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    O idiota inútil

    Enquanto os estudantes e os professores do Brasil são tratados como "idiotas úteis", o "idiota inútil" é tratado como "mito". O conhecimento, porém, derruba mitos. Explicável, pois, o seu desdém pela cultura e pela educação. De mal-educado, convenhamos, já basta o Presidente

    O idiota inútil (Foto: ABr | Mídia Ninja)

    Na última quarta-feira, estudantes, professores e entidades ligadas à educação realizaram protestos e uma greve geral contra o corte de verbas destinadas à área, anunciado pelo Governo Federal. Os manifestantes foram às ruas também em reação à onda de difamação das universidades federais, alvo de ataques no submundo das redes sociais, estimulados pela estapafúrdia associação do corte a atos de "balbúrdia".

    Dos Estados Unidos, nação para a qual devota especial afeição, o Presidente do Brasil insultou de "idiotas úteis" e "imbecis" uma multidão de docentes e de discentes que se insurgiu à deliberada asfixia das universidades federais, dos institutos federais de ensino tecnológico e, ainda, do tradicional Colégio Pedro II.

    Na língua portuguesa, diz-se "idiota" a pessoa que carece de inteligência, de discernimento, aquele que é ignorante, estúpido. É possível, ainda, associar tal verbete à pessoa pretensiosa, vaidosa, tola. Para os gregos da Antiguidade Clássica, era "idiota" o sujeito que preenchendo as prerrogativas para participar da vida pública na polis, abdicava de fazê-lo.

    Tal palavra, portanto, parece definir com precisão alguém incapaz de perceber a relevância da educação pública de qualidade como instrumento de transformação social e indutor do crescimento econômico do país; e contrasta, por seu turno, com a vívida força daqueles que não se acovardam diante das injustiças do seu tempo.

    Bolsonaro enquadra-se no perfil de um "idiota inútil", alguém que não se interessa por discussões políticas sérias e só se ocupa de si. Personificação do ódio às minorias e do saudosismo de tenebrosas eras, o parlamentar de atuação medíocre foi alçado à Presidência da República num enorme vazio de ideias. O seu projeto é de destruição, como já por ele confessado, fruto de uma insana guerra ideológica.

    Enquanto os estudantes e os professores do Brasil são tratados como "idiotas úteis", o "idiota inútil" é tratado como "mito". O conhecimento, porém, derruba mitos. Explicável, pois, o seu desdém pela cultura e pela educação. De mal-educado, convenhamos, já basta o Presidente.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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