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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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O golpe contra o Bolsa Família

"Governar – como diz o próprio Lula – é cuidar das pessoas. Uma definição que causaria horror aos sofisticados cientistas políticos, mas que representa algo muito concreto para as centenas de milhões de pobres do Brasil", escreve o sociólogo Emir Sader

Bolsonaro corta número de reentradas no Bolsa Família. (Foto: Agência Brasil)
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Por Emir Sader 

Quando o Lula disse – e começou a colocar em prática – que ia governar para todos, mas especialmente para os mais necessitados, começava uma nova era na vida do Brasil e nas próprias vidas. Não tropeçaríamos mais nas pessoas, nas crianças, nas famílias, dormindo e vivendo nas ruas, como regra – a cena mais dura de viver no país mais desigual do continente mais desigual do mundo. 

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O Bolsa Família passou a ser o símbolo de que ninguém mais ficaria abandonado no país. Que os governos passariam a olhar e cuidar dos mais necessitados. Que governar – como diz o próprio Lula –  é cuidar das pessoas. Uma definição que causaria horror aos sofisticados cientistas políticos, mas que representa algo muito concreto para as centenas de milhões de pobres do Brasil. 

Era a ideia de que os governos não se ocupariam apenas do que passa em Brasília, no Congresso, na Bolsa de Valores e em Washington. Que passariam a medir seu sucesso pela diminuição da pobreza, da fome, da miséria e das desigualdades, e não pelo apoio que teriam dos meios de comunicação e das entidades empresariais. 

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Era a ideia de que o abandono é a pior coisa que pode acontecer com uma pessoa e com as pessoas. Que ninguém olhe para tua fome, para teu frio dormindo na rua, que atravessem a rua para não tropeçar em você, que tem na calçada seu leito e sua casa. Que fingem que não veem que são famílias, crianças e idosos, que estão sentados ou deitados nas praças, que deveriam ser feitas para o passeio e o lazer e não para o refúgio dos abandonados. 

Que o auxílio aos mais necessitados não dependeria do ânimo do presidente de turno, das relações com o Centrão, que não seria adiado de dezembro para março, como se não soubessem que são 90 dias e 90 noites a mais de fome e de desamparo para milhões de pessoas. Como se a conveniência advinda das pesquisas é que comandasse o auxílio ou o não auxílio. Como se o teto de gastos pudesse cobrir os abandonados quando chove nas praças e nas ruas. Como se discutir se 40 ou 220 significasse agradar o Paulo Guedes e deixar ao desamparo do leite de todas as manhãs a milhões de crianças pobres. 

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Achávamos que tinha acabado o sofrimento dos milhões de abandonados nas ruas, que a maioria continuaria a predominar, votando em governos que privilegiavam o Bolsa Família e não a Bolsa de Valores. Mas tiraram a Dilma por um golpe – que tantos arrependidos ainda tem dificuldade de aceitar que foi um golpe -, para acabar com aquelas ilusões de milhões de abandonados e de nós também, de que não haveria mais gente desesperada, dormindo com fome, molhando-se na chuva nas calçadas.

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