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Florestan Fernandes Jr

Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e Diretor de Redação do Brasil 247

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O contra-ataque da extrema direita

"Não devemos desprezar ou subestimar a força que os fascistas têm no atual cenário político, mesmo estando fora do comando da nação", diz Florestan Fernandes Jr

Caroline de Toni e Nikolas Ferreira (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados | Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)
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A manifestação da extrema direita no mês passado e o avanço sobre as principais comissões da Câmara Federal na última quarta-feira (6/03) são sinais claros de que Bolsonaro e seu grupo estão saindo das cordas e indo para o ataque. O empresário da fé, Silas Malafaia, conseguiu colocar na avenida Paulista não só as 185 mil pessoas, mas quatro governadores de estados importantes do país. E isso não é pouca coisa, basta lembrar que o comício que marcou o início da campanha das “Diretas Já”, em 25 de janeiro de 1984, levou o mesmo número de pessoas e colocou no palanque cinco governadores, entre eles os de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. A batalha final da campanha das “Diretas Já” se deu no mesmo prédio do Congresso Nacional, onde ontem (07/03) a extrema direita conseguiu abocanhar cinco das principais comissões da Câmara Federal. Isso tudo aponta para o fato de que não devemos desprezar ou subestimar a força que os fascistas têm no atual cenário político nacional, mesmo estando fora do comando da nação.

Estrategicamente, esse movimento em defesa de Bolsonaro e seus colaboradores ocorre quando o cerco se fecha e o ex-presidentes e seus generais estão bem perto de se tornarem réus. No caso de Bolsonaro, são mais de 25 investigações; pelo menos seis delas já bem avançadas: falsificação de carteira de vacinação, venda das joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita, milícias digitais, gabinete do ódio, monitoramento pela Abin de autoridades públicas e "desafetos" de Jair Bolsonaro e, por fim, a tentativa de golpe de Estado. Após a conclusão dos inquéritos policiais, o que se espera para os próximos quatro meses, a Procuradoria Geral da República poderá oferecer as denúncias ao STF, o que levará Bolsonaro à condição de réu e, em um futuro breve, respeitado o devido processo legal que foi negado a Lula, condenado. Mas o combate ao fascismo não se exaure e, como escrevi acima, os últimos dias apontam para uma luta cada vez mais renhida contra os detratores da democracia.

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Ao que tudo indica, um dos campos de batalha definidos pela extrema direita para mobilizar sua militância será a Câmara Federal. Não à toa, escolheram a dedo os protagonistas que irão criar narrativas através de factóides na área dos costumes, para assustar os crédulos arrebanhados e obscurecidos pelas redes sociais e aplicativos de mensagens.

O presidente da Comissão de Educação, deputado Nikolas Ferreira, é aquele que há um ano vestiu uma peruca na tribuna e fez um discurso transfóbico. É dele também a frase: “Eu não me importo, sério mesmo... Se a Terra é plana, é oval, é quadrada... Sabe? Caguei”. Aquele mesmo que em uma entrevista para um podcast, defendeu o "direito de negar o Holocausto e fundar partidos nazistas" sob a bandeira da liberdade de expressão. Mal foi empossado presidente da Comissão de Educação, tema sobre o qual nada sabe (e atributo que não tem), já delimitou seu campo de atuação: a fiscalização da educação no atual governo e pautas como homeschooling e o mítico “banheiro unissex”. Ou seja: questões completamente dissociadas dos reais gargalos da educação em nosso país.

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Já outro deputado do PL, o pastor da Assembleia de Deus, Eurico da Silva, foi indicado para presidir a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família. Aquele mesmo deputado que relatou o projeto de lei que proibia o casamento homoafetivo e que quis aprovar a legalização da “cura gay”.

Isso sem falar na deputada ultradireitista, armamentista e discípula Olavista, empossada na presidência da mais importante comissão, a de Constituição e Justiça, pela qual passam, necessariamente, todos os projetos de lei.

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Por aí se tem uma ideia do bombardeio que se avizinha, a exploração da pauta de costumes, fabricada sob medida para criminalizar o governo, “santificar” Bolsonaro e sua trupe golpista e incrementar o discurso messiânico que vimos recentemente na Paulista.

Em ano eleitoral e de julgamento dos golpistas, espero que a mídia e o governo não caiam nessa esparrela/arapuca. O nosso campo de batalha continua sendo a defesa da Constituição e do Estado Democrático de Direito, o combate à fome, à pobreza e a melhoria das condições de vida da população. Nesse sentido, a criação de novas estratégias de comunicação é fundamental. É mais do que urgente a quebra da lógica que parece teimar persistir: de que os fascistas são eletrônicos, e os democratas, analógicos. Cabe ao Executivo, ao Senado e ao Judiciário não se afastar dessa pauta importante na guerra contra o fascismo.

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