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Cristiano P. Medina Rigo

Cristiano P. Medina Rigo tem 41 anos e é natural de Altamira, no estado do Pará. Residente em Marabá desde 2010, é um atuante educador popular e militante dos direitos humanos, com forte engajamento em causas sociais e democráticas na região Sul e Sudeste do Pará. Graduado em Direito pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Cristiano atualmente atua como consultor na empresa IVEB Consultoria e estratégia política. Além disso, é correspondente regional do site Famosos Em Foco, contribuindo com informações e análises sobre acontecimentos locais e personalidades da região.

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O cenário das eleições de 2026 no Pará

A eleição no Pará vai acontecer entre o campo da frente ampla democrática e a extrema-direita reacionária

Tribunal Superior Eleitoral (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Há menos de um ano para as eleições no Pará, o cenário está se definindo cada dia mais. As eleições não estão definidas entre esquerda ou direita aqui no Estado, está entre o campo da frente ampla democrática e a extrema-direita reacionária.

I) A configuração está entre um campo hegemônico liderado pelo Governador Helder, com apoio amplo dos políticos e do governo federal (podemos afirmar o campo da frente ampla democrática, que se iniciou em 2018, e se consolidou em 2022). II)  II) uma direita ultraconservadora que disputou as últimas eleições com três resultados, dois na capital e um no estado. III) III) a acessão de Dr. Daniel é uma mutação de mistura de esquerda com direita, que vem disputando a dianteira com a atual vice-governadora Hanna Ghassan, sucessora de Helder Barbalho.

Se as eleições fossem hoje, poderia cravar que quem seria o próximo governador, aliás a próxima e segunda mulher a governar o Estado do Pará, seria a atual vice-governadora Hana Ghassan (MDB), porque reafirmo isso categoricamente, aqui não se trata de uma análise de pesquisa eleitoral, em que a atual vice vem despontando a ponta com o prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel (PSB). A política e definida por uma capacidade de articulação de forças, de poder e alianças estratégicas pautadas pelo poder econômico e a força da engenharia da máquina do estado. 

Essas características estão na mesa do governador que tem (pai) o senador Jader Barbalho (MDB) como o maior estrategista político do Estado. O senador Beto Faro (PT), que é fiel escudeiro do governador, mais leal do que qualquer decisão política do seu próprio partido, e são os interesses políticos que determinam essa relação. Em minha análise, acredito que poderá ter mudanças, na indicação do vice-governador, que seria o nome do deputado Dirceu (PT) no sul e sudeste do Pará. Esse tem sido o movimento do PT, nos últimos meses, pautar a indicação de vice na chapa majoritária. 

O ponto fora da curva nesse movimento, é que o partido faz parte da base do governo no Estado e tem relações fortes do governador com o governo federal. E uma aliança com quem mora dentro de casa. Dirceu (hoje) é o melhor nome do partido e certamente estará no próximo governo sendo vice ou se os ventos mudarem, (como no Pará venta muito) estará em uma secretaria de Estado. 

Um dos ministérios mais importantes do governo federal, liderado pelo seu irmão Jader Filho (MDB), que sela a relação do governo federal com o Estado. Seu grupo político tem a maioria da Assembleia legislativa, além da presidência e a possibilidade de fazer o segundo nome Senador, a construção do nome do deputado e presidente da ALEPA (Chicão - MDB), e ele fará, por que assim aconteceu na eleição de Zequinha Marinho (PL) em 2018 e de Beto Faro (PT) em 2022. 

Há que destacar que Helder vem liderando as pesquisas para Senado com folga extraordinária. O MDB ganhou as eleições em cima da extrema direita em 2024, com seu primo Igor Normando. E nesse embalo a maioria dos prefeitos estão com Helder, então por esses elementos e outros que não pontuei, cravo que a próxima governadora será Hana Ghassan. Não há imprevisibilidade brusca de uma possível mudança neste tabuleiro. 

Nas eleições de 2022, o Senador Zequinha Marinho (Podemos), disputa a eleições com essa força, mas também com um peso enorme nas costas, a final foi “a criatura que se voltou contra seu criador”, Zequinha Marinho só se tornou Senador porque Jader Barbalho colou de braço do braço e levou junto com ele. Prova que nas pesquisa o atual senador nas últimas pesquisas está do quinto colocado para trás.  

