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Francisco Carlos Teixeira Da Silva

Professor Titular de História Moderna e Contemporânea/UFRJ, professor Emérito da ECEME, professor Titular de Teoria Social/UFJF. Prêmio Jabuti, 2014

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O chanceler Merz e o retorno do militarismo fascista alemão

Com o risco de uma guerra nuclear, Merz tornou-se o principal peão do novo-velho militarismo alemão

Novo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, durante conferência do partido CDU em Berlim - 28/04/2025 (Foto: REUTERS/Lisi Niesner)

Em 6 de junho de 2025, após encantar Trump com sua promessa de gastar 5% do fantástico PIB alemão - de 4.5260trilhoes de dólares -  em armas, Merz advertiu o povo alemão do "perigo sovético", quer dizer o "perigo das hordas asiáticas",  ops do "perigo russo", e que o povo alemão deve deixar de ser "preguiçoso" e trabalhar para pagar aos grandes conglomerados da indústria bélica pelas armas que devem defender a Alemanha em Odessa, Kharkov e Kursk.  Os ecos de um passado que não passa são notáveis.

A fala belicosa de Merz produziu efeitos até no Salão Oval, onde Merz atribui o fim da Segunda Guerra Mundial ao desembarque na Normandia, em 1944, apagando com sua fala a História da Batalha de Moscou, a Batalha de Stalingrado, a Batalha de Kursk e, claro, a Batalha de Berlim. Para Merz , na perfeita linha do revisionismo histórico alemão, os "americanos" libertaram a Alemanha. E para isso uso o pronome na terceira pessoa do plural - " - nos libertaram!" - , diz ele -  colocando-se, em mais um procedimento negacionista, como vítima do nazismo.  Esquece-se, assim, que a "Alemanha desejou o nazismo", como nos afirma o psicanalista e filósofo alemão Wilhelm Reich. E além das multidões nas ruas idolatrando Hitler, a própria família Merz foi parte "ativa" de suporte ao nazismo. No entanto, Merz insiste - emulando o lema nazista "canhões em vez de manteiga"- que o povo alemão  é preguiçoso, tem que trabalhar mais para pagar as armas da Rheinmetall - fabricante dos carros de combate "Leopardo" -, a KMW - fabricantes dos carros de combate "Puma" -,  Thyssen+Krupp, Hensoldt, MDBA Deustschland - está fabricante dos mísseis Taurus - e Diehl, ou seja as empresas que rearmarão a Alemanha. A Manesmann, Siemens e Blaupunkt - produtoras de bens de consumo duráveis, eletrodomésticos, aquecimento e energia doméstica, dominantes na "Era Merkel" saem de cena. Outras empresas deverão reorganizar sua produção. A VW - em fase de união com a Rheinmetall para fabricação de motores para veículos de combate - BMW - produtora  dos veículos de combate BMW X5 e o Protection VR 6 , motocicletas de rápido deslocamento e motores/turbinas de aviação de guerra - e a Mercedes devem fazer a conversão para veículos de combate.

Com tais medidas,  susduradas pelos grandes financistas de Frankfurt, Merz pretende tirar a Alemanha da estagnação derivada da guerra econômica declarada contra a Rússia.

Aliás a família Merz tem íntima relação com a guerra como solução econômica de crises, inclusive sob  o nazismo. O avô do atual chanceler da Alemanha  foi membro "ativo" e "militante" do Partido Nazista e das tropas de assalto SA, sendo prefeito da cidade de Brilon entre 1933 e 1937, e apesar de sua idade avançada defendeu ativamente as posturas nacional-socialistas ( Tagezeitung, 8/05/2025). Merz negou, até maio de 2025, as simpatias e a militância nazista da família, até que em junho de 2025 passou a designar, frente a força dos fatos,  o debate histórico do papel de sua família no Terceiro Reich como "sensacionalismo repugnante" .  Merz é o responsável pelo imenso apoio, incluindo mísseis de longo alcance, à Ucrânia. Merz nega a existência, contra as evidências históricas,  dos núcleos  ucranianos existentes no meio político e militar ucranianos de um culto ao nazista Stepan Bandera - criminoso de guerra responsável pelo massacre de quatro mil judeus em Volinia e de centenas de prisioneiros soviéticos, hoje herói nacional da Ucrânia de Zelensky.

Hoje, com o risco de uma guerra nuclear, Merz tornou-se o principal peão do novo-velho militarismo alemão.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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