O camaleônico presidente do Senado
Contudo, Alcolumbre pica e mata que nem o escorpião
Até o jornal das elites conservadores não aguenta mais o barão do Senado, taxada naquele jornal como chantagista. Alcolumbre não respeita a República e o sistema presidencialista, é um autocrata num colegiado republicano.
Ele tem como estilo o do riquinho dono da bola. Só coloca a bola em jogo se estiver escalado para decidir a partida. Não respeita a divisão tripartite da República.
Não respeita o sistema presidencialista, impõe na prática o semipresidencialismo ou semiparlamentarismo, mesmo sabendo que o parlamentarismo fora derrotado em plebiscito.
É um político camaleônico, mas pica e mata que nem o escorpião.
É chantagista, vaidoso, traiçoeiro e sobretudo egocêntrico, se enxerga como o centro do poder; a soberania popular só admite quando o povo vai às ruas, aí ele mia e recua.
O presidente do Senado quer assumir a prerrogativa exclusiva do Presidente da República.
Indicar ministro do Supremo cabe, constitucionalmente, ao presidente Lula, mas Alcolumbre queria um aliado seu para o cargo: o senador Rodrigo Pacheco.
Insistindo nessa linha, atua como o barão mor do baronato Legislativo.
É a herança maldita deixada pelo ex-presidente fascista Jair Bolsonaro, que delegou ao Legislativo tal prerrogativa para ter cumplicidade em suas ações golpistas.
Depois de 2018, o Legislativo vestiu o figurino inconstitucional do semipresidencialismo. Passou a forçar a barra, emparedando o presidencialismo constitucional escolhido pelo povo.
A aprovação de emendas constitucionais exorbitantes, que somam mais de R$ 50 bilhões/ano, é a prova do evidente golpe semiparlamentarista, que prejudica a governabilidade para favorecer a classe política em suas ações obscuras ao arrepio da lei.
Por isso, o Legislativo, através de seu barão maior, quer influir no STF por meio de indicações de seus membros.
Alcolumbre quer ter um aliado para contraditar decisões como a do ministro Flávio Dino em relação a essas emendas parlamentares sem transparência e com desvio de finalidade.
As emendas parlamentares corroeram os princípios constitucionais da Administração Pública produzindo uma metástase de corrupção até o último tecido institucional e social.
Lula felizmente não caiu na armadilha. Preferiu manter a indicação de Jorge Messias, enfrentando o abuso legislativo.
Não entro no mérito da escolha do nome, e, sim, na defesa da prerrogativa exclusiva como presidente eleito pelo sufrágio popular.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




