O futuro não passou por aqui: entre a ponte do PIB e a ponte do IBOPE

Nos últimos meses, discutimos a todo momento a ponte de Guaratuba, aquela desejada por 100% das pessoas para facilitar o acesso ao litoral paranaense, deixando de lado a já velha balsa, que conviveu com vários problemas no governo Ratinho Jr.

Apesar da necessidade de uma ponte no litoral ser louvável, o processo que levou ao último projeto, foi todo apressado, atropelado, feito por uma gestão duvidosa que, ultimamente, foi denunciada até pelo Ministério Público do Paraná por improbidade administrativa, em contratação irregular de serviços. Não é assim que se faz governo! Além disso, existe uma questão de gestão de recursos que deve ser levada em conta.

A partir disso, emerge a necessidade da construção de uma nova ponte multimodal em Guaíra, na região noroeste. Uma ligação de fronteira importante para a economia e a segurança. Um projeto que colocaria o tráfego rodoviário viajando no nível superior da estrutura, enquanto no inferior abriria-se espaço aos transportes ferroviários, de pedestres e de ciclistas. Um compartilhamento de espaço que, além da integração com transporte marítimo, fomentaria e muito a importação e a exportação do Estado.

Deste modo, para além de uma decisão eleitoreira, populista, que faz obras para angariar votos, traríamos para o Paraná uma possibilidade clara de avanço econômico, multimodal, integrando ainda mais o estado ao Paraguai e ao Mato Grosso, facilitando rotas de comércio e trocas de produtos, insumos e mão de obra.

A rota do comércio é fundamental para o avanço da integração sul-americana e nos tornando um atalho direto para o mar, que encara de frente a Europa. Ampliamos o comércio, geramos eficiência logística, aumentamos nossa economia, desenvolvemos a região, integramos culturalmente nossos países ainda mais e centralizamos a rota comercial, desburocratizando ao mesmo tempo que bem estruturados reforçamos a segurança do que entra e sai do nosso país.

O avanço do Paraná passa por aí, por planejamento, integração e desenvolvimento... Não pelas pesquisas qualitativas da equipe de marketing do governador. Ou vai virar igual a Ponte da Integração, construída com recursos da Itaipú em Foz do Iguaçu, para ser uma solução de trafegabilidade entre o Brasil e o Paraguai, mas inaugurada às pressas e, por enquanto, não passa de um caro pinheirinho de Natal iluminado. Uma ponte pronta, de grande importância para integração internacional, para melhorar o tráfego de caminhões na fronteira, mas que virou um elefante branco, sem pistas de acesso ou qualquer previsão para instalação de aduanas, nas duas cabeceiras. Precisaria ter sido no mínimo finalizada, antes de inaugurada!

E se for feita às pressas para gerar manchetes “históricas”, a ponte de Guaratuba será mais uma ideia que vai virar um cartão postal… e leia-se aqui, só um cartão postal, pra ficar bonito na foto da inauguração, e não pra ser usada como ponte, de fato. Não desqualifico aqui sua importância, muito pelo contrário. Mas é mais importante pensar na qualidade de seu projeto, de modo que atenda às ressalvas feitas pelos órgãos responsáveis. É preciso que o atual governo reconheça que essa ideia não é debatida há décadas à toa, e só não saiu do papel até hoje porque justamente precisa mais do que um desenho qualquer, ou uma necessidade de gerar propaganda de campanha eleitoral, e sim de um compromisso com a efetiva trafegabilidade e viabilidade da obra entre os municípios paranaenses envolvidos.