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Francisco Chagas

1º vice-presidente do Diretório Municipal do PT São Paulo, ex-vereador da capital paulista e ex-deputado federal

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O Estelionato eleitoral

Independente de qualquer disputa partidária, é urgente que o governo adote uma posição republicana ao assumir que houve erros na avaliação da crise hídrica

Independente de qualquer disputa partidária, é urgente que o governo adote uma posição republicana ao assumir que houve erros na avaliação da crise hídrica (Foto: Francisco Chagas)
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De quem é a culpa pela crise hídrica no estado de São Paulo? De São Pedro, ou do incauto cidadão que não fecha a torneira ao escovar os dentes, toma banho demorado e gasta muita água ao lavar e cozinhar? Para um bom entendedor, o centro da questão está no gerenciamento dos recursos hídricos do mais importante estado brasileiro, que desde 1995 está sob o comando do PSDB e de Geraldo Alckmin.

No começo de 2014 os jornais de todo o país noticiaram a iminente 'crise hídrica' da maior cidade da América do Sul, devido ao baixo nível dos reservatórios que compõem o Sistema Cantareira, principal fonte de abastecimento da região metropolitana de São Paulo e outros 12 municípios, e responsável pelo fornecimento de água para cerca de 14 milhões de pessoas.

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Ainda no ano que passou, o governador e então candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB) afirmava taxativamente, em horário eleitoral, que não faltava nem faltaria água em São Paulo. Garantiu, em claro e bom som, que seu governo estava trabalhando com planejamento, investimentos e obras para evitar uma crise como as da Califórnia e Austrália.

Não durou muito o engodo. Os níveis dos reservatórios que compõem o Sistema Cantareira iniciaram o ano de 2015 já em assustadora baixa, uma média de 25% da capacidade total de armazenamento. A esse problema veio se juntar a falta de chuva, o que produziu um cenário de quase terror.

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É claro que os eventos climáticos deste verão contribuíram para agravar a crise. Mas também é, no mínimo, estranho que Geraldo Alckmin, agora eleito, mude o discurso, admita um racionamento de até seis dias com as torneiras secas e ponha tudo na conta da meteorologia e da população.

Em 1994, quando o PSDB estava chegando ao governo de São Paulo, a Sabesp já alertava para a necessidade de se preparar para períodos de escassez num futuro breve. O alerta não veio do céu, mas de uma detalhada análise estatística do regime hídrico.

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Dez anos mais tarde, em 2004, houve uma série de seminários para debater uma crise do Sistema Cantareira ocorrida em 2003. Eu mesmo presidi, neste período, a CPI da Sabesp na Câmara Legislativa da Capital, quando fui vereador. Era flagrante, já naquele tempo, a necessidade de ampliar a disponibilidade de água do sistema, e tudo indicava que o melhor caminho seria buscar água no Vale do Ribeira, por meio de uma obra que demoraria aproximadamente 10 anos para ser concluída. Até hoje, este investimento nem começou.

Por sua vez, nessa mesma época a Sabesp aderia ao modelo neoliberal, já adotado pelos tucanos para todos os serviços públicos paulistas, promovendo mudanças nos quadros da companhia e lotando de economistas e administradores de empresa setores estratégicos, como gerências de operação e superintendências regionais. Ou seja, a Sabesp, através da política do Governo do Estado de São Paulo, é transformada em uma empresa que visa ao lucro antes de qualquer coisa e deixa de lado a ideia do saneamento como uma importante questão para a saúde pública. De necessidade básica para a humanidade, a água passa a mero produto vendido pela companhia.

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Apesar disso, o que se viu nos anos 2000 foi um aprofundamento ainda maior da política da água como uma mercadoria. A serviço do mercado e de interesses políticos nefastos, a Sabesp era regida por diretorias indicadas, sem nenhuma abertura para um planejamento técnico sério e vinculado às necessidades da população.

Com o agravamento no quadro de abastecimento hídrico de São Paulo – que veio a se tornar a pior crise em 84 anos – a Sabesp, em conjunto com o governador Alckmin, tomaram medidas paliativas na tentativa de escamotear a realidade, tentando evitar um racionamento de água que certamente teria um impacto negativo nas urnas no mês de outubro.

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O governo tucano de Alckmin continua tentando responsabilizar a população paulista – e agora também o governo de Dilma Rousseff – por esta situação inconcebível, quando deveria, isso sim, resolver o problema em sua origem: a irresponsabilidade na gestão dos recursos hídricos do estado de São Paulo feita pelo PSDB.

Os municípios paulistas atendidos pela Sabesp exigem medidas enérgicas e imediatas do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A primeira delas é a transparência do governo com relação à situação dos reservatórios, que já afeta seriamente o abastecimento principalmente na região metropolitana de São Paulo. A sonegação de informações, aliás, é uma forma de enganar o povo – prática que deu bons resultados ao governador durante a campanha eleitoral de 2014.

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Independente de qualquer disputa partidária, é urgente que o governo adote uma posição republicana ao assumir que houve erros na avaliação da crise, e que o jeito é economizar. Não é terrorismo lembrar que em muitas regiões a água já não chega, faz tempo. Agora precisamos de um racionamento que leve em conta não apenas a redução do consumo, mas que garanta prioridade no abastecimento de creches, escolas, hospitais e presídios. Além de consumo racional da água, com adoção do reuso, principalmente para grandes consumidores, como as empresas.

Estelionato eleitoral é a única definição que encontro para o que fez o governador Alckmin com o povo de São Paulo na última eleição.

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