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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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O líder amorfinado desmoraliza o golpe

'Gente que se assumiu como golpista, pôs a língua para a Justiça e foi presa leva um tapa na cara com a história da morfina', escreve o colunista Moisés Mendes

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Marco Bello)
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Bolsonaro já seria, antes da versão do transe da morfina, a grande atração da CPMI do Golpe. Agora, não há como não convocá-lo para que conte como continuava incitando o golpismo sob efeito de um opióide.

Numa cena inimaginável do teatro do absurdo criado pelo bolsonarismo, ele e o general Gonçalves Dias poderiam depor ao mesmo tempo, lado a lado, para narrar suas experiências sensoriais.

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Bolsonaro contaria como tomou morfina e apertou o botão errado, compartilhando nas redes sociais um vídeo golpista ao invés de enviá-lo para um arquivo no celular.

E o general poderia contar como, sem tomar nada, não apertou botão algum e permitiu que o Palácio do Planalto, que ele deveria proteger, fosse invadido pela turma de Bolsonaro.

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No Brasil do imponderável, o general encarregado de cuidar de Lula não sabia o que se passava ao lado do gabinete do presidente, enquanto a turba quebrava tudo e pedia água, porque estava sob apagão.

E o ex-presidente doidão, sob o efeito de um remédio, não sabia que havia propagado mais uma fake news. Ambos, o golpista e o general, não tinham o controle das suas vontades.

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Acredite quem quiser nas duas versões. Chegamos ao ponto em que um golpista juramentado recorre a uma desculpa que o desqualifica. E um general se auto deprecia por não ter conseguido ser general.

É um quadro que começa a se firmar como a imagem do Brasil que não se livra dos efeitos do fascismo. Chegamos ao limite das definições para o que se passa desde o golpe de 2016.

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Absurdo, inacreditável, irracional, espantoso, assombroso, ofensivo, indecente. Não há mais o que dizer para situações em que nenhum adjetivo será capaz de definir o cenário com a extrema direita ainda no palco.

O Bolsonaro fisicamente frágil, psicologicamente vacilante e moralmente deplorável, esse Bolsonaro diz agora que fica mentalmente vulnerável se tomar morfina.

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Cercado como golpista, assumido como golpista, denunciado e processado como golpista, o sujeito aperta um botão que reafirma sua condição de golpista, mas só porque estaria dopado.

Bolsonaro desmoraliza a própria base. Gente que se assumiu como golpista, pôs a língua para a Justiça e acabou presa na Papuda leva um tapa na cara com a história da morfina.

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Quer dizer que a insistência na tese das urnas fraudadas era uma barbeiragem de alguém amorfinado?

O ministro Alexandre de Moraes já observou, depois de uma visita à Penitenciária da Papuda, que se confirma, numa observação ligeira, a existência entre os presos de gente que teve alucinações no 8 de janeiro.

Metade do Brasil, na eleição de outubro, esteve sob o efeito de algum tipo de droga do fascismo.

Mas quem acredita mesmo que a morfina foi culpada por uma, e apenas mais uma manifestação golpista, logo depois de um golpe frustrado?

Há quem acredite, mas será alguém da polícia ou do sistema de Justiça?

Quem vai embarcar na canoa da morfina de Bolsonaro numa hora dessas, às vésperas de uma CPI que pode finalmente enquadrar os que agem desde 2016 e agora se acovardam? Quem?

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