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J. Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela UFRJ, professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba e autor de mais de 20 livros sobre economia política.

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O empresário suicida de Sergipe e os monges incendiados de Saigon

Querem fazer da Petrobrás uma empresa exclusivamente a serviço do investidor privado no Brasil e no mundo. Foi contra sua insana política de preços que o empresário Sadi Gitz se matou durante uma solenidade em Sergipe

(Foto: Prefeitura de Aracaju)
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Os Estados Unidos tem sido ao longo do pós-guerra um país muito forte militarmente. Na realidade, o mais forte do mundo. Mas os Estados Unidos começaram a perder a guerra do Vietnã quando monges começaram a se incendiar nas praças de Saigon em protesto contra os invasores de seu país. Quando isso acontece, a história sinaliza mudanças. O país mais poderoso do mundo acabou perdendo a guerra para um exército vietnamita de pés descalços.

A Petrobrás tem sido a mais poderosa empresa brasileira, e a mais lucrativa no domínio industrial. Entretanto, mais poderosa do que ela são os tecnocratas que assaltaram sua direção sob as ordens de Paulo Guedes. Eles querem fazer da Petrobrás uma empresa exclusivamente a serviço do investidor privado no Brasil e no mundo. Foi contra sua insana política de preços que o empresário Sadi Gitz se matou durante uma solenidade em Sergipe. 

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Gitz sabia que, se fosse mantida a elevação constante do preço do gás, sua empresa de cerâmica com duas centenas de empregados teria que fechar as portas. Preferiu se matar. A patética assistência, na qual se encontrava o Ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, teve que encerrar o seminário que discutia justamente as perspectivas de exploração do gás no estado de Sergipe. Guedes pode dizer: alguém se importa com isso?

Recentemente a Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobrás) publicou uma revista onde destaca, entre outros pontos, a “absurda” política do gás no Brasil. Nela, a Petrobrás fica com 32% do preço final, os impostos com 18% e a distribuição, com nada menos que 50%. Portanto, o setor que menos contribui para estabelecer o valor do gás, privado, atuando apenas na distribuição dele, é o que fica com a maior parte de seu rendimento total. 

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Convém registrar a íntegra da nota de indignação da Aepet: “ A margem de distribuição na venda do gás de cozinha é uma imoralidade, um atentado à economia popular. No preço final do botijão, a Petrobrás fica com apenas 32%, sendo que é ela que explora, produz, transporta e refina o petróleo para obter o gás que usamos no dia a dia. Enquanto isso o distribuidor, que só pega o gás e engarrafa para vender,, fica com 50%. É um escândalo. A Liquidás era uma grande geradora de caixa para a Petrobrás. Foi vendida a preço de banana. Por sorte, o Cade anulou a venda”, por formar monopólio.

A Petrobrás não desistiu de vender a Liquigás. Busca agora um comprador estrangeiro. Seu objetivo é limpar a área de subsidiárias para abrir todo o espaço de preços ao mercado. Para isso obteve a cumplicidade do Supremo Tribunal Federal que autorizou a venda sem licitação das subsidiárias de empresas estatais. Assim, temos a cumplicidade do Executivo e da Justiça para pilhar o Estado. Talvez o Congresso se desperte e pare com essa farra, cujo próximo passo, seguindo o anúncio de Guedes no Texas de “vender tudo”, são as refinarias e a BR, estas apenas nos domínios da Petrobrás.

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Há nesse processo entreguista uma instigação de raiva e de frustração que, nos espíritos mais sensíveis, leva à loucura ou ao suicídio. Parece não haver saída para lado nenhum. Mas isso, no processo hisstórico, é o imponderável. Ninguém poderia antecipar, quando jovens monges se incendiavam nas praças de Saigon, que aquilo abriria caminho para a derrota norte-americana.

Bem, havia uma diferença, que era uma  imprensa livre cobrindo a guerra. As imagens dos corpos incendiados de monges correram o mundo e sacudiram a juventude norte-americana. Aqui a conversa é outra. A tevê Globo não noticiou o suicídio de Sadi. Para ela é tão irrelevante quanto um monge em chamas. Afinal, os donos atuais da Petrobrás são muito, muito poderosos!

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