A ultradireita conservadora no Pará, que ganhou muita força com as eleições de 2018, até 2024, perdeu três eleições importantes, o delegado Eguchi (PRTB), foi a figura que mais sentiu o cheiro da vitória em uma disputa acirrada com o Ex-prefeito Edmilson (PSOL), o delegado contou com um campo amplo do bolsonarismo, naquelas eleições. 

Edmilson, tem excito também pelas forças que os Barbalhos deram no segundo turno. Em 2024, ficam em evidências, as eleições em Belém, quando o prefeito Edmilson, não consegue sequer ir para o segundo turno. Quem se enfrentam é o deputado estadual Igor Normando (MDB) e outro delegado Eder Mauro (PL), o mais conservador de todos da extrema direita. 

E sabemos qual foi o resultado daquelas eleições. Dentro deste campo tem outras caciques que não estão no cenário (poder), mas que não podem serem subestimados, e o caso do Ex-Governador Simão Jatene (PL) (outro estrategista) e o ex-Senador Mário Couto (PL). A unidade deste bloco tem muita, forças, vem setores sobretudo do agronegócio do interior do estado e setores também da indústria, além de galgar uma representação do campo conservador. Perguntas, que ficam; eles estarão unidas em torno de uma candidatura ao governo! Vão priorizar as eleições para o congresso nacional, de modo especial para o senado!

O segundo bloco mais consolidado para essas eleições, e o bloco do Prefeito de Ananindeua Dr. Daniel (PSB), há que se destacar que Ananindeua e uma cidade que tem vocação (líderes) para governar o Estado. Pois bem, quase todas as pesquisas indicam que Dr. Daniel a frente, e se consolidando como o principal adversário dos barbalhos. 

Como já disse, não estou analisando pesquisas, o objetivo e a análise concreta da realidade eleitoral. Claro que Dr. Daniel tem uma ótima gestão, tem relações políticas consideráveis e ajudou candidaturas fortes que estão no poder (além de nascer na política pelo parto das mãos dos barbalhos). E aqui é onde começa a desatar os nós, as relações políticas de Dr. Daniel tem contradições, tem fortes contradições. 

Exemplo, parte das candidaturas da extrema direita flertam com ele, inclusive já sugeriram em suas reivindicações que ele deveria mudar de sigla, para uma mais conservadora e se distanciar do PSB. Mas, se isso vier acontecer, ele perderá o apoio do Presidente Nacional do partido João Campos (prefeito de Olinda), que deverá enfrentar Raquel Lyra (PSD) para o governo de Pernambuco. Outro apoio fundamental e do atual vice-presidente da república, também médico, Dr. Geraldo Alckmin (PSB), que eventualmente será novamente o vice-presidente, ministro da indústria, ex-governador de São Paulo e se consolidou como o maior fiel escudeiro do presidente Lula. 

Essa decisão implica, diretamente aqui no Estado, uma vez em que já foi cogitado ao governador ser vice-presidente. O exército e a candidatura de Dr. Daniel depende mais de fatores externos (nível nacional) do que interno. E aí que a coisa complica para ele. E isso não existe na sua adversaria, (Hana) ela dorme com a cabeça tranquila. Dr. Daniel tem esses três nós, para desatar.  

Um outro nome que corre por fora, não como candidato a governador, mas já candidato a senador e candidato a vice (porque pegou moda ter candidaturas a vice) e do Ministro do Turismo, Celso Sabino (afastado do União Brasil), mas garantido na pasta pelo presidente. A rodada de xadrez; não se faz sanduíche só com pão, precisa ter presunto lembrando o ministro do STF, Flávio Dino, nas eleições de 2022. 

O vice da governadora, não sairá do mesmo bloco, precisa agregar forças ou pescar no outro aquário como diz um estrategista Ivomar Vaz. Mudando de jogo, Celso Sabino e uma carta coringa em que serve em qualquer fase do jogo, poderá ir para um partido de centro direita ou de direita e compor o bloco sendo Senador ou vice-Governador, porque outro coringa se chama Chicao (MDB), presidente da Assembleia Legislativa do Pará e fiel a Helder. 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.