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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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O desespero de Moniz Bandeira apelando para intervenção do Exército

Sou, sim, a favor da intervenção dos militares, a despeito do trauma de 64, como única forma de defender os valores da Pátria. Mas antes seria necessário assegurar à Nação que entrarão do nosso lado

Rio de Janeiro - Soldados do Exército mantêm o controle do acesso à comunidade Vila do João, onde três militares da Força Nacional foram feridos (Vladimir Platonow/Agência Brasil) (Foto: Jose Carlos de Assis)
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O desespero político que toma conta de milhões de brasileiros progressistas em face da situação brasileira está expresso no dramático apelo do cientista político Moniz Bandeira por uma intervenção militar em defesa dos interesses nacionais. Por mais de um momento pensei na mesma coisa. Entretanto, parei na beira do abismo. Sou, sim, a favor da intervenção dos militares, a despeito do trauma de 64, como única forma de defender os valores da Pátria. Mas antes seria necessário assegurar à Nação que entrarão do nosso lado.

Meu pressuposto é que o nosso lado é o certo. Entretanto, pensam os militares do mesmo jeito? Se pensassem, talvez uma figura de perfil hitlerista como o deputado Bolsonaro não teria tanto prestígio entre eles. Por outro lado, os militares se apóiam ferreamente nos princípios de disciplina e hierarquia que formam a estrutura básica de sua organização. Sair desse xadrez, como diria Luís Nassif, é arriscado. Seu ponto fixo é a institucionalidade, mais do que valores que a luta política torna inexoravelmente abstratos.

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Objetivamente, o estamento militar foi beneficiário de políticas altamente favoráveis nos governos do PT, na forma de projetos de alta qualidade técnica, como o submarino nuclear, e sobretudo quando se compara com o tratamento de jejum orçamentário que tiveram nos anos de Fernando Henrique. Contudo, também nos governos do PT foram remexidas as feridas da repressão nos tempos de chumbo, talvez de forma extremamente inábil tendo em vista a geração atual de oficiais que nada teve com a ditadura.

Os militares não são imunes à emoção, e é a emoção, não a razão, que comanda fundamentalmente a política. Justamente por isso prefiro vê-los quietinhos nos quartéis, esperando por desafios externos e mesmo ajudando nos desafios internos, como no Rio. Claro que não gosto de vê-los associados aos norte-americanos em operações conjuntas na Amazônia, mas entendo que isso não afeta seus sentimentos mais profundos de nacionalidade. Em qualquer hipótese, prefiro-os mais nos quartéis e menos na política.

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Entretanto, do meu ponto de vista, não seria de todo indesejável que o general Villas Boas, com sua liderança e autoridade, sigilosamente, e sem mencionar a possibilidade de saída dos quartéis, dissesse ao Temer que vender hidrelétricas amortizadas para os chineses é um perigoso caminho de traição à Pátria. Poderia explicar ao presidente, que não entende nada disso, que as principais hidroelétricas norte-americanas foram construídas e são gerenciadas pelo Exército, entrando na categoria de instrumentos de segurança nacional.

Se o general quisesse ser um pouco mais específico, poderia dizer a Temer que, se está tão ansioso em se livrar das hidroelétricas, que as transfira para o Exército graciosamente, para o bem da economia brasileira. Finalmente, poderia lembrar ao presidente que está em circulação um manifesto puxado pelo senador Roberto Requião advertindo investidores e diplomatas estrangeiros de que, se for levada adiante a privatização das hidroelétricas, na primeira oportunidade será proposto um referendo revogatório de todas as medidas unilaterais de Temer, o que poderá trazer grandes embaraços e prejuízos para o setor privado, assim como para as relações internacionais do Brasil.

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