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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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O governo Bolsonaro acabou. E agora, o que?

Segundo o sociólogo Emir Sader, "qualquer solução para a pior crise que o país vive, passa pelo Lula. Não apenas nas eleições de 2022. Há muito tempo e muitas vidas em risco até lá"

(Foto: Divulgação)
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Bolsonaro passa por seu pior momento – até aqui – na presidência do Brasil. A convergência de vários fenômenos projeta uma perspectiva futura muito negativa, na qual seu principal projeto – a reeleição – fica muito questionado. Pior, passa, até para seus apoiadores, a imagem de que perdeu governabilidade, que já não governa mais, que não tem respostas para os grandes problemas que afetam o Brasil.

Seu governo chega a uma paralisia, como se estivesse terminando. A política econômica não anda e, pior, se vê fortemente ameaçada pelo prestígio do Lula, que representa um apelo para medidas que a direita chama de "populistas'', violando as normas do ajuste fiscal. Sua política econômica tende à estagnação, justamente quando a recessão econômica é mais forte e a crise social generalizada.

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Não há política contra a pandemia e o governo, ao invés de agilizar as vacinas, aparece como um obstáculo para que a população seja vacinada e protegida. O número de casos e de mortos aumenta exponencialmente e o presidente se faz de desentendido.

Há uma sensação de vazio de governo, de que o país é encaminhado para um despenhadeiro, sem que ninguém trate de detê-lo. Um desespero se apossa da população.

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Nesse momento dois fenômenos, de diferente ordem, vem para cristalizar a crise e tratar de lhe dar uma via de superação. O Ministério Público propõe que as funções econômicas, sanitárias e de coordenação política sejam retiradas de Bolsonaro. Uma forma de declara-lo incompetente para dirigir o pais, na pior crise da sua historia.

O próprio Paulo Guedes renunciou de tocar pra diante seu funesto modelo econômico, ao declarar que, sem vacinação em massa, a economia não se recupera. (Antes da pandemia, tampouco se recuperou.) Como não há nenhum indício de vacinação em massa, nem vontade de fazê-lo por parte do governo, nem vacina, na prática o governo deixa de ter política econômica, na pior crise econômica que o país já enfrentou.

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A pandemia tampouco é enfrentada pelo governo que, ao contrário, é considerado, por setores cada vez maiores da população, como principal responsável pela pandemia. Não há política de governo para enfrentá-la e, ao contrário, o discurso negacionista que o Bolsonaro mantém, bloqueia qualquer solução para as milhares de mortes que o país acumula.

E, no terceiro item da demanda do Ministério Público, o governo não coordena nada. É um governo descoordenado, que sabota as ações dos governadores, que tenta bloqueá-las no STF.

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Em suma, não há mais governo, o governo Bolsonaro se esgota. O episódio da tentativa de mudar o ministro da saúde foi a gota d'água na incapacidade e falta de vontade do governo de fazer algo, de ainda governar o país. Se revelou uma farsa.

Assim, o governo Bolsonaro se esgota, não tem mais capacidade de governar o Brasil. É um governo que chega, melancolicamente, ao seu fim. Se sobreviver, será um cadáver, uma caricatura de governo, incapaz de impedir que o país desabe pelo despenhadeiro a que esse governo mesmo o conduziu.

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O que faz um país nessas condições? Não há vazio na política. O que o governo não faz, outros tentam fazer. O MP propõe essa via de superação da crise. Que não precisa se dar pela vida do Mourão, que não revela independência suficiente para assumi-la. Pode ser pela via direta do impeachment, quando as próprias bases de apoio parlamentares, a começar pelo Centrão.

O que interessa é que o país começa a se colocar a questão de que com o Bolsonaro não dá mais. Que todos os problemas fundamentais que o país enfrenta, se chocam com ele como presidente.

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Isso se dá no momento em que o Lula reaparece politicamente e começa a atuar, aqui e fora do Brasil, recordando o que faz um presidente diante dos problemas do país. Não é apenas o favoritismo do Lula para as eleições de 2022 que pressiona o governo, mas o estilo de governo, o diálogo com todas as forças, a forma de agregar forças, de apontar para soluções para o Brasil.

Qualquer solução para a pior crise que o país vive, passa pelo Lula. Não apenas nas eleições de 2022. Há muito tempo e muitas vidas em risco até lá. O governo Bolsonaro termina, melancolicamente. É a hora do resgate da democracia. Nenhuma solução fora da democracia atende as necessidades e as urgências do Brasil.  

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