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Elisabeth Lopes

Advogada, especializada em Direito do Trabalho, pedagoga e Doutora em Educação

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O Ensino público superior não é caro: "cara é a ignorância"

Está na hora do governo fixar sua atenção nas Universidades públicas

(Foto: Reuters)
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O reajuste salarial solicitado pelos docentes de 22% parcelados ao longo do intervalo de tempo do ano 2024 até o ano 2026, além da reivindicação de uma dotação orçamentária condizente com a atual necessidade de pleno funcionamento das unidades de ensino, está longe de se tornar realidade. Governo, professores e técnicos estão num impasse preocupante. 

É importante salientar, que esse segmento institucional têm sido um dos pilares fundamentais de apoio aos governos progressistas. As universidades públicas canalizam movimentos imprescindíveis do desenvolvimento humano-científico, além de reunirem em suas unidades o maior dado propulsor do número de patentes, resultantes de seus achados científicos.

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Está na hora do governo fixar sua atenção nas Universidades públicas. O ensino superior, mantido pelo erário público, está agonizando. Além do salário de professores e de técnicos estar extremamente defasado, a infraestrutura dos campi está precaríssima. É do conhecimento geral de que os prédios das universidades públicas estão ruindo pela falta de recursos básicos à necessária manutenção diária de funcionamento. Há inúmeras faltas de equipamentos para as práticas de pesquisa, há laboratórios improvisando artefatos pela falta de insumos, há falta de pessoal técnico, de bolsistas de iniciação científica na sustentação dos tramites do cotidiano dos organismos de ensino, há severa falta de investimentos e incentivos à pesquisa de modo geral.

Os professores têm acumulado, cada vez mais, atividades fora da natureza de seus ofícios de ensino, pesquisa e extensão. Realizam diariamente atividades que lhes tomam muito tempo pela falta de auxiliares nas tarefas de registros e encaminhamentos administrativos.

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Como polo de conscientização, de pesquisa, de ensino e extensão, as Universidades precisam de investimentos permanentes, que lhes forneçam a sustentabilidade necessária para o atendimento cotidiano de suas atribuições.

O governo Lula, que frequentemente fez investimentos na área de ensino, inclusive neste ano em que foi anunciada a criação de mais 100 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, distribuídos em todas as regiões, bem como nos lugares ainda deficitários de ensino técnico superior, parece não ter se dado conta das necessidades prementes das instituições que já existem. Antes de ampliar a oferta é urgente dar sustentabilidade as instituições existentes.

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A greve dos professores e técnicos das Universidades faz absoluto sentido. Foi este segmento que deu conta do papel de desvelamento analítico da realidade brasileira, clarificando ao povo, o caos em que vivia o país e a educação nos governos desastrosos, após o impeachment da Presidente Dilma. Foram as universidades públicas, que produziram com excelência avanços científicos e tecnológicos em várias áreas de propulsão da ciência no país, a despeito de seus parcos recursos. 

O incentivo ao ensino, à pesquisa e extensão deve constituir uma das prioridades máximas de um país que pretenda alavancar sua plêiade de desenvolvimento.

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Os projetos de extensão, por exemplo, alcançam a sociedade em sentido ampliado. Eu participei de alguns projetos na área da saúde, verificando a importância e repercussão desses programas na melhoria de vida do público alvo desses projetos. 

As contribuições das Universidades em geral, sejam públicas ou privadas, são notáveis nas várias áreas de desenvolvimento de um país, sobretudo as oriundas do ensino público. A maioria das pesquisas científicas concentram-se nos espaços universitários públicos. No campo da saúde, por exemplo, o papel dessas universidades nos hospitais universitários é marcante como campo de práticas de ensino, de pesquisa e de extensão. Além desse espaço, as universidades públicas atuam em outras áreas da sociedade, como nas várias manifestações de expressões culturais de desenvolvimento das comunidades, onde estão inseridas.

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Diante dessas situações, rapidamente arroladas nesse texto, pois é certo que a educação pública superior reúne em seus espaços outras atuações relevantes não citadas, resta saber os porquês do não atendimento integral ao pedido de reconhecimento que os trabalhadores e as instituições merecem. Temos consciência de que o terceiro mandato do Presidente Lula não está fácil. Todos os dias assistimos os embates com o Congresso e suas pautas-bomba ameaçadoras da viabilidade orçamentária. Entretanto, toda essa pressão justifica em parte, mas não no todo. 

Há tantas áreas em que vislumbramos vários montantes significativos de investimentos, como na agricultura e pecuária, no agro negócio, na indústria. Neste ano, à guisa de exemplo, o governo anunciou 300 bilhões para o desenvolvimento do parque industrial até 2026. São investimentos importantes, mas deixo uma pergunta que não quer calar no final deste texto: Quem prepara e forma pessoal para atuar e projetar essas áreas?

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A discussão sobre os necessários recursos para uma educação decente em todos os níveis de formação humana no país está longe de ser encerrada, talvez tenhamos que tratar, insistentemente, sobre essa luta antiga desde Darcy Ribeiro e seu incansável trabalho pela educação pública e gratuita e de Leonel Brizola. Dizia esse gaúcho brilhante e eternizado na sua luta pela educação: “eu não encontro um tecnocrata, principalmente estes fazendários que não achem cara a educação. Sempre não tem dinheiro ou recusam favorecer verbas para melhorar os vencimentos dos professores, mas no meu conceito, cara é a ignorância. O que custa para este país a ignorância, não é brincadeira”. Esta contundente fala está Disponível em: https://www.instagram.com/reel/C5TL3xyrMnb/?igsh=YTdiZGp4ZWs4cmF. Acessado em 22/04/24.

Portanto, o ensino superior e suas necessidades fundamentais de funcionamento não são caros. Caro será sempre a ignorância, que manterá o povo brasileiro no jugo dos opressores.

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