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Rafael Matos Felácio

Professor, pesquisador CNPq e doutorando em geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina. É integrante do Laboratório de Estudos sobre Circulação, Transporte e Logística (LabCit-UFSC) e do Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional e Infraestruturas (Gedri-UFSC) com foco em pesquisa sobre Redes, Organização Territorial e Políticas Públicas

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O mercado especulativo precisa aceitar que existe democracia, e Lula é o representante desse movimento

A luta será dura, mas as forças democráticas irão colocar o nosso país no rumo certo novamente

Lula e Alckmin se reúnem para apresentação do ex-governador para compor chapa com o ex-presidente (Foto: REUTERS/Carla Carniel)
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O Brasil do presente é o resultado do Brasil do passado. Essa frase simples, porém necessária, deve ser mencionada para que relembremos que, na nossa história, o desenvolvimento social e econômico ocorreram a duras penas e sobre as dores de muitos (as), e que persistem clivagens profundas sobre o território e na sociedade – formação socioespacial, principalmente nas disputas de classes – sim, ela existe e está muito presente e gritante no momento. Embora não pareça, os discursos impostos por grande parte dos meios de comunicação de massa têm como premissa esconder as lutas de classes e trabalham diariamente (às vezes usando das piores estratégias para atacar os que estão no outro campo de luta – trabalhadores) para defender os interesses econômicos e políticos da classe dominante do nosso país que se apropria da riqueza nacional. 

O Brasil do presente nos força retomar o Brasil do passado – principalmente um passado recente – em que tivemos 13 anos de governo popular, para afirmar que é possível alcançarmos novamente transformações sociais e econômicas, quantitativas e qualitativas. A luta de classe existente no Brasil, embora velada e tão acirrada no século XXI, está viva e pujante, tanto que a denominada elite/burguesia não mediu esforços e tampouco meios de evitar a volta do presidente Lula na presidência do país em 2018. A elite/burguesia, ou, se preferirem, o dito mercado, lutou tanto pelos