O limite da impunidade: Por que a prisão de Bolsonaro é a única resposta possível?
A cada dia que passa sem que a justiça atue de forma enérgica, a mensagem transmitida é a de que a impunidade compensa
A cada nova revelação das investigações da Polícia Federal, o Brasil se depara com a mesma pergunta: até quando as provas de desrespeito à lei e às instituições pelo ex-presidente inelegível serão toleradas? As evidências que se acumulam contra Jair Bolsonaro e seus aliados já ultrapassaram o limite do razoável. De comunicações proibidas a planos de fuga, os atos de desafio ao sistema judicial se tornaram tão frequentes que a inação não é mais uma opção. Diante desse cenário, a prisão imediata de Bolsonaro se justifica não apenas como uma medida cautelar, mas como a única forma de garantir a ordem, a justiça e a soberania do país.
É inegável que Bolsonaro tem agido acima das medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal. O contato com o General Braga Netto, réu na mesma investigação, e a articulação de manifestações por meio de intermediários demonstram um total desprezo pelas restrições judiciais, pelas leis e pela soberania do país. O ex-presidente manipula o sistema, utilizando terceiros para driblar as proibições, o que reforça a urgência de uma medida mais severa. A conduta de Bolsonaro e sua família em esconder dinheiro em contas de terceiros, como as de Michelle Bolsonaro e do filho Eduardo, sugere uma preparação para o pior, e a intenção de evadir o bloqueio de bens em caso de condenação. Tais ações não são fruto de descuido, mas de uma estratégia calculada para evadir a justiça e proteger um patrimônio obtido em meio a uma série de crimes.
Além do desrespeito às ordens judiciais, a capacidade de articulação internacional de Bolsonaro, especialmente com figuras como Donald Trump e seus associados, a exemplo do advogado Martin de Luca, que trabalha para as empresas Rumble e Trump Media & Technology Group, revela um perigoso risco para a segurança nacional. As investigações mostram que o ex-presidente condicionou negociações com os Estados Unidos à votação de uma anistia para os golpistas, uma manobra que expõe a soberania do Brasil a interesses estrangeiros e subordina a política externa a um projeto pessoal de impunidade. Essa atitude de usar a influência internacional para fins criminosos é um ataque direto à nossa autodeterminação e à integridade das instituições.
Por fim, o risco de fuga é uma preocupação real e iminente. Um documento encontrado no celular de Bolsonaro, onde ele solicita asilo político à Argentina, país que tem dificultado a recaptura de outros foragidos do 8 de Janeiro, é uma prova irrefutável de que a fuga é uma possibilidade. A troca de mensagens com aliados internacionais e o movimento financeiro atípico indicam uma preparação minuciosa para escapar da justiça brasileira. Esperar que Bolsonaro cumpra voluntariamente as determinações judiciais é uma aposta ingênua e perigosa. O Brasil não pode se dar ao luxo de assistir ao desdobramento de um plano de fuga que colocaria em xeque a credibilidade de todo o sistema judicial.
A prisão de Jair Bolsonaro não é uma questão de vingança política, como querem fazer crer os discursos mentirosos replicados até mesmo por parlamentares nas mídias sociais, mas uma medida necessária de defesa do Estado Democrático de Direito. Cabe salientar que a cada vez que a Justiça age e comprova os crimes de Bolsonaro, o tom do discurso golpista se torna mais perigoso, como pôde ser visto na Câmara dos Deputados, ontem mesmo, durante uma fala do deputado conhecido pela ridícula alcunha de “Zé Trovão” (PL-SC), que chegou a verbalizar ameaças inadmissíveis ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes: “Alexandre de Moraes, presta atenção! O seu dia, o seu fim está próximo e nós vamos acabar com a sua vida!”.
A cada dia que passa sem que a justiça atue de forma enérgica, a mensagem transmitida é a de que a impunidade compensa. As evidências são claras, os riscos são reais e a paciência da sociedade brasileira se esgota. É hora de a justiça agir com a firmeza que a situação exige, garantindo que ninguém, por mais mafioso ou poderoso que seja, esteja acima da lei.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

