranda foi ameaçado, filhos, amigos, parentes estão sob ameaça constante de todo tipo: homofóbicas, milicianas e bolsonaras.

O jogo é pesadíssimo.

Vamos esperar uma tragédia para mover um músculo?

A narrativa é de terror: Jean Wyllys sai do país por ameaça de morte, David Miranda assume o cargo de deputado e sofre ameaça de morte.

Esposo de David publica a verdade sobre a Lava Jato e a imprensa brasileira em uníssono se nega a aceitar.

Mais do que isso, parte para ataques a Glenn e subsidia a proliferação de fake news com matérias 'casadas' que destacam a cibersegurança (e não a segurança judicial).

O Brasil se tornou um país de máfia.

É muito tempo para a nossa maior liderança democrática da história continuar presa.

Essa prisão política está dilacerando a nossa capacidade de julgamento moral.

Lula sempre foi nosso maior fiador de sentido, o grande provedor de senso democrático ao país e à sociedade, a referência máxima, a voz do equilíbrio.

O país chega ao seu maior desafio moral de fato, mais ainda que a eleição de 2018, tão truncada e tão espancada pela dimensão miliciana de operação fraudulenta.

A verdade está diante dos nossos olhos, edificada, envernizada e corporificada.

Negar isso a essa altura do campeonato seria aceitar o final hediondo dessa ópera trágica shakespereana jamais feita - pois nem Shakespeare poderia vislumbrar tanta pusilanimidade nos interstícios do poder e do 'humano'.

O Brasil está em seu momento mais perigoso.

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