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Marcelo Zero

É sociólogo, especialista em Relações Internacionais e assessor da liderança do PT no Senado

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O Impeachment de Trump e a Nova Guerra Fria

"Trump não é flor que se cheire. Há, pois, muito motivos para propor seu impeachment. Mas os motivos utilizados pelo Partido Democrata para propugnar por seu impeachment são mais reacionários que Trump", escreve o colunista Marcelo Zero

Donald Trump (Foto: REUTERS/Christian Hartmann)
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Trump não é flor que se cheire. Pertence a uma direita radical, xenófoba e muito reacionária nos costumes. No campo internacional, trata os imigrantes latinos como escória e leva a ferro e fogo a sua irresponsável guerra comercial contra a China. No campo interno, engana os trabalhadores dos EUA, ao não enfrentar o verdadeiro culpado da desigualdade e da falta de empregos: o modelo neoliberal. 

Há, pois, muito motivos para propor seu impeachment.

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Mas os motivos utilizados pelo Partido Democrata para propugnar por seu impeachment são mais reacionários que Trump. E talvez mais sujos, também.

A primeira acusação contra Trump foi o chamado caso Russiagate, que teria sua origem na Ucrânia. 

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Acusou-se o presidente de ter recebido ajuda da Rússia para se eleger e para espionar e atacar a candidata democrata Hillary Clinton. Tratava-se de uma conspiração imaginária e a acusação acabou sendo arquivada. Entretanto, ficou o dano político. Dano inclusive para a candidata Hillary, são que seus e-mails foram expostos publicamente.

Agora, acusa-se Trump de ter, em conversa telefônica, pedido a seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que cooperasse na investigação lançada pelo secretário de Justiça, William Barr, para determinar as origens do Russiagate. O pedido envolveria, segundo os acusadores, um quid pro quo adicional. Trump reataria a cooperação militar com a Ucrânia, que estava interrompida, desde que Zelensky cooperasse também numa investigação envolvendo Joe Biden, ex-vice-presidente dos EUA e pré-candidato às próximas eleições.

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As acusações contra Joe Biden são cabeludas. As evidências também. 

Joe Biden teria colocado seu filho, Hunter Biden, em um emprego na Burisma Holdings, uma companhia de gás e petróleo da Ucrânia, com um belíssimo salário de US$ 50.000,00 (mais de R$ 200.000,00) por mês. O detalhe intrigante é Hunter Biden não conhece nada sobre a Ucrânia e nem sobre petróleo e gás. O que ele fazia lá, então? Alguns procuradores ucranianos tentaram descobrir, mas o chefe da investigação foi demitido.  Saliente-se que Hunter Biden também recebia “presentes” da CEFC, uma companhia chinesa de energia, acusada de pagar propinas. 

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Parece que Joe Biden, assim como Bolsonaro, não via problema algum em beneficiar e favorecer seu filho. 

A questão maior, contudo, é qual a relação estabelecida entre Joe Biden e o Partido Democrata com o governo ucraniano, que justificava essa, assim digamos, “maracutaia” estranha?

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O fato concreto é que, uma vez que affair Biden veio à tona, os democratas correram para promover o processo de impeachment contra Trump, alegando, inclusive, que ele havia enfraquecido a luta da Ucrânia contra a Rússia.

Tanto Russiagate quanto o agora Ucraniagate têm algo em comum.São investigações que se originaram nas agências de segurança e inteligência dos EUA. No Russiagate, agentes de inteligência norte-americanos acusaram Trump de estar a serviço do Kremlin.  No Ucraniagate, o denunciante principal trabalha na CIA e suas fontes operam em outras administrações de órgãos de inteligência, inclusive na Casa Branca.Toda a investigação é conduzida, portanto, pelo chamado Deep State e tem um cheiro mofado de Guerra Fria.  

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Os depoimentos no Congresso são inacreditáveis. Pamela Karlan, professora de Direito da Universidade de Stanford, afirmou, por exemplo que é do interesse dos EUA manter uma Ucrânia forte, de modo a combater os “russos” lá, e não aqui (EUA). Detalhe: os russos à que ela se refere são os cidadãos ucranianos do Leste, que discordam do governo facistoide e pró EUA de Kiev. Esse é o nível de ignorância e de reacionarismo dos acusadores.

As classes populares dos EUA não dão a menor bola para esse tipo de investigação. Estão mais preocupadas com empregos, saúde e educação. 

Mas esse tipo de acusação e investigação, baseada em delírios da Guerra Fria, leva muita insegurança à Ucrânia e ao mundo, antepondo duas grandes superpotências. 

Parece coisa de Olavo de Carvalho e de terraplanistas. 

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