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Lincoln Sousa

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O golpe do terrorismo

O terrorismo pode ser usado como justificativa para um governo fazer praticamente qualquer coisa, dentro ou fora de seu país. E aí fica evidente o pior e mais perigoso tipo de terrorismo: o terrorismo de estado.

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O terrorismo é um daqueles assuntos que a mídia divulga frequentemente, mas que não é analisado, ou mesmo discutido objetivamente, pela população em geral. Hoje, é quase impossível estudar as relações internacionais contemporâneas sem estudar o fenômeno do terrorismo. Um ato terrorista, a rigor, pode ser definido como uma ação violenta e repentina, desprovida de qualquer compaixão, que atinge pessoas não combatentes, em um determinado lugar, provocando mortes e grande comoção entre a população.

O trágico e lamentável ataque em Nice, entre outros que ocorreram nos últimos anos e que foram amplamente divulgados pela mídia mundial, é um exemplo de ataque terrorista.  Contudo, a partir disso, surge uma questão pertinente: como definir os ataques a milhões de homens, mulheres e crianças em países do Oriente Médio, que foram cruelmente assassinados em bombardeios e operações militares, promovidos por “potências” ocidentais como Estados Unidos, Inglaterra, Israel e França, nas últimas décadas, e cuja razão, basicamente, é o petróleo? Todos esses ataques não poderiam ser considerados como “ataques terroristas”? As vidas de centenas de milhares de crianças árabes, na sua maioria, muçulmanas, valem menos do que a de uma criança europeia? Segundo os governos ocidentais, todas essas mortes foram apenas “danos colaterais da guerra ao terror”. Mas, pelo que se vê, existem duas violências cometidas pelos países da OTAN: a primeira, invadir países árabes e matar as suas populações civis; a segunda, tentar convencer o resto do mundo de que os árabes, vítimas desses ataques, são terroristas. 

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A mídia, normalmente, descreve os ataques terroristas como fenômenos isolados, sem um contexto que os justifique. E poucas informações são divulgadas sobre as origens desses ataques, que são “assumidos”, quase sempre, pelos mesmos grupos, independente do local onde eles tenham ocorrido. Nas últimas décadas, vários grupos terroristas foram criados. E os governos ocidentais, usando as grandes mídias, rapidamente disseram à população quem eram os seus inimigos e quem deveria ser odiado e temido.  Grupos terroristas como Al Quaeda e o Estado Islâmico ganharam grande destaque nos jornais. Mas quem são eles? Para que eles foram criados? Poucos realmente sabem.

Vale a pena salientar que o Estado Islâmico não tem relação alguma com a religião do Islã. Da mesma forma que a Ku Klux Klan não é uma organização cristã, ainda que muitos dos seus membros se autodenominem “cristãos”. Inclusive, existem fortes indícios de que boa parte dos grupos terroristas que surgiram nas últimas décadas sejam grupos “bandeira falsa” (“false flag”), criados pela CIA e pelo Mossad, com ex-militares americanos e israelenses entre os seus membros. Os objetivos principais desses grupos são: atacar e ocupar, sobretudo, países árabes e controlar o fluxo de petróleo e outros recursos naturais; desestabilizar governos contrários aos interesses americanos e israelenses na região; e fazer com que as pessoas tenham um medo irracional de árabes e muçulmanos, fomentando a Islamofobia. O ISIS, Al Quaeda e outros grupos terroristas já mataram centenas de milhares de árabes no Oriente Médio. Acreditar que eles “lutam” pelo Islã, ou pelos árabes, é, no mínimo, contraditório. Esses grupos terroristas são tão islâmicos quanto o futebol americano e o baseball.

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E o que pensar da histeria provocada, recentemente, pela prisão de “suspeitos” (entre eles, um jogador de “paintball”, um criador de galinhas e um estudante de árabe) de planejar ataques terroristas nas Olimpíadas de 2016? A quem interessa essa histeria coletiva? Sabe-se que a mídia menos responsável e democrática tem um papel fundamental na disseminação do medo e do terror entre a população. E não é raro que governos ilegítimos, autoritários, ou mesmo pouco “populares”, usem tragédias e calamidades para distrair a população de assuntos mais polêmicos, como um golpe de estado em curso, por exemplo. Governos que estejam interessados em colocar as forças armadas e aparatos de repressão, tão exaltados em ditaduras militares, em evidência. Governos que necessitem de uma “justificativa” para suspender, ou mesmo eliminar, direitos humanos e individuais (como o que aconteceu nos EUA, depois dos ataques de 11 de setembro). Governos que buscam uma “desculpa” para tratar opositores e movimentos sociais como se fossem terroristas.  

A “guerra ao terror” é uma expressão abstrata. O terror não tem cara. O terror não tem religião. O terror não tem nacionalidade. O terror é um instrumento usado por governos (através das mídias) para justificar ações militares e de repressão a populações. O terrorismo pode ser usado como justificativa para um governo fazer praticamente qualquer coisa, dentro ou fora de seu país. E aí fica evidente o pior e mais perigoso tipo de terrorismo: o terrorismo de estado.

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