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Celso Raeder

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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O general chavão

O pensamento de Mourão nada mais é do que um rosário de chavões, preconceitos, ignorância global e manipulação intelectual rasa, desmontada com dez minutos de réplica do Tiririca

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Curioso por conhecer o pensamento do general Hamilton Mourão, abri uma cerveja, coloquei um saco de pipocas em cima da mesa e deixei o Youtube fazer o resto. Afinal, o militar que está assombrando o país com sua defesa de intervenção militar no governo mereceria meu sacrifício de passar uma hora vendo aquela palestra para uma plateia de velhinhos brancos e bem-nascidos. Pura decepção. O pensamento de Mourão nada mais é do que um rosário de chavões, preconceitos, ignorância global e manipulação intelectual rasa, desmontada com dez minutos de réplica do Tiririca.

Para Mourão, a América do Sul é um "condomínio de países periféricos", opinião que, no mínimo, indica deslumbramento com a hegemonia opressora do sistema capitalista norte-americano. Há, nessa afirmação, um forte componente servil aos interesses dos Estados Unidos, que contraria a principal tese de que as Forças Armadas são nacionalistas e defensoras da soberania nacional. Não foram em 1964 e, pelo que indica o general, continuam não sendo até hoje.

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Na retórica do militar, a incoerência é uma constante. Critica a dependência da economia brasileira, afirmando que vivemos de exportar commodities, mas amansa a fala quando se refere ao governo tucano, o grande responsável pelo sucateamento de setores de produção com alto valor agregado, como a indústria naval, por exemplo. E ainda afirma, equivocadamente, que não existem líderes na América do Sul, como se Lula, José Mujica e tantos outros não tivessem representados, pelo voto, a maioria dos seus povos.

Mas é na eterna ladainha da ameaça esquerdista que Mourão se torna mais enfadonho. Respaldado por slides onde Lula e Dilma aparecem participando do Foro de São Paulo, Mourão afirma que a organização é um antro de criminosos. Ali, nesse trecho da palestra, o milico revela toda a essência antidemocrata escondida em sua farda verde-oliva. Rasga da forma mais desavergonhada a Constituição Brasileira, tornando sua opinião a Carta Magna da Nação. Militares odeiam Constituição. Preferem tocar o país com atos institucionais, que dão ao governo poderes ilimitados. Essa é a cartilha de Mourão, que atribui à Constituição de 1988 grande parte de culpa pela crise política e econômica atual.

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Mourão mente descaradamente quando diz que a crise econômica que gerou hiperinflação ocorreu a partir do governo civil de José Sarney. A bomba-relógio foi armada na década de 1970, quando o "Milagre Brasileiro" demandou a entrada de recursos externos que explodiram o nosso endividamento. Segundo dados do IGP-DI, a inflação entre 1964 e 1994 foi de 1.302.442.989.947.180,00%, ou 1 quatrilhão, 302 trilhões e 442 bilhões por cento. É muito número para caber no power point do general.

Em determinado trecho de sua digamos, palestra, Mourão resgata a essência dos anos de chumbo da ditadura militar de 1964, criticando duramente os Direitos Humanos e aqueles que os defendem. Mais eleitor do Bolsonaro impossível. Outra joia da coroa militar, a defesa da soberania nacional, também foi atropelada pelo discurso do general. Até a venda da Amazônia é possível nessa versão golpista 2.0. Mourão finaliza sua explanação distribuindo bofetadas na cara do povo brasileiro, afirmando que somos frutos da malandragem ibérica, da preguiça dos índios e do misticismo dos negros.

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Depois dessa, nem esperei a parte em que ele defende o golpe sobre o golpe.

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