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Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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O erro da Lava Jato e o ajuste no roteiro golpista

O roteiro estava traçado, segundo aponta a colunista Tereza Cruvinel: a suposta delação de Delcídio Amaral, a coação imposta ao ex-presidente Lula e milhões nas ruas pedindo impeachment; o plano, no entanto, deu errado depois da "reação altaneira" de Lula e da onda de solidariedade que se formou em torno do ex-presidente; "A 'solução final' viria a curtíssimo prazo. Seria uma solução paraguaia via Congresso.  Mas deu-se a reação popular, que está em curso, e o roteiro teve que ser ajustado.  Novamente a oposição terá que, tal como os militares de 1964, de criar cenas e simulacros de legalidade para o que tem outro nome", diz ela; leia a íntegra

São Paulo 04/04/2016- Ex-Presidente Lula, durante entrevista a imprensa na sede do PT Nacional. Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas (Foto: Tereza Cruvinel)
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Diante da reação altaneira e desafiante de Lula, do despertar da resistência popular e democrática e das críticas do meio jurídico, inclusive de integrantes do STF, aos excessos cometidos na sexta-feira pela Operação Lava Jato, que não se limitaram à condução coercitiva do ex-presidente, os partidos  de oposição avaliaram que a brigada de Curitiba cometeu um erro de cálculo. O Lula redivivo e A fervura do do sangue  militante exigiram um ajuste no roteiro da oposição,  que consiste em velar e minimizar a violência contra Lula e acelerar a derrubada do governo Dilma por vias legais.

Os jornais e publicações deste domingo estão pontilhados de pistas sobre a estratégia para o pós-Operação Alethea. Algumas delas.

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1) O anúncio de uma ação judicial contra Dilma por ter feito ontem uma visita de desagravo a Lula, estando no cargo e usando meios oficiais. Autor, o soltado da Lava Jato, deputado paranaense Fernando Francischini (SD).

2) A pregação do vice-presidente Michel Temer, neste domingo, a favor da “unidade e da reunificação” para tirar o pais da crise. Já nem se sugeriu como solução,  como quando disse que “alguém tem que ser capaz de reunificar o pais”.

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3) O artigo de Fernando Henrique reconhecendo que a crise tem raízes mais profundas, que elas ultrapassam o atual governo e precisam ser enfrentadas de outro modo. . “É hora, portanto, de líderes, de pessoas desassombradas dizerem a verdade: não sairemos da encalacrada sem um esforço coletivo e uma mudança nas regras do jogo.”. No final, até insinua que a saída poderia ser “um regime semiparlamentarista, com uma Presidência forte e equilibradora, mas não gerencial.”

4) Declarações de vários líderes da oposição, inclusive de Aécio Neves, no sentido de que o caso de Lula é com a Lava Jato e que a prioridade agora é o impeachment de Dilma e a ação de cassação de seu mandato no TSE. Para isso, vão anexar aos dois processos da suposta delação premiada de Delcídio do Amaral.

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5) As ações programadas para começar nesta segunda-feira, na Câmara, para acelerar  o afastamento de Eduardo Cunha da presidências, o  que “limparia” o impeachment da mácula indelével que seria deixada por seu condutor.

6) A coluna de Miriam Leitão, de O Globo, declarando que o governo Dilma já acabou e sugerindo que só falta remover o cadáver através do impeachment. A de Merval Pereira mencionando as preocupações de militares com o risco de confrontos – depois que Moro riscou o fósforo - e concluindo que  “o Congresso tem que encontrar rapidamente uma saída constitucional que possibilite a formação de um governo de transição democrática, e o caminho mais viável parece ser o impeachment”. 

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Afora ter provocado iras populares, como se viu neste domingo com protestos diante da TV Globo e ocupação da residência atribuída à família Marinho em Angra dos Reis, com sua violência a Lava Jato ainda pode ter sacudido a densa precaução do STF. Possivelmente não apenas o ministro Marco Aurélio, grilo falante da consciência democrática, incomodou-se com o ocorrido e ponderou. “É preciso colocar os pingos nos is. Senão daqui a pouco teremos um paredão na praça dos Três Poderes”.  São muitos os is sem pingo mas o STF poderia começar julgando logo a ação proposta pela defesa de Lula no dia 26 de fevereiro, pedindo que seja definida a competência (se da Lava Jato ou do Ministério Público de São Paulo) para investigar o ex-presidente pelos imóveis que não tem mas é acusado de ocultar, o triplex e o sítio.  A Lava Jato, disse Lula, ofendeu também o STF ao não esperar por esta decisão antes de optar pela coação, e com a desculpa inaceitável até pelas crianças, de que o fez para garantir a segurança do ex-presidente.

Mas voltemos ao ajuste no roteiro do golpe.

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Ele estava escrito e tinha cenas encadeadas, como bem demonstrou o colunista Janio de Freitas em sua coluna deste domingo. O rascunho da delação de Delcídio ficou guardado desde dezembro para ser vazado na hora exata e pelo veiculo mais adequado. Os vazamentos foram administrados com rigor, de modo a contribuir e não a atrapalhar. Semeado o horror na quinta-feira, Lula sofreu a coação na sexta-feira.  De quebra, foi montada uma “trampa” contra os blogs e mídias alternativas, através de um vazamento do que ocorreria para o Blog da Cidadania. O Brasil, perplexo e indignado na quinta, reagiria na sexta a favor do golpe.  Estaria criado o clima para grandes manifestações contra o PT, Lula e Dilma. A “solução final” viria a curtíssimo prazo. Seria uma solução paraguaia via Congresso.  Mas deu-se a reação popular, que está em curso, e o roteiro teve que ser ajustado.  Novamente a oposição terá que, tal como os militares de 1964, de criar cenas e simulacros de legalidade para o que tem outro nome.

 

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