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Gislene Alexandre

Escritora em defesa da mulher negra rural e erradicação do trabalho infantil

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O caso Renata Souza e a violência política de gênero

Entende-se por violência política de gênero todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade

Renata Souza (Foto: Divulgação)
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Por Gislene Alexandre

A deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ) mais uma vez foi vítima de violência política na última terça-feira (24) quando o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL) a constrangeu com ofensas e calúnias durante sessão plenária.

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Além de segurar cartaz com os dizeres: “Quem lucrou com a morte de Marielle?”, o bolsonarista ainda disparou ofensas e calúnias contra Renata Souza, contra o PSOL e contra o deputado federal Marcelo Freixo.

Em tom de acusação indagou ao partido e, também diretamente a Renata Souza, sobre o que chamou de “venda da história de Marielle Franco a uma grande empresa de comunicação”. Entretanto o deputado Rodrigo Amorim não está preocupado com a memória ou suposta “banalização” da história de Marielle. Quem não se recorda do episódio onde o parlamentar em questão quebrou a placa em homenagem a vereadora? E depois de quebrar fez um show de midiático com seus comparsas bolsonaristas, emoldurou e pendurou em seu gabinete a placa quebrada.

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A tentativa de apagar a história da vereadora quebrando a placa não funcionou. O povo pobre, o povo preto e todo o povo brasileiro defensor da democracia, do direito e da justiça continuou perguntando: “Quem mandou matar Marielle?”

Depois do episódio da quebra da placa que além de vandalismo é um claro caso de violência política de gênero, raça e classe, a deputada Renata Souza denunciou na tribuna do plenário da Alerj o silenciamento que mulheres negras e da favela são submetidas ao ocupar espaços de poder evidenciando que tais espaços sempre foram ocupados por homens brancos. Na ocasião Renata disse que a violência política pode variar desde o silenciamento até o feminicídio, como aconteceu com Marielle, passando por agressões e intimidações cotidianas como as que são feitas por Amorim.

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Entende-se por violência política de gênero todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. Este tipo de violência ocorre com mulheres candidatas ou até mesmo já eleitas em exercício do mandato.

De acordo com a Assembleia Legislativa a violência pode ocorrer por meio virtual (com ataques em suas páginas, fake news e deepfakes) e também nas ruas, quando as mulheres que atuam na política são atacadas por eleitores. Elas podem ser vítimas tanto em seus partidos como dentro de casa. As ações se dão de forma gradativa e podem chegar até ao assassinato.

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Na condição de candidatas, as mulheres sofrem violência política de gênero, principalmente, através de ameaças, interrupções de suas falas, quando são desacreditadas por serem mulheres, violação da intimidade, ofensas do tipo que só se preferem a mulheres, desvio de recursos da candidatura feminina em favor de candidatura masculina dentre outras.

Eleitas, as mulheres são vítimas de violência cotidiana desde as mais sutis como quando um homem lhe interrompe para explicar o óbvio, até quando prejudicam a carreira não dando credibilidade às suas falas, não indicam para a liderança de comissões ou partidos, ataques à moral, até violência física, coação e como no caso de Marielle Franco, o assassinato. 

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Em 2020 Renata Souza foi vítima de tentativa de silenciamento seguido de ameaça de morte com menção ao caso Marielle. Segundo assessoria a mensagem dizia o seguinte: ‘você fala de mais [sic]… vai perder a linguinha'”. Na mesma postagem, o homem escreveu: “Por isso que Marieli [sic] morreu”. 

Também em 2020 a deputada Isa Penna (PSOL-SP) teve o seio apalpado pelo então deputado do Cidadania- SP Fernando Cury. Em abril de 2021, Cury teve o mandato suspenso temporariamente em decisão unânime sem abstenção e sem voto em branco na Assembleia Legislativa de São Paulo. Decisão inédita e considerada como um marco histórico pela própria deputada Isa Penna.

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Vale lembrar que após as calúnias proferidas por Rodrigo Amorim à Renata Souza, a deputada não recebeu o direito de resposta solicitado ao presidente da casa André Ceciliano (PT-RJ).

A violência política de gênero é um problema gravíssimo que quando ignorado ou minimizado por políticos, partidos e sociedade, a democracia fica comprometida e a violência é potencializada. Todas as mulheres estão sujeitas, mas os maiores ataques ainda carregam traços de racismo pois ocorrem contra mulheres negras, da favela e que lutam contra a desigualdade.

É dever da sociedade exigir respeito às mulheres em todos os ambientes, e a política não é espaço apenas para homens brancos e ricos em defesa do capital.  Esta colunista também mulher negra e politicamente engajada se solidariza e exige justiça para com a companheira, a deputada Renata Souza.

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