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    Jeffrey Sachs

    Professor da Columbia University (NYC) e Diretor do Centro para o Desenvolvimento Sustentável e Presidente da Rede de Soluções Sustentáveis da ONU. Ele tem sido um conselheiro de três Secretários-Gerais da ONU e atualmente serve como Defensor da iniciativa para Metas de Desenvolvimento Sustentável sob o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.

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    O mandado de prisão do TPI contra Netanyahu também representa uma acusação à política dos EUA e à sua cumplicidade

    'A verdadeira questão enfrentada pelo governo Trump não é defender Israel dos seus vizinhos, mas sim defender os EUA do lobby de Israel', escreve Jeffrey Sachs

    Benjamin Netanyahu (à esq.) e Donald Trump (Foto: Reuters)

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    Em última análise, esta é a história de como o lobby de Israel enfraqueceu a América, destruiu o Oriente Médio e deu início a uma série de crimes internacionais contra a humanidade.

    Agora é oficial. O aliado mais próximo dos EUA, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que recebeu mais de 50 ovações de pé no Congresso dos EUA há apenas alguns meses, está sob indiciamento pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Os EUA devem tomar nota: o governo estadunidense é cúmplice nos crimes de guerra de Netanyahu e foi um parceiro pleno na onda de violência de Netanyahu pelo Oriente Médio.

    Durante 30 anos, o lobby de Israel induziu os EUA a travar guerras em nome de Israel, projetadas para impedir o surgimento de um Estado palestino. Netanyahu, que chegou ao poder pela primeira vez em 1996 e foi primeiro-ministro por 17 anos desde então, tem sido o principal defensor das guerras apoiadas pelos EUA no Oriente Médio. O resultado foi um desastre para os EUA e uma catástrofe sangrenta, não apenas para o povo palestino, mas para todo o Oriente Médio.

    Essas não foram guerras para defender Israel, mas sim guerras para derrubar governos que se opõem à opressão israelense contra o povo palestino. Israel se opõe ferozmente à solução de dois Estados, conforme previsto pelo direito internacional, pela Iniciativa de Paz Árabe, pelo G20, pelo BRICS, pela Organização de Cooperação Islâmica e pela Assembleia Geral da ONU. A intransigência de Israel e sua brutal repressão ao povo palestino deram origem a vários movimentos de resistência militante desde o início da ocupação. Esses movimentos têm o apoio de vários países da região.

    A solução óbvia para a crise Israel-Palestina é implementar a solução de dois Estados e desmilitarizar os grupos militantes como parte do processo de implementação.

    A abordagem de Israel, especialmente sob Netanyahu, é de derrubar governos estrangeiros que se opõem à dominação israelense e recriar o mapa de um "Novo Oriente Médio" sem um Estado palestino. Em vez de fazer paz, Netanyahu faz uma guerra interminável.

    O que é chocante é que Washington entregou às forças armadas e o orçamento federal dos EUA a Netanyahu para suas guerras desastrosas. A história da total dominação de Washington pelo lobby de Israel pode ser encontrada no notável novo livro de Ilan Pappé, Lobbying for Zionism on Both Sides of the Atlantic [Fazendo Lobby pelo Sionismo em Ambos os Lados do Atlântico] (2024).

    Netanyahu disse repetidamente ao povo estadunidense que eles seriam beneficiários das suas políticas. Na verdade, Netanyahu tem sido um desastre sem precedentes para o povo dos EUA, drenando o Tesouro dos EUA em trilhões de dólares, dilapidando a posição estadunidense no mundo, tornando os EUA cúmplices em suas políticas genocidas e aproximando o mundo da Terceira Guerra Mundial.

    Se Trump deseja tornar os EUA grande novamente, a primeira coisa que ele deve fazer é restaurar a soberania do país, encerrando a subserviência de Washington ao lobby de Israel.

    O lobby de Israel não apenas controla os votos no Congresso, mas coloca apoiadores radicais de Israel em cargos-chave de segurança nacional. Isso incluiu Madeleine Albright, Lewis Libby, Victoria Nuland, Paul Wolfowitz, Douglas Feith, Abram Shulsky, Elliott Abrams, Richard Perle, Amos Hochstein e Antony Blinken, entre outros.

    Em 1995, Netanyahu descreveu o seu plano de ação em seu livro Fighting Terrorism [Lutando Contra o Terrorismo]. Para controlar terroristas (como Netanyahu caracterizava grupos militantes que lutam contra o domínio ilegal de Israel sobre os palestinos), não basta combater os terroristas. Em vez disso, é necessário lutar contra os “regimes terroristas” que apoiam esses grupos, e os EUA devem liderar esse esforço.

    Após o 11 de setembro, os neoconservadores da era Bush Jr., liderados por Cheney e Rumsfeld, se aliaram a figuras do lobby de Israel para remodelar o Oriente Médio por meio de guerras contra os alvos de Netanyahu: Líbano, Irã, Iraque, Síria, Líbia, Somália e Sudão. O papel do lobby de Israel no fomento a essas guerras é detalhado no livro de Pappé.

    Netanyahu trabalhou incessantemente para instigar os EUA a atacarem o Irã, o que poderia desencadear a Terceira Guerra Mundial, especialmente considerando a possível entrada da Rússia em um conflito desse tipo.

    O trabalho em equipe entre neoconservadores e o lobby de Israel resultou em uma das maiores calamidades globais do século XXI. Todos os países atacados pelos EUA ou seus cúmplices — Iraque, Líbano, Líbia, Somália, Sudão e Síria — agora estão em ruínas. Enquanto isso, o genocídio de Netanyahu em Gaza continua, com os EUA vetando, mais uma vez, uma resolução de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU, apoiada pelos outros 14 membros.

    A verdadeira questão enfrentada pelo governo Trump não é defender Israel dos seus vizinhos, que pedem repetidamente, quase diariamente, a paz com base na solução de dois estados. A verdadeira questão é defender os EUA do lobby de Israel.

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    fonte: (*) https://www.commondreams.org/opinion/icc-arrest-warrant-netanyahu

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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