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Murilo Matias

Já escreveu sobre todos os países da América Latina para meios nacionais e internacionais. Mantém o canal Vozes Latinas no Youtube com cobertura semanal sobre a região

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O Coronavírus pela América Latina

Fechamento de fronteiras, sistemas público de saúde fragilizados e cancelamento de eventos estão entre as medidas adotadas por diferentes países da região

(Foto: Adriano Machado/Reuters)
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Sem nenhum caso confirmado de infecção pelo coronavirus até o momento El Salvador tomou a drástica medida de fechar suas fronteiras suspendendo a entrada de estrangeiros no país. Medidas complementares com o cancelamento das aulas em escolas públicas, particularidades, universidades por 21 dias e a proibição de aglomerações em número superior a 500 pessoas foram anunciadas pelo governo a fim de evitar a chegada e consequente propagação da doença.

"Não é algo que se decidiu abruptamente, consultamos especialistas, membros do gabinete e avaliou-se o impacto econômico que se terá, mas esse impacto financeiro empalidece frente a quantidade de mortos e enfermos que poderíamos ter diante de uma pandemia que nem Itália, Coréia do Sul ou Alemanha estão preparados para deter, muito menos El Salvador", afirmou o presidente Nayib Bukele.

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No Equador, que registrou o maior número de casos entre as nações da região até a metade desta semana, o executivo decretou estado de emergência sanitária e o Ministério da Saúde asseverou que 22 hospitais estão habilitados para enfrentar a crise, segundo a ministra da pasta Catalina Andramuño. A situação preocupa diante da diminuição da capacidade de atendimento do setor público em virtude das demissões de funcionários promovidas pelo mandatário Lenín Moreno, que anunciou um novo paquetazo econômico para garantir verbas diante da desvalorização do petróleo e da debilidade contábil de sua gestão.

Já na Bolívia as dificuldades para oferecer tratamento adequado e o medo de contágio fizeram com que cinco hospitais impedissem a internação de uma paciente com o vírus. Diante do rechaço, a mulher não identificada encontra-se reclusa em um prédio do governo de  Santa Cruz à espera de uma solução. No país em plena campanha eleitoral presidencial os principais candidatos cancelaram seus atos políticos temporariamente e se mostram preocupados com a caída no preço do barril de petróleo e sobretudo dos minerais, fundamentais para garantir o investimento estatal na saúde .

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A incerteza em relação à capacidade de enfrentamento do problema caso ele ganhe corpo são temidas no Paraguai, que acaba de atravessar uma severa crise por conta da dengue. "Nosso sistema sanitário é precário, insuficiente para enfrentar os problemas cotidianos de maneira universal. Uma epidemia de dengue seguida de outra como a do coronavírus seguramente causa um impacto muito importante", avalia a médica e senadora Esperanza Martinez.

A dificuldade de controlar as fronteiras secas e o intenso fluxo de pessoas nas pontes  de acesso entre Argentina e Brasil complica o cenário paraguaio, apesar da tentativa de controle junto aos passageiros de ônibus que chegam com a realização de testes de febre, além da exigência do cartão de vacina da febre amarela e do sarampo. A necessidade de aumentar recursos se mostra urgente segundo especialistas, mesmo caminho trilhado por outros países que também buscam aprovar verbas complementares para o setor, casos de Brasil e Peru, que adiou o início do calendário escolar, enquanto os argentinos suspenderam a chegada de voos de lugares considerados de alto risco, incluindo Estados Unidos, Europa e China

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"O sistema de saúde deveria se preparar para doenças que podem afetar grande parcela da população. Uma parcela das pessoas poderão ser cuidadas na atenção primária, mas também se espera que casos graves aconteçam e que materiais, leitos e protocolos sejam pensados. O vírus tem grande potencial de transmissão. Isso quer dizer que muita gente pode ficar doente a mesmo tempo. Isso gera uma enorme sobrecarga, é preciso colocar essa vulnerabilidade na agenda ", alerta o médico brasileiro radicado na Alemanha Vinicius de Oliveira, que trabalhou no SUS de 2013 a 2018 como médico da família.

Os riscos de alastramento do vírus têm sido responsáveis pelo cancelamento e adiamento de um sem fim de eventos, incluindo shows, feiras e disputas esportivas - do festival de musica Lollapalooza na Argentina às partidas de estreia das eliminatórias para a Copa do Mundo. "Em Bogotá se suspenderam os eventos de mais de 500 pessoas, incluindo shows e a feira do livro na tentativa de aumentar a rede de prevenção. Aqui há três casos comprovados e outros em observação ", reporta a jornalista colombiana Yaline Santos.

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Os governos têm atuado em diversas frentes, da limpeza de locais públicos, em especial metrôs e ônibus, elaboração de material informativo, além de do controle de preços de produtos básicos de higiene e pressões corporativas para que planos de saúde privados ofereçam testes e tratamentos relativos ao vírus. Ainda assim e mesmo com os números moderados cujos registros apontam 153 pessoas infectadas em 16 países no início da quinta-feira e a notícia de que medicamentos desenvolvidos por Cuba estão sendo eficientes na cura da doença em pacientes na China o temor em relação aos próximos dias está espalhado.

"É preciso olhar pra essa epidemia com muita cautela, é um problema a mais pra uma população que já é vulnerável e para sistemas de saúde que tem sofrido desinvestimento.O SARS-CoV2 tem nesse momento transmissão sobretudo de pessoa a pessoa. Nos casos que exigem atendimento hospitalar ou de emergência é necessário prevenir que profissionais de saúde e outros pacientes estejam sujeitos à infecção. Isso demanda treinamento, materiais de proteção que normalmente não usamos e protocolos estabelecidos ao se receber uma suspeita. Há muita informação desconhecida, o manejo dessa doença não é bem estabelecido", observa Vinicius de Oliveira.

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