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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor do livro "Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil". Editor da newsletter "Noticiário Comentado" (paulohenriquearantes.substack.com)

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O Datafolha e as caras do governo Lula

Não há popularidade que resista

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá entrevista à imprensa no Palácio do Planalto - 30/01/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O resultado da pesquisa Datafolha divulgada em 14 de fevereiro, mostrando que a aprovação de Lula caiu de 35% para 24% entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, veio sendo forjado no decurso do tempo. A inflação incômoda e o veneno extremo-direitista inoculado no mundo por Donald Trump (a manada atiça-se por psicopatas empoderados) podem explicar em parte a queda, porém menos que a nítida ação de desconstrução do governo em curso.

Nada se faz nada para conter as persistentes e a cada dia mais descaradas fake news nas redes sociais, enquanto a “imprensa séria” consolida-se como porta-voz do mercado financeiro. Não há popularidade que resista, não se desprezando, é claro, as deficiências reais do governo.

A estranheza da última Datafolha fica por conta da pesquisa Quaest de 3 de fevereiro, pela qual Lula venceria com tranquilidade todos seus principais oponentes se tivéssemos hoje uma eleição presidencial.

A distopia global que se anuncia pelas palavras e os atos do presidente dos Estados Unidos já foi vivida em terras brasileiras. Antes de depreciar o governo Lula, é preciso lembrar tudo que Jair Bolsonaro infligiu ao Brasil em termos de incivilidade, negacionismo, estupidez e boçalidade.

Analistas insistem em dizer que “o governo Lula não tem cara”. Digamos, em contraponto, que tem muitas caras. É preciso propagandeá-las, ousamos sugerir, adentrando o grupo dos que palpitam em comunicação.

O colega Sérgio Buarque de Gusmão poupou-nos do esforço de garimpagem ao identificar algumas das “caras” do governo Lula. Ei-las:

  • em 2023, a renda domiciliar cresceu 11,5% em relação a 2022 (maior percentual em 12 anos);
  • o desemprego, em 6%, é o menor já medido;
  • o PIB cresceu 3,2% em 29023 e deverá crescer 3,5% em 2024;
  • o salário mínimo teve aumento real de 7,5%;
  • o Bolsa Família foi recriado com renda mínima de R$ 600 para 21 milhões de famílias;
  • foi recriado o programa Farmácia Popular, em benefício de 24 milhões de pessoas que não podem comprar remédios;
  • foi criado o programa Desenrola, que renegociou dívidas com até 90% de desconto;
  • a verba da Merenda Escolar subiu de R$ 4 bi para R$ 5,5 bi, 30% dos quais comprarão alimentos produzidos pela agricultura familiar;
  • foi criado o programa Escola em Tempo Integral, atendendo no primeiro momento a 1 milhão de alunos;
  • criação do programa Pé de Meia, beneficiando em 2024 a 4 milhões de estudantes;
  • foram investidos R$ 30 bi em projetos culturais;
  • foi retomado o projeto Luz para Todos, em prol de 500 mil famílias (investimento de R$ 1,2 bi).

Há quem prefira a austeridade de Javier Milei, o sádico que “pôs nos trilhos” a economia argentina e aprofundou a fome e a miséria no país vizinho.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.