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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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O fracasso das milícias da Folha, do Globo e do Estadão

A grande mídia reafirma a índole destrutiva, corteja a extrema direita e faz hoje caminho inverso ao percorrido no final da ditadura, escreve Moisés Mendes

Empresa na área de tecnologia da comunicação (ao fundo), marcas dos jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, O Globo, e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reprodução | ABR)
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Os jornalões apostaram que o PIB não cresceria 3% este ano. Vai crescer. Tentaram justificar os juros de Roberto Campos Neto com a adivinhação de que a inflação ainda estava fora de controle. Erraram.

Apostaram no desemprego, e o nível de ocupação é o melhor em oito anos.  Investiram em intrigas contra a aprovação da reforma tributária. Perderam. 

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Debocharam das viagens e da visibilidade de Lula como estadista com reconhecimento mundial. Lula é o governante de 2023.

Perderam todas. As milícias dos grandes jornais, organizadas em torno do projeto de destruição do terceiro governo Lula, levaram goleadas esse ano.

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Os milicianos do jornalismo dizem, para esconder derrotas, que a economia os surpreendeu. O Estadão, o mais feroz de todos, chegou a convocar um pensador respeitado pelos liberais, o economista-filósofo Eduardo Gianetti da Fonseca, para dizer que Lula está tentando fazer a economia crescer a ferro e fogo.

O mesmo Estadão que se dedicou à insinuação criminosa de que Flávio Dino teria ligações com o tráfico, na tentativa de impedir a aprovação do seu nome ao Supremo pelo Senado. O Estadão perdeu e todos os outros também foram humilhados.

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É o efeito do pós-fascismo miliciano. Veteranos da guerra anti-Lula, anti-PT e anticomunismo ficaram desnorteados com a derrota de Bolsonaro. Muitos desses jornalistas são bolsonaristas com focinheiras impostas pelos patrões inimigos de Bolsonaro.

Os núcleos de comando aos quais pertencem, considerando as chefias e as posições dos donos das corporações, também se desorientaram, porque enfrentam uma situação inédita.

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Na ditadura, o Globo, a Folha e o Estadão marcharam com os militares e depois se afastaram para sobreviver como negócio. 

Fidelizaram vínculos com os que lutavam pela redemocratização, porque era o mercado em ascensão. A democracia se apresentava como bom investimento, e os democratas eram a clientela a ser disputada.

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Hoje, fidelizam o leitor, o telespectador e o ouvinte da direita absorvida pela extrema direita. O tio do zap é o mercado e o lastro dessa imprensa, que faz caminho contrário ao que fazia ao final da ditadura. 

As corporações de mídia agarram-se à mesma estratégia dos políticos que tentam herdar o espólio de Bolsonaro. Precisam manter o público conservador que em boa parte virou extremista.

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É um drama complexo. O fascismo que a grande imprensa ajudou a fomentar, com a louvação ao lavajatismo, para combater Lula e o PT, produziu uma aberração que agora sustenta os jornais.

É desconfortável para muitos deles. Na ditadura, apoiaram uma estrutura militar de elite acumpliciada com a elite civil. Agora foi diferente. A realidade hoje é que a direita antes cheirosa se achinelou. 

Desde antes do golpe contra Dilma e depois, com a prisão de Lula, para interromper quatro anos de PT, eles produziram o ambiente que gerou Bolsonaro tutelado por militares.

Os ditadores dos anos 60 e 70 tinham Golbery, Bulhões, Delfim, Simonsen, Roberto Campos, Magalhães Pinto, Reis Veloso, Azeredo da Silveira. 

Bolsonaro teve Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Guedes, Onyx, Ciro Nogueira, Weintraub, Sergio Moro, Ernesto Araújo. 

Os jornalões fingem acenar para o público liberal, em seu sentido amplo até de liberalismo de costumes, mas querem mesmo a base mané ultraconservadora de Bolsonaro.

Enquanto isso, mantêm em seus quadros gente com alguma pegada humanista, para levar adiante as pautas essenciais sobre direitos, ciência, ambientalismo, defesa das diferenças. 

Mas na essência prevalece o reacionarismo que a era Bolsonaro transformou em extremismo dentro dos aquários das chefias das redações.

As milícias dos jornalões voltadas contra Lula não cumprem uma missão ideológica, muito menos trabalham pela busca de uma terceira via que os conforte e os devolva ao útero morno do tucanismo.

Nem a miragem da terceira via do centro da direita existe mais no curto prazo e talvez não venha a existir por muitos anos. Porque foi destruída pela aberração que eles ajudaram a criar. 

As corporações se resignaram e se dedicam à fidelização tática do público que sustenta o fascismo. A partir dessa base, tentam alargar seus alcances na classe média que um dia votou em Fernando Henrique e agora pode votar em Michelle. É uma tática que vai virando estratégia.

É a base bolsonarista que sustenta a as corporações de mídia, estúpido. É com esse contingente que Folha, Globo e Estadão conversam, para pelo menos manter assinantes, audiências e a serventia.

Os jornalões, que no fim da ditadura viram a democracia como oportunidade para salvar o negócio e a alma, agora enxergam o extremismo do mesmo jeito. Já sem alma.

Pode ser a única chance de sobrevivência. As milícias das redações, com formato renovado, vieram para ficar.

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