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Carlos Lindenberg

Carlos Lindenberg é diretor do 247 em Minas

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O dilema de Rodrigo Pacheco, presidente da CCJ

(Foto: Carlos Lindenberg)
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Tido como uma boa promessa da carcomida política mineira, no verdor dos seus 41 anos, se tanto, o deputado federal Rodrigo Pacheco, do PMDB, assumiu a presidência da poderosa Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) como uma espécie de revelação. Afinal, está no seu primeiro mandato e, embora advogado de boa banca em Belo Horizonte, certamente não pensava galgar a invejável posição tão cedo. De fato, não é comum alguém chegar à Câmara e logo no segundo tempo do primeiro mandato assumir a presidência da CCJ.

Mas Rodrigo Pacheco conseguiu o feito ao ser avalizado pelo vice-governador de Minas, Antônio Andrade, presidente do diretório regional do PMDB - hoje adversário do governador Fernando Pimentel - e com o assentimento do PSDB. Afinal Pacheco, no segundo turno da eleição belo-horizontina do ano passado, apoiou o tucano João Leite. Foram ambos e mais alguns adesistas derrotados pelo estreante Alexandre Kalil, que tem no currículo, além de empresário, ter sido o presidente do Clube Atlético Mineiro que levou à conquista da Taça Libertadora em 2013.

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O apoio de Rodrigo Pacheco a João Leite foi uma surpresa, por sinal. Novo na movediça política local, Pacheco ficou em terceiro lugar na eleição da capital e seu apoio ao tucano foi festejado pelo vice Antônio Andrade - que o patrocinou - e ajudou a marcar o território de adversário do governador Pimentel. Até ai, nada de novo, a não ser a figura de Rodrigo Pacheco, um advogado nascido em Porto Velho (Ro) e criado em Passos, no sudoeste do Minas Gerais. A sua chegada em terceiro lugar na eleição belo-horizontina de fato surpreendeu, mas foi entendida como fruto da precariedade dos concorrentes. E sua ascensão à presidência da CCJ também foi tida como resultado da movimentação do vice Antônio Andrade, da boa performance de Pacheco nas conversas com seus pares e , claro, com a benção do Planalto. Afinal, é um deputado do PMDB mineiro que até hoje não emplacou ninguém no ministério Temer, e na presidência da CCJ certamente ficaria bem acomodado como também satisfaria a bancada de Minas, o que de fato aconteceu.

De repente, eis que o novato Rodrigo Pacheco vê cair em seu colo nada mais nada menos do que a responsabilidade de indicar o relator do pedido feito pelo Supremo Tribunal Federal para investigar o presidente da República. Nome falado intramuros até mesmo para ser o candidato do seu partido ao governo do Estado, caso não se repita a dobradinha PMDB-PT, Pacheco tem nas mãos a possibilidade de se impor como parlamentar digno das melhores tradições de Minas, a lembrar Pedro Aleixo, Milton Campos, Paulo Pinheiro Chagas, para ficar apenas nestes. E diz logo que vai escolher um relator independente, insubmisso aos desejos do Palácio do Planalto, enfim, alguém que possa produzir um relatório imparcial sobre o pedido do STF para processar Michel Temer.

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Mas eis que o jornal Valor Econômico, desta sexta-feira (30/06), parece desfazer a expectativa  dos mineiros de ver Rodrigo Pacheco reeditar episódios e figuras do passado, cada vez mais escassos na política mineira, como se todos de repente fossem conduzidos dos picos das alterosas para a planície dos vales que permeiam Minas. Como a repetir Drummond: - Minas? Não há mais! Pois diz o jornal Valor Econômico que Michel Temer está trocando a presidência de Furnas Centrais Elétricas para atender a uma indicação – de quem? – do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Rodrigo Pacheco. O deputado nega, evidentemente, e atribui a indicação do atual diretor de Administração, Júlio César Andrade, para substituir o atual presidente, Ricardo Medeiros, a um pedido da bancada do PMDB de Minas que até agora de fato não nomeou ninguém no governo Temer.

O deputado estranha que o assunto seja levantado logo agora, às vésperas da escolha do relator a ser feita por ele e diz que a presidência de Furnas sempre foi indicação da bancada mineira. Nem sempre, é bom dizer. Na maioria das vezes quem indicava o presidente de Furnas era o ex-deputado fluminense Eduardo Cunha, hoje preso em Curitiba, no arrastão da operação Lava Jato. Ora, o deputado não parece ter percebido que a única leitura possível desse episódio é que a troca do comando de Furnas está associada, quer ele queira ou não, à indicação do nome para a relatoria do processo em que Michel Temer é acusado de corrupção passiva pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, e que o Supremo Tribunal Federal quer a concordância da Câmara dos Deputados, por que assim manda a lei, para tocar a investigação. Atender aos desejos do governo, que quer um nome dócil para relator do pedido do STF, significa que Rodrigo Pacheco começa a jogar fora o capital político que conquistou na eleição de Belo Horizonte, quando saiu da relação dos desconhecidos para chegar em terceiro lugar, com quase 120 mil votos, cerca de 10% do eleitorado, numa disputa com dez candidatos.

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