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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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O Brasil vai sair pior ou melhor disto tudo?

"Não há prazos para que esse conjunto de crises possam ser superados. É difícil imaginar o Brasil nos próximos dois anos, com esse governo e esse tamanho de problemas", escreve o sociólogo Emir Sader

Homenagem em São Paulo às 100 mil vítimas da Covid-19 no Brasil 07/08/2020 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
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O Brasil só piorou, em tudo, desde que a direita rompeu a democracia que tínhamos, em 2018. De qualquer ponto de vista, tudo piorou: a economia entrou em depressão, o desemprego e a precariedade levam a milhões de brasileiros à precariedade e ao desemprego aberto. 

Politicamente o País tem um governo federal desastroso, incompetente, corrupto, desagregador, que projeta a pior imagem possível do Brasil no mundo. A chegada da pandemia pega as estruturas de saúde pública debilitadas por anos de políticas neoliberais, fazendo com que o País tenha o segundo maior número de casos e de mortes no mundo.

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Não há prazos para que esse conjunto de crises possam ser superados. É difícil imaginar o Brasil nos próximos dois anos, com esse governo e esse tamanho de problemas. A projeção da horrível situação atual para os próximos dois anos daria uma imagem ainda pior do que a atual.

Mas esta crise não passa em vão no Brasil. Ao longo dela, se alteraram os consensos que a mídia tratava de impor à sociedade. Era um consenso favorável ao mercado, às privatizações, ao ajuste fiscal.

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As crises revelam a essência das sociedades. Uma crise que acumula várias crises, teria que representar um teste para saber como reagiríamos, a que recursos apelaríamos. Já podemos fazer um balanço do que a crise afetou no Brasil.

Quem se fortalece é o Estado e não o mercado. A quem se apela é ao Estado para a atenção de saúde à população, a quem se apela para recursos que atendam as pessoas necessitadas, para quem se dirigem as atenções da população para as pesquisas que busquem conseguir as vacinas e os remédios indispensáveis. 

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Não é ao mercado que se voltam as pessoas. O mercado pode atender os que têm recursos, os que podem comprar o que o mercado oferece. Mas mesmo as pessoas que têm poder  aquisitivo buscam no SUS e no Estado o apoio que necessitam.

É o SUS e não aos planos privados de saúde que atendem à grande  maioria da população. Programa mais importante e democrático do mundo, o SUS vinha sofrendo os cortes de recursos, de pessoal, de leitos, até que teve que ser fortalecido porque é a grande estrutura nacional de que o Brasil dispõe para atender à grande maioria da população.

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É a esfera pública em geral – as universidades públicas e não as privadas, os centros públicos de pesquisa e não os privados – que se fortalece, que mostra que é quem dispõe das condições e das prioridades para responder aos desafios da pandemia. Sao os centros públicos que pesquisas remédios e vacinas, que fazem acordos com centros públicos da Grã-Bretanha, da China, da Rússia, para dotar o País das vacinas.

Vem um imenso debate sobre como reconstruir o País. Com que recursos contar? Em que direção reconstruir o Brasil?

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A direita retoma sua cantilena da crise das finanças públicas, da necessidade de um novo e ainda mais duro ajuste fiscal, de que deve ser ao mercado que se deve apelar para lograr os recursos necessários.

O grande debate será sobre a reforma tributária. A direita já adiantou suas propostas, todas com menos impostos para todos, especialmente para os mais ricos. Alegando a complexidade do sistema tributário, de que a “sociedade” não aguentaria mais impostos, propõe alternativas em que a arrecadação de impostos diminui.

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Uma reforma socialmente justa é aquela em que “quem ganha mais, paga mais”. O que significaria, agora, que a maioria das pessoas deixassem de pagar, outra parte importante da população passaria a pagar menos, e a minoria, que concentra grande parte das riquezas,  teria que pagar muito mais. Através do imposto às grandes fortunas, do imposto às rendas, do imposto à herança. Na luta contra a sonegação e à fuga de capitais ao exterior, praticamente pelos mais ricos.

De quem ganhe esse debate, vai depender se o Brasil vai sair mais ou meno desigual, com um mais de maior ou menor concentração de renda. Desse debate depende se o Brasil sairá pior ou melhor disto tudo.

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