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Hélio Rocha

Repórter de meio ambiente e direitos sociais, colaborador do 247

119 artigos

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O esporte é sempre lugar de aprender

A Olimpíada de Tóquio foi a dos jogos da inclusão, com mais mulheres, em que se discutiu a pressão contra os atletas, a importância da fraternidade e a questionável busca pela vitória a qualquer custo

Ginasta olímpica Simone Biles nos Jogos de Tóquio-2020 (Foto: Mike Blake / Reuters)
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China Radio International - Dia 8 de agosto de 2021. Terminou a 32ª Olimpíada da Era Moderna, que, ainda que de forma tímida e inicial, pode ter inaugurado uma nova forma de celebrar o esporte e as próprias duas semanas de Jogos Olímpicos. Isto porque foram os jogos da inclusão, com maior participação de mulheres, em que se discutiu também a pressão e a consideração para com os atletas, a importância da fraternidade e o quão questionável é a busca pela vitória a qualquer custo.

A atleta americana Simone Biles, sofrendo de problemas emocionais, desistiu de diversas provas das quais era favorita, mostrando-se humana ante um mundo que crê em atletas semideuses. Os saltadores em altura Mutaz Essa Barshim, do Catar, e Gianmarco Tamberi, italiano, dividiram a medalha de ouro após sentirem-se exaustos sem conseguirem superarem um ao outro. A jogadora chinesa de vôlei Zhu Ting, melhor do mundo em seu esporte, porém eliminada na primeira fase da competição com sua equipe, foi saudada por seu país de 1,4 bilhão de pessoas como uma vencedora, pelos serviços prestados ao esporte de sua nação.

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Todas essas histórias mostram que o esporte deu um passo adiante nesses Jogos Olímpicos: o passo da competição como cooperação para o aperfeiçoamento, e não como comparação para saber quem é melhor ou, o que seria mais inadequado, qual povo é melhor. Por isso, pareceu estranha ao mundo a postura dos Estados Unidos de mudar os critérios mundialmente aceitos no “suposto ranking de medalhas”, da convencional prioridade para o número de ouros para uma invencionice de dar a primazia ao total de medalhas, a fim de figurarem artificialmente em primeiro numa Olimpíada em que China e Japão pareciam dominar. E em que, ao fim, os norte-americanos acabaram dominando. Ou seja, se gostam desse ranking, nem precisavam disso.

E é bom frisar, fala-se aqui em “suposto quadro de medalhas” porque ele não existe. Não há qualquer referência a ele no site ou qualquer material oficial do Comitê Olímpico Internacional. É uma invenção da imprensa e Governos do século XX para incentivar a competitividade entre os países.

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Acirramento este que a China, a outra parte envolvida na questão, pretende evitar. A cultura chinesa evita o conflito nas suas mais diversas formas, e isto está na base de sua filosofia. Se a forma de lidar com o esporte deixa de ser saudável e passa à rivalidade por si só, sobretudo orientada por fins políticos e econômicos, isso entra em conflito com valores muito caros aos chineses.

Muitas dúvidas passam pela cabeça das pessoas a cada ciclo olímpico, desde que a China apareceu como potência, em 2008. E, no imaginário das pessoas ocidentais, sem a informação adequada, paira a ideia de que a China pode ocupar o lugar das antigas potências socialistas da Guerra Fria, que lutavam a todo custo pelas medalhas de ouro como propaganda do comunismo.

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Nada disso. Isso não corresponde à realidade do esporte chinês. O fundamento é muito anterior e está no pensamento de Confúcio. Tanto ele quando os pensadores que o sucederam, jamais reconheceram quaisquer formas de competição que não sirvam ao aperfeiçoamento. Buscar ser melhor que os outros, segundo a moral confucionista, é uma forma de corrupção.

O pensador confucionista Zheng Xuan, na obra “O registro dos ritos”, que trata de competições com arco, afirma que o competidor, ao errar o alvo “não deve ter ressentimento para com o outro arqueiro que teve êxito, mas sim examinar a si mesmo”. Ou seja, o competidor está ali na condição de aprendiz, não de quem tem algo a provar, e o resultado é o certificado de uma etapa cumprida. Que, no contexto das Olimpíadas, se não vier numa medalha, virá de outra forma. Desta maneira, como disse Confúcio: “Um homem virtuoso não tem competições a fazer.”

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Sendo assim, é curioso notar que, diferentemente do que ocorre nos países mais avançados do Ocidente, o esporte na China não nasce dos ambientes extremamente competitivos dos esportes escolares e universitários de muitos países, mas, sim, das praças, parques, e de processos lúdicos dos ambientes estudantis. Conforme está 14º Plano Quinquenal (2021-2025) da China, 38,5% dos habitantes do país estará praticando regularmente alguma modalidade esportiva, até 2025.

Sendo assim, não é raro avistar, nas praças a parques de Beijing, Shanghai, Wuhan, Guangzhou ou outras das grandes cidades chinesas, pessoas de todas as idades praticando esportes individuais e coletivos, alguns deles paixões nacionais olímpicas, como o badminton e o tênis de mesa. Muitos desses praticantes são jovens em fase de aprendizado para a atuação em alto nível.

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E, para isso, o país investe na construção de instalações adequadas e na realização de eventos, como os Jogos Mundiais Militares de Wuhan, em 2019, e as próximas Olimpíadas de Inverno de Beijing, em 2022. Tais eventos são fundamentais, justamente, no aprendizado, que tem tanta valorização na cultura chinesa, já que traz atletas novos para que os chineses possam competir e fazer o que mais gostam: aprender.

Terminada Tóquio 2020, a China abre os braços para Beijing 2022. É pertinho!

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Editor: Isabel Shi, Diego Goulart.

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