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Pablo Nacer

Jornalista, autor do livro Meu Avô A´uwê - sobre três viagens a uma aldeia indígena xavante -, ex-Brasil 247 e atualmente trabalha na comunicação digital da SSI (Settlement Service International), na Austrália.

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O Golpe acabou no domingo; e o pós-Golpe, muito pior, já está nas ruas

A não reeleição de Romero Jucá, o grande oráculo do Golpe de 2016, traz um aspecto muito mais importante do que a pseudo renovação do Congresso que parte da imprensa tentou vender. Acabou ali o Golpe de 2016, aquele com Supremo com tudo, que vendeu a frágil ilusão de que tirando Dilma Rousseff o país voltaria a ser a Noruega que nunca foi

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A não reeleição de Romero Jucá, o grande oráculo do Golpe de 2016, traz um aspecto muito mais importante do que a pseudo renovação do Congresso que parte da imprensa tentou vender. Acabou ali o Golpe de 2016, aquele com Supremo com tudo, que inventou a fantasiosa ilusão de que tirando Dilma Rousseff o país voltaria a ser a Noruega que nunca foi.

O que se viu, além do loteamento do Executivo para garantir foro privilegiado e estancar a sangria da Lava Jato, foi a retirada de direitos da população, o congelamento dos investimentos em saúde e educação por duas décadas em nome da tal da austeridade, a entrega do pré-sal para o capital estrangeiro e, claro, a prisão do ex-presidente Lula para impedi-lo de voltar ao Planalto em primeiro de janeiro de 2019.

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Tamanha operação envolvendo parte do Poder Judiciário, Ministério Público, Congresso, imprensa hegemônica, Forças Armadas e corporações apontando suas armas 24 horas por dia para o lado esquerdo do espectro político, mas que inevitavelmente respingou no centro e na direita, transformando o país em um estado policialesco, deixou não somente um cenário de terra arrasada para a população, como jogou a classe política na lona, resultando em um campo fértil para a reorganização e ascensão do neoconservadorismo.

Sem o menor pudor de escancarar seus anseios antidemocráticos, autoritários e fascistas, os neoconservadores brasileiros, brutalizados na figura de Jair Bolsonaro e amparados por forças militares, policiais, judiciais, econômicas internacionais e neopentecostais, além de parte da imprensa hegemônica como as redes Record e Bandeirantes, mostraram no domingo através da expressiva votação do capitão reformado e de seu ex-nanico partido que o jogo mudou.

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O silêncio ensurdecedor de figuras que até ontem diziam estar refundando o país e combatendo incansavelmente as fake news, ou que achavam que ainda tinham algum poder de interferir nas eleições ao requentar delação mequetrefe de ex-ministro, enquanto as ruas, desde a véspera do pleito, está infestada de apoiadores do candidato da extrema direita tocando o terror em uma onda de violência que já resultou em mais de 50 vítimas - uma delas fatal - só por se posicionarem contra o capitão, por serem a favor da candidatura do campo oposto ou apenas por não serem heterossexual, é o grande sintoma do que pode vir por aí.

Janaína Paschoal, Alexandre Frota, Kim Kataguiri e outras aberrações que assumirão vagas legislativas e foram celebradas como vitórias da Lava Jato no domingo, assim como Romero Jucá, Eunício Oliveira, Moreira Franco e outros arquitetos do Golpe que estarão sem foro privilegiado em 2019, serão rapidamente esmagados pelo que se desenha de um eventual governo Bolsonaro, totalmente tomado por militares que já deram diversas sinalizações de que não terão o menor constrangimento em abrir mão de qualquer verniz democrático para adotar a violência de Estado como padrão de conduta.

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Com ou sem Supremo.

Temos menos de três semanas para impedir o aprofundamento do que já está nas ruas, que poderá desembocar em derramamento de sangue como política de Estado. Sei que para muitos é difícil, mas não é hora de se deixar cegar pelo ódio e ressentimento contra Haddad e PT, muito menos de lavar as mãos e se esconder em alguma montanha de Isentópolis ou na Europa. Quem não está no lado do que resta da democracia e do Estado de Direito, está do outro. Ou elegemos Fernando Haddad e trabalhamos para a reorganização do sistema político-partidário, do Judiciário e do Ministério Público, voltando a ter equilíbrio entre os três poderes e o mínimo de esperança de dias melhores, ou mergulharemos em um precipício a exemplo de 1964, com um 1968 que chegará muito mais cedo e sofreremos todas as consequências. Nós e as próximas gerações.

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