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Lincoln Sousa

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O golpe da hipocrisia

Talvez as maiores ironias deste golpe estejam nas suas justificativas: como o combate à corrupção, por exemplo. Foi neste domínio que a população presenciou uma das maiores inversões de realidade, em tempos recentes, neste país

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Algumas coisas parecem absurdas demais para acontecer em pleno século XXI. O Golpe de 2016 é uma delas. Um "golpe branco"; iniciado por partidos políticos que não ganhavam eleições presidenciais há mais de dez anos; financiado por uma elite nacional alérgica à justiça social e à democracia; e defendido pela mídia mais conservadora e elitista. Um golpe de cunho político-partidário, mas com uma máscara jurídica-moralista.

Talvez as maiores ironias deste golpe estejam nas suas justificativas: como o combate à corrupção, por exemplo. Foi neste domínio que a população presenciou uma das maiores inversões de realidade, em tempos recentes, neste país. Os golpistas usaram uma estratégia bem simples para desviar a atenção das suas próprias transgressões: eles começaram a acusar outros de fazer aquilo que eles mesmos fazem (ou já fizeram). Em outras palavras, os culpados acusaram, julgaram e condenaram.

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O PMDB e o PSDB passaram anos no poder. E, durante os seus "reinados", pouco se fazia para combater a corrupção. Era o império dos mais ricos, que desviavam, fraudavam, usurpavam e roubavam tudo o que eles queriam e podiam. Não havia tribunais para condená-los. Não havia leis que conseguissem atingi-los. Quase não havia "agentes da lei" que os encarassem. Venderam metade do patrimônio público do país, a preços bem abaixo do mercado (naquela época, isso se chamava "privatização"), para a felicidade do capital estrangeiro. E o povo quase não chegou a ver a "cor" do dinheiro resultante dessas vendas. A corrupção era sistêmica e incontrolável.

O combate sério e sistemático à corrupção no Brasil começou nos primeiros anos do presidente Lula, que conseguiu, já em seu primeiro mandato, alguns resultados. Esse processo, lento e que encontrou tremenda resistência no âmbito político e corporativo, continuou no seu segundo mandato. Com a presidente Dilma, o combate à corrupção atingiu um novo patamar. Órgãos técnicos, independentes e com poderes para combater, punir e prevenir a corrupção foram criados. Ela não tinha problema algum em demitir os próprios ministros que, comprovadamente, achavam-se envolvidos em atividades ilícitas. Dilma incentivava todo tipo de investigações, inclusive operações como a Lava Jato, que possuía os instrumentos e os recursos para investigar grande parte da cúpula política do país. E essa operação implicava TODOS os grandes partidos.

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Tudo indicava que a Operação Lava Jato seria um marco no combate à corrupção no Brasil. Contudo, chegou um momento em que o "combate" se aproximou demais dos políticos que controlam o Congresso Nacional. Esses políticos, que há décadas "administram" os recursos públicos do país, estavam a ponto de serem expostos. E algumas empresas, de destaque no mercado, e implicadas em diversos crimes que iam desde subornos até fraudes em licitações e superfaturamento de obras, começaram a se preocupar. Daí nasceu a verdadeira "vontade política" para o golpe de 2016.

Como impedir que a maior quadrilha de corruptos da História deste país virasse alvo da justiça? A resposta para essa pergunta apareceu na gravação de uma das conversas entre os golpistas: o impeachment de Dilma Rousseff. Contudo, paralelamente a isso, os golpistas teriam que controlar a principal operação de combate à corrupção do momento: a Lava Jato. Essa operação era a maior ameaça para os grandes partidos e para os donos da política brasileira. E, de repente, a Lava Jato começou a concentrar quase todos os seus esforços em um partido, o Partido dos Trabalhadores. PMDB e PSDB praticamente deixaram de existir nesse processo. Para os que comandavam a operação, e para a grande mídia, só existia o PT. Foi a partir daí que a Operação Lava Jato deixou de servir à justiça e passou a servir a interesses políticos, econômicos e comerciais, nacionais e estrangeiros.

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Setores do judiciário, extremamente corporativistas, começaram a trabalhar de forma partidária e parcial. Interrogatórios e delações eram focados em determinadas pessoas, enquanto esqueciam outras. E um julgamento teatral foi criado e transmitido pela mídia para manipular a opinião pública. O país assistia a um circo de acusações levianas e infundadas, de vazamentos de áudios, de perseguição política e de desrespeito às normas mais básicas de imparcialidade jurídica e dos processos legais. Enquanto isso, a mídia golpista criava os seus "heróis". Os "vilões" já haviam sido criados. E os maiores corruptos deste país podiam, finalmente, respirar mais aliviados. O Golpe de 2016 estava em andamento.

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