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Lincoln Sousa

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O golpe da alta traição

O Congresso Nacional, em quase toda a sua história, pouco representou o povo. E, hoje, ele está quase tão conservador e elitista quanto na época da ditadura militar

Brasília - DF, 02/02/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante Sessão solene destinada a inaugurar a 2ª Sessão Legislativa Ordinária da 55ª Legislatura do Congresso Nacional. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR (Foto: Lincoln Sousa)
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A agenda do golpe de 2016 é a mais cruel e inescrupulosa possível: desestabilizar a política interna (e externa), entregar o patrimônio público ao capital estrangeiro, eliminar direitos fundamentais do povo, agravar a situação (já precária) dos mais pobres e beneficiar, ao máximo, os mais ricos. Se isso tivesse sido tentado em qualquer outro país onde prevalecesse o estado de direito e que tivesse instituições realmente comprometidas com a democracia, os golpistas já teriam sido presos e julgados por "alta traição". Mas, por que isso não ocorre no Brasil? Por que os golpistas não foram presos? Por que eles ainda circulam, livres e felizes, nos corredores do poder?

Uma das coisas que mais chamou a atenção neste golpe não foi a quantidade de deputados e senadores sem escrúpulos, que fizeram de tudo para sabotar um governo legitimamente eleito. O que chamou a atenção, principalmente naquele circo de horrores que foi a votação do "impeachment", ocorrido na Câmara dos Deputados, foram os "aliados" do governo que, "pressionados por empresários" (segundo alguns), traíram descaradamente a democracia e o povo brasileiro, em favor do golpe.

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Deputados e senadores que possuíam biografias de luta contra a ditadura militar, e a favor da democracia, de repente, começaram a fazer campanha pelo golpe. Mudanças de partido ocorreram. De uma hora para outra, ideologias que representavam os interesses do povo foram deixadas de lado para que a farsa do impeachment fosse levada a diante. Chantagens, ameaças, subornos, trocas de favores, promessas de cargos e todo tipo de picaretagem possível e imaginável tomou conta do Congresso, em proporções raramente vistas neste país. No Brasil, a expressão "político corrupto" finalmente passou a ser considerado um pleonasmo.

O Congresso Nacional, em quase toda a sua história, pouco representou o povo. E, hoje, ele está quase tão conservador e elitista quanto na época da ditadura militar. O Congresso é dominado por lobistas de grandes corporações, indústrias, bancos, empreiteiras, "reis" do gado e do agronegócio, "empresários" etc. E essa realidade só reforça o conhecido círculo vicioso: o país produz muita riqueza, poucos ricos e muitos pobres.

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A Câmara dos Deputados, onde o golpe começou (oficialmente), é um lugar onde se vê de tudo, menos democracia. E o problema começa já na forma como os deputados federais são eleitos. A eleição é proporcional, obedecendo a um sistema de lista aberta. Na prática, isso quer dizer que muitos deputados não são eleitos pelo voto direto, mas como consequência dos votos angariados pelo partido ou coligações. Um político que consiga uma quantidade significativa de votos pode "eleger" mais "aliados" para a Câmara dos Deputados. E a atual forma de financiamento das campanhas eleitorais, um insulto à democracia, é uma das razões evidentes do elitismo na política brasileira. Fica óbvio que grandes corporações, indústrias e bancos controlam o Congresso Nacional pelo financiamento das campanhas dos seus membros. Nesse sistema, quem paga a conta escolhe o cardápio.

Ataques a direitos fundamentais do povo aconteceram quase que diariamente, tanto no Executivo, quanto no Legislativo, nesses 3 meses de "governo" golpista, nas áreas da saúde e da educação pública, nos direitos trabalhistas, nos direitos sociais e até mesmo na liberdade de expressão. Enquanto isso, uma pequena parcela da população, mais rica, está sendo amplamente beneficiada com essas e outras medidas, impostas pelo "governo" ilegítimo. São flagrantes os esforços dos golpistas em aumentar, ainda mais, a concentração de renda e de poder no país.

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Atualmente, já existem elementos suficientes para perceber, sem sombra de dúvida, que o "impeachment" da presidente Dilma Rousseff é uma farsa grotesca. Um teatro montado para tentar convencer a população de que o seu afastamento não é o que é: um "golpe branco". Um golpe de estado executado pelos piores criminosos que este país já viu desde a ditadura militar. Criminosos que não têm escrúpulo algum e que estão dispostos a tudo para manter-se no poder e afastar qualquer possibilidade de encarar a justiça. O mais preocupante é que esses criminosos têm maioria absoluta no Congresso. Eles têm PODER CONSTITUINTE. Ou seja, eles podem aprovar projetos que modifiquem a Constituição brasileira sem muitas dificuldades. E esses projetos não sofreriam qualquer oposição por parte do Executivo, também controlado pelos golpistas, na figura de Temer.

O povo brasileiro não merecia esse golpe. Ele não merecia viver sob mais um governo autoritário e elitista. O povo foi traído, mais uma vez, pelos seus governantes. O país inteiro foi traído.

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