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Josué Silva Abreu Júnior

Psicólogo e doutor em Antropologia

15 artigos

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O Google influencia a opinião pública sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia?

A mídia ocidental claramente tomou parte da guerra entre Rússia e Ucrânia e notícias que confrontam tal perspectiva dificilmente são encontradas nas buscas

(Foto: Reuters/Arnd Wiegmann)
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A imparcialidade e a objetividade absoluta não são comumente encontradas na mídia em geral. Como as matérias jornalísticas passam pelo viés do escritor, é necessário que este apresente também as concepções contrárias às suas. 

A grande mídia ocidental claramente tomou parte da guerra entre Rússia e Ucrânia e notícias que confrontam tal perspectiva dificilmente são encontradas em pesquisas no Google. A Rússia é sempre retratada como uma autocracia, um império invasor e cruel que guerreia por mera ambição. Neste artigo, vou abordar apenas as manipulações relativas aos informes de guerra sobre captura de militares, rendições e óbitos, quando realizamos buscas no Google. A mídia costuma tratar as restrições do Google como exclusividade de ditaduras como a China e a Rússia. Nestes contextos, é fácil imaginar uma sociedade que não tem acesso a nenhuma informação crítica sobre si mesma. Porém, será que o mesmo não ocorre no Brasil e em outros países? Isto é o que esta matéria tenta questionar. 

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Realizamos três buscas no Google no dia 7 de março, relativas a capturas, óbitos e rendições de soldados ucranianos. Posteriormente foi feita uma análise de conteúdo dos sete primeiros resultados de cada busca. Em alguns casos, abordamos um número maior de matérias.

A primeira busca realizada no Google foi a seguinte: Soldado ucraniano capturado. O primeiro link, da Carta Capital é sobre soldados russos capturados. O segundo link, do portal R7, também aborda o caso de um soldado russo capturado. O mesmo ocorre nos portais Ah, CNN, G1, Isto é, Correio Brasiliense, dentre outros. O Google omite as matérias que abordam a captura de soldados ucranianos? Não é crível que estes não estejam sendo capturados. Surpreende que as buscas resultem em matérias com assunto diferente do que foi buscado: buscamos por soldados ucranianos capturados, encontramos informações sobre soldados russos capturados.

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Também realizamos uma busca com a seguinte frase: - soldado ucraniano se rende. O primeiro link, da G1, aborda casos de soldados russos mortos. O segundo link, da G1, aborda casamento de militares ucranianos. O terceiro link, do R7, cita a captura de um soldado russo. O quarto e o quinto link, também do R7, abordam casos de rendição de soldados russos. Em seguida, aparece o portal SCC10 noticiando o mesmo caso. A mesma notícia também foi reproduzida pela Veja, Band, Terra, Uol, dentre outros. Tais portais parecem não noticiar os casos de rendição das tropas ucranianas. É possível observar, novamente, que a busca resulta em matérias divergentes do que foi pesquisado.

Por fim, realizamos a seguinte busca: soldado ucraniano morre. O primeiro link, do Terra, fala sobre um prefeito ucraniano morto. O segundo link, também do Terra, aborda a morte de um ator ucraniano. O terceiro link, do G1, é sobre a morte de outros civis. O quarto link, do Globo, noticia a morte de um general russo. O quinto link, da Isto é, trata da morte de um atleta ucraniano. O sexto link relata a morte de um soldado ucraniano, considerado herói. E o sétimo link aborda a morte de um soldado ucraniano no primeiro dia de guerra. Esta notícia, do dia 24 de fevereiro, foi reproduzida pelo Estado de Minas, Uol, R7 e Diário de Pernambuco. É possível observar que, mais uma vez, a busca resultou em matérias divergentes do que foi pesquisado. Buscamos por militares ucranianos mortos e o Google apresentou diversas notícias sobre civis ucranianos mortos. Além disso, incluiu uma matéria que, apresenta a morte de um soldado russo, quando a pesquisa era sobre militares ucranianos. A notícia da morte de um soldado ucraniano, que foi compartilhada por diversos portais, ocorreu no dia 24 de fevereiro. É certo que entre 24/02 e 07/03 diversos militares ucranianos perderam a vida. Um balanço de guerra, divulgado pela G1, no dia 2 de março, mostra que entre os mortos havia 7.000 soldados ucranianos e 498 soldados russos. .Como explicar que esta matéria não apareça na plataforma quando buscamos por soldados ucranianos mortos?

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Por que as buscas realizadas no Google não trazem informações relativas a óbitos, rendições e capturas de soldados ucranianos? Haverá algum tipo de alinhamento com a linha editorial dos principais portais de notícias do ocidente? Destacar apenas os óbitos, rendições e capturas de soldados russos pode se prestar à manipulação ao criar sensação de que a Ucrânia está vencendo a guerra, uma falsa impressão sobre a realidade? Isso é algo muito grave e pode estar contribuindo para um derramamento de sangue desnecessário. Essa tática de manipulação da informação relativa a óbitos, capturas e rendições está em consonância com a campanha maciça para colocar a Rússia como a grande vilã do que ocorre atualmente na Ucrânia, sem apresentar o contexto histórico e os fatos e tentativas de negociação entre a Russia, OTAN e União Européia que culminaram com a invasão.   

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