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Wadih Damous

Presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB e da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro

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O fascismo não pode ser banalizado. Deve ser enfrentado

"Foram três tiros em um ônibus que conduzia jornalistas e assessores de órgãos de imprensa do Brasil e de outros países que trabalhavam na cobertura da caravana de Lula no interior do Estado do Paraná. Em qualquer lugar do mundo, o ataque a jornalistas seria visto como um atentado à liberdade de imprensa", diz o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ); "É preciso que as autoridades e as lideranças políticas entendam que banalizar a violência e flertar com o fascismo não deve fazer parte da disputa política. É preciso ter limites éticos mínimos que mantenham e sirvam de alicerce ao processo civilizatório. E fora desses limites não há outra coisa que não a barbárie"

"Foram três tiros em um ônibus que conduzia jornalistas e assessores de órgãos de imprensa do Brasil e de outros países que trabalhavam na cobertura da caravana de Lula no interior do Estado do Paraná. Em qualquer lugar do mundo, o ataque a jornalistas seria visto como um atentado à liberdade de imprensa", diz o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ); "É preciso que as autoridades e as lideranças políticas entendam que banalizar a violência e flertar com o fascismo não deve fazer parte da disputa política. É preciso ter limites éticos mínimos que mantenham e sirvam de alicerce ao processo civilizatório. E fora desses limites não há outra coisa que não a barbárie" (Foto: Wadih Damous)
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Foram três tiros em um ônibus que conduzia jornalistas e assessores de órgãos de imprensa do Brasil e de outros países que trabalhavam na cobertura da caravana de Lula no interior do Estado do Paraná. Em qualquer lugar do mundo, o ataque a jornalistas seria visto como um atentado à liberdade de imprensa. Mesmo no caso de jornalistas que realizam cobertura em zonas de guerra, seria inadmissível um fato como o que ocorreu em Laranjeiras do Sul.

Todos os que estavam no ônibus dormiam. Os covardes se escondem nas sombras. Segundo relatos, a polícia do Paraná passou pelo ônibus momentos antes do ataque, mas se recusou a prestar cobertura, mesmo tendo sido o governador do Estado e o comandante da PM devidamente avisados do roteiro da caravana e instados a dar proteção a dois ex-presidentes da República, deputados, senadores, lideranças de movimentos e outras pessoas que participavam da atividade.

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É preciso dizer que a caravana do ex-presidente Lula pelo sul do país foi um exemplo do exercício de cidadania. Lula e sua comitiva visitaram universidades, institutos técnicos, cooperativas agrícolas de pequenos agricultores e assentados da reforma agrária, visitaram o Parque Histórico Nacional das Missões, reuniu-se com o ex-presidente José Mujica, do Uruguai, e, principalmente, dialogou e ouviu a população dessas localidades.

Dialogar, ver a realidade das pessoas de perto, ouvir os seus problemas e suas iniciativas é o epicentro do próprio exercício da política. A política é, antes de tudo, um exercício de alteridade, solidariedade e ação. Embora o exercício da política tenha sido atacado e criminalizado pela agudização da crise do capitalismo, seja pelos grandes meios de comunicação, seja por setores fascistizados do sistema de justiça, a caravana do ex-presidente Lula conseguiu recolocar a política no seu patamar mais nobre.

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Além de recolocar a política no local devido para a democracia, ao ser vítima da violência de grupelhos fascistas, a caravana acabou por revelar ao mundo a escalada da intolerância no Brasil, fatos estes que vêm se agravando desde as investidas pela captura de rumo dos protestos de 2013, passa pelo golpe de Estado de 2016, pelas iniciativas do judiciário para imobilizar opositores políticos pela via da criminalização e atinge os tempos atuais com a banalização da vida e o assassinato de lideranças políticas. Essa escalada autoritária é nacional, vai desde Pau D´Darco, no Pará, até o Rio de Janeiro, como no brutal assassinato da vereadora Marielle Franco.

A banalização da vida e o aniquilamento do outro têm sido a tônica do estágio atual do capitalismo. Não à toa, Trump defende que professores usem armas para barrar massacres de alunos e a Europa trata a crise migratória com muros e encarceramento. Por aqui, as chamadas elites nacionais, para aumentar as taxas de lucro na crise do capital, apostaram e incentivaram o crescimento dessa violência, seja através da abertura de espaço a personagens deploráveis como MBL, Eduardo Cunha, Temer, Bolsonaro, etc., seja estigmatizando grupos e partidos políticos.

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Antes mesmos dos tiros e pedradas desferidas à Caravana, um homem branco de chicote agrediu uma pessoa. Esta cena que parecia ter ficado nos livros de história sobre a escravidão, é o retrato de um país que ainda não superou suas tristes e trágicas heranças de exclusão, violência, humilhação e aniquilamento do Outro. Logo após, uma senadora da República elogiou publicamente a ação de "levantar o relho" contra inimigos políticos.

Agora, diante do crescimento da escalada autoritária, cujos reflexos atingem também a popularidade de alguns desses personagens nas pesquisas eleitorais, tentam recolocar os cães no canil, mas alguns de seus pensadores (os mais lúcidos) já reconhecem terem ido longe demais. Geraldo Alckmin, tentando desesperadamente subir nas pesquisas flertou com o fascismo ao culpar o PT pela violência sofrida. Logo depois recuou. Claro, algum assessor deve ter soprado aos seus ouvidos que amanhã pode ser ele a ser atacado por esses mesmos fascistas.

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Estes episódios retratam, sobretudo, uma tentativa de aniquilar a democracia e assassinar aqueles que defendem posições contrárias. Por isso, desferem tiros contra jornalistas e atacam o direito de ir de vir, na vã tentativa de destruir o capital político de uma liderança popular com 40% das intenções de voto.

Independente das opções partidárias e ideológicas, esses fatos devem ser duramente rechaçados, seja do ponto de vista ético, seja pelo sistema de justiça criminal. É preciso responsabilizar esses criminosos para que a democracia possa voltar a pulsar e seguir seu curso.

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É preciso que as autoridades e as lideranças políticas entendam que banalizar a violência e flertar com o fascismo não deve fazer parte da disputa política. É preciso ter limites éticos mínimos que mantenham e sirvam de alicerce ao processo civilizatório. E fora desses limites não há outra coisa que não a barbárie.

 

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