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O golpe do falso patriotismo

Uma das características mais chamativas da extrema direita é a utilização de um falso patriotismo para angariar simpatizantes e eleitores

Uma das características mais chamativas da extrema direita é a utilização de um falso patriotismo para angariar simpatizantes e eleitores (Foto: Lincoln Sousa)
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Uma das características mais chamativas da extrema direita é a utilização de um falso patriotismo para angariar simpatizantes e eleitores. Falso porque, embora ela utilize elementos que tenham relação direta com a ideia de "pátria", como a bandeira nacional e as suas cores, as forças armadas, "bons" costumes e tradições, ela defende abertamente interesses estrangeiros e elitistas. Ou seja, exaltam os "valores" do país para conseguir votos e seguidores, mas entregam-no ao capital estrangeiro na primeira oportunidade que aparece. E entregar o país a interesses estrangeiros (sobretudo norte-americanos) é também uma característica histórica dos militares brasileiros.

Quem não se lembra da submissão gritante dos militares brasileiros ao governo americano durante a ditadura? Naquele período, o Brasil não era comandado desde Brasília, mas desde Washington. E não era somente um controle político. Os rumos da economia eram decididos quase que exclusivamente pelo FMI e por banqueiros. A própria cultura nacional ficou ainda mais dependente da cultura americana. Em termos comerciais e financeiros, a ditadura militar também foi extremamente entreguista, sobretudo em relação aos Estados Unidos. Assim como ocorre agora, em 2016, com o atual "governo" golpista. É difícil acreditar que alguém possa chamar isso de patriotismo. Mas, infelizmente, há pessoas que ainda acreditam que o simples fato de vestir uma farda, hastear a bandeira do Brasil, exaltar "valores" nacionais ou cantar o hino faz do indivíduo um patriota. Para essas pessoas, não importa se esse indivíduo vende o país, e o povo brasileiro, a interesses estrangeiros. O importante é que ele tenha um discurso patriota e moralista; mesmo que, na prática, a realidade seja bem diferente do discurso.

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A extrema direita de hoje usa a mesmíssima fórmula que usava no século passado. Demonizam a esquerda e exaltam a pátria e a família, para depois conseguir aumentar, consistentemente, a influência da elite nacional e do capital estrangeiro no país. Até as mentiras que eram usadas no século passado foram "reaproveitadas", nos últimos anos, como preparação para o Golpe de 2016: "Cuidado! A ditadura comunista!"; "Os terroristas comunistas vão tomar conta do país!"; "Os comunistas vão fazer todo mundo viver na pobreza!"; "Os comunistas vão mudar a cor da bandeira para o vermelho!" etc. E o mais impressionante é que tem gente que ainda acredita nesse discurso fantasioso e absurdo.

Acreditar que a extrema direita é patriota e está preocupada com o país, ou mesmo com o povo brasileiro, é desconhecer a História do Brasil. Porque basta olhar a História para saber que ela sempre usou discursos demagógicos, mentirosos e hipócritas para manipular a população em favor da minoria mais rica, em favor do capital. Ela raramente advoga pelos mais pobres, pelo povo. A direita é tradicionalmente elitista e entreguista. Daí a incoerência de ver setores mais populares da sociedade apoiando cegamente candidatos conservadores de extrema direita. Nesses termos, o medo vence a razão. A propaganda substitui a realidade. E, com o golpe de 2016, o autoritarismo, o entreguismo, e a repressão substituíram a democracia e os interesses do povo.

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A extrema direita não gosta de fatos e de reflexão. Talvez venha daí, em parte, a aversão que muitos deles têm em relação ao estudo da História, da Filosofia e da Sociologia. Eles gostam de criar medo e divisão; preconceito e ódio. Porque a insegurança e o medo criam anuência; criam consentimento. Se o brasileiro realmente lembrasse a situação do país na época da ditadura, ele dificilmente daria ouvidos à extrema direita. Contudo, a maioria não lembra.

O sonho da extrema direita é transformar o Brasil em uma sociedade parecida com aquela apresentada no filme "V de vingança" (James McTeigue, 2006). E, graças a campanhas agressivas, em favor de líderes sem escrúpulos e seus discursos demagógicos e pseudomoralistas, é bem possível que o próprio povo, ou pelo menos parte dele, ajude esse pequeno grupo a realizar esse sonho, como aconteceu nos anos 60. Em última análise, o povo ajuda a construir as suas próprias prisões. E alguns ainda idolatram os seus carcereiros. Eles aprendem a admirar e ajudar os opressores; e a odiar e destruir os oprimidos. Essa é a nova configuração das prisões do Século XXI. As prisões da desinformação.

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