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      Chico D’Angelo

      Médico, ex-diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro e deputado federal (PDT-RJ)

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      O legado de Getúlio

      "Falta ao governo Bolsonaro um mínimo projeto nacional. O que se vê é um desejo repulsivo de destruição, movido por discursos de ódio, interesses escusos e nada republicanos"

      Getúlio Vargas (Foto: Reprodução)

      No dia 24 de agosto de 1954 morria o Getúlio Vargas. Em 2019, sessenta
      e cinco anos depois do suicídio do presidente, é o legado de Getúlio,
      expresso na Carta-Testamento, que devemos ressaltar. 

      A tarefa é aindamais urgente no momento em que o país parece se desmanchar.

      O Getúlio que salta da carta derradeira é o líder trabalhista e
      nacionalista que alicerçou seu projeto em duas grandes diretrizes:
      consolidar a ideia de um estado de bem-estar social no Brasil – com as
      leis de garantias aos trabalhadores – e lançar as bases de um projeto
      de soberania nacional.

      No momento em que o atual governo mergulha em uma aventura neoliberalde destruição do patrimônio público, com um programa de privatizações que se anuncia violento e entreguista, é o Getúlio criador da
      Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), da Petrobras, da Eletrobrás, do
      BNDES, da Fábrica Nacional de Motores, da Vale do Rio Doce (que
      privatizada virou uma empresa com uma sanha lucrativa capaz de
      produzir desastres ambientais repetidos), que precisa ser mencionado.
      No momento em que ataques a terreiros de cultos afro-brasileiros se
      repetem criminosamente, é importante lembrar que Getúlio Vargas,
      conversando com Mãe Aninha, mãe de santo do Ilê Opô Afonjá da Bahia,
      assinou a lei que liberava a prática dos cultos afro-brasileiros no
      Brasil, até então vistos por uma sociedade estruturalmente racista
      como crime.

      No momento em que reformas trabalhistas visam expor o trabalhador à
      sanha de um empresariado interessado em maximizar os lucros a partir
      da exploração da mão de obra, é o Getúlio Vargas da Consolidação das
      Leis Trabalhistas que precisa ser destacado.


      Falta ao governo Bolsonaro um mínimo projeto nacional. O que se vê é
      um desejo repulsivo de destruição, movido por discursos de ódio,
      interesses escusos e nada republicanos. É a representação de tudo
      aquilo que o trabalhismo de Getúlio, Brizola e Darcy Ribeiro combate.

      Nesse aniversário da morte do presidente, concluo citando exatamente o
      professor Darcy: “Getúlio Vargas foi o maior dos estadistas brasileiros. Foi também o mais amado pelo povo e o mais detestado pelas elites. Tinha que ser assim. Getúlio obrigou nosso empresariado urbano de descendentes de senhores de escravos a reconhecer os direitos dos trabalhadores. Os politicões tradicionais, coniventes, senão autores da velha ordem, banidos por ele do cenário político, nunca o perdoaram.”

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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