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O Enem se aperfeiçoa

Houve uma evolução daquele modelo surgido em 1998, quando nasceu o Enem, e isso é natural. E o maior grau de complexidade ocorreu nas provas de Ciências da Natureza

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A prova do Enem 2015 está causando alvoroço – e não é apenas pelo tema da redação que polemizou solicitando ao aluno que discutisse os motivos da persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. Muitos alunos e professores têm dito que as questões propostas no exame foram as mais difíceis da história do Enem. A prova deste ano, portanto, teria sido um ponto fora da curva por ter abandonado a tradicional abordagem interdisciplinar.

É verdade que, no geral, as questões deste exame teve um grau maior do que os anteriores. Tudo evoluiu a partir de uma safra de questões que surgiu a partir da iniciativa do Inep em 2012, quando foram realizados seminários por todo o país com professores de universidades com o objetivo de criar um novo banco de questões para alimentar o exame pelos próximos anos.

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Acredito que, no conjunto, o Inep respeitou a matriz histórica do exame. O Enem tem uma identidade específica, baseada em uma metodologia que envolve as seguintes etapas do conhecimento: a compreensão dos fenômenos, o domínio da linguagem, a construção da argumentação, o enfrentamento das situações-problema e a elaboração de propostas, além da redação de caráter dissertativo-argumentativo. Então, o exame cobra mais que o simples conhecimento dos conteúdos dados no ensino médio, E, ao observar as provas de 2015, acredito que essa linha foi mantida, com algumas nuances em disciplinas específicas.

Ou seja, houve uma evolução daquele modelo surgido em 1998, quando nasceu o Enem, e isso é natural. E o maior grau de complexidade ocorreu nas provas de Ciências da Natureza. As questões de Física e Química, de fato, estavam repletas de conteúdo. Algumas exigiam que o aluno trabalhasse com mais de um conceito. Em outra frente, matemática também foi cobrado muito conteúdo e se exigiu muitas contas.

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Mas em Linguagens e Humanas foi seguido o padrão dos anos passados. A redação teve um tema previsível, instigante, que muitos alunos já haviam trabalhado em sala de aula. A escolha do trecho do livro O Segundo Sexo, de 1949, de Simone Beauvoir, levantou questões relacionadas aos direitos humanos e à cidadania. O fato de as palavras de Beauvoir, expoente do feminismo, estarem em uma questão do Enem gerou muita discussão nas redes sociais. Nesse caso, o que causou estranheza foi a reação histérica, nas redes sociais, de setores conservadores – para não dizer francamente reacionários – à inclusão de temas como este na redação do Enem.

O Enem desempenha várias funções em relação à educação básica brasileira; a mais importante diz respeito ao currículo. O Enem assume, ao fim da educação básica, que o aluno deve ter aprendido os conhecimentos e desenvolvido as habilidades que lhe permitam se inserir na sociedade. Isto implica que ele deve estar preparado tanto para a participação cidadã quanto para entrar no mercado de trabalho.

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Em conclusão, a elaboração das questões do Enem segue uma metodologia colegiada, que não está parada no tempo. Docentes de universidades, que assessoram o Inep na produção dos testes, submetem assuntos inéditos e trazem novas maneiras de pensar as áreas de conhecimento. Como diz o poeta: "tudo muda o tempo todo no mundo". Mas essa mudança do Enem preserva a filosofia essencial do exame. Que seja bem-vinda, então.

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