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Sebastião Costa

Médico pneumologista

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O decano Celso de Melo e a prisão de Lula

O que se pode extrair desse esgoto, além do odor fétido, é que os três poderes da República, estiveram e estão profundamente engajados em evitar a todo custo, que o torneiro mecânico, nascido na base da pirâmide, com toda sua popularidade, retome as rédeas do país

(Foto: Nelson Jr./SCO/STF)
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Celso de Melo galgou os batentes do Supremo pegado na mão de Saulo Ramos, então ministro da Justiça do governo Sarney. Deu-se que, lá na frente, Sarney precisou se candidatar a Senador e o PMDB do Maranhão fechou as portas para ele. O jeito foi tentar uma vaga pelo Amapá, já que ele dispunha da legislação eleitoral toda a seu favor.

Questionado juridicamente, o maranhense teve que recorrer à ultima instância para garantir sua candidatura Celso de Melo no entanto, durante o julgamento  no Supremo  votou contra, ao que Saulo Ramos, como seu padrinho, foi verificar o que houve. 

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No telefone, seguiu-se esse diálogo, registrado no livro "Código da Vida”, do próprio Saulo Ramos
— Doutor Saulo, o senhor deve ter estranhado o meu voto no caso do Presidente.
— Claro! O que deu em você?
— É que a Folha de S.Paulo, na véspera da votação, noticiou a afirmação de que o Presidente Sarney tinha os votos certos dos ministros que enumerou e citou meu nome como um deles. Quando chegou minha vez de votar, o Presidente já estava vitorioso pelo número de votos a seu favor. Não precisava mais do meu. Votei contra para desmentir a Folha de S. Paulo. Mas fique tranqüilo. Se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do Presidente.
Não acreditei no que estava ouvindo. Recusei-me a engolir e perguntei:
— Espere um pouco. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha de S. Paulo noticiou que você votaria a favor?
— Sim.
— E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele?
— Exatamente. O senhor entendeu?
— Entendi. Entendi que você é um juiz de merda! Bati o telefone e nunca mais falei com ele.”

Terça-Feira  passada, o decano acrescentou mais um ponto nesse seu currículo, quando decidiu a votação, que negou a liberdade de Lula. O Brasil e o mundo inteiro gritando indignados com a podridão exalada pela Lava jato e o decano justificou seu voto, alegando não existir certeza nas violentas agressões ao estado de direito, praticadas pelo juiz Sérgio Moro e seus comandados da Operação. Nem sequer lembrou-se de que o juiz foi ser ministro do adversário do ex-presidente e com a promessa de  virar seu colega  na Suprema Corte. 

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Num regime ditatorial, essas práticas geram um certo conformismo, porque estão inseridas dentro do próprio contexto do regime. Mas no momento atual, em que somos levados a acreditar que respiramos democracia, é absolutamente impossível um cidadão de bem, com algum grau de consciência democrática, uma fagulha de senso de justiça, ficar impassível diante desse escárnio. Do ponto de vista neuro-gastro-sentimental, náuseas, indignação, revolta e engulhos são os sentimentos mais leves que se pode observar nesses dias. Sentimentos, já algum tempo, sendo alimentados por práticas fascistoides de um governo extremista, sem rumo, nem  prumo e com o devido respaldo de todo esquema judiciário

Agosto, no retorno das atividade do STF, um novo julgamento e mais uma nova expectativa dos cidadãos desse imenso Brasil, que ainda não perderam a fé num país realmente democrático e que ainda alimentam a velha ideia de que a esperança é a última que morre.

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Falta combinar com os ministros daquela Casa, que já deram toda a força para o juiz famoso seguir sem cabrestos, violentando todos os princípios do código jurídico e agredindo a Constituição nos seus quesitos mais elementares

Na verdade, o que se pode extrair desse esgoto, além do odor fétido, é que os três poderes da República, estiveram e estão profundamente engajados em evitar a todo custo, que o torneiro mecânico, nascido na base da pirâmide, com toda sua popularidade, retome  as rédeas do país. E tudo isso, monitorado pelos acordes emanados pelos senhores, que habitam a cobertura dessa mesma pirâmide.

Coisas da nossa América Latina!


 

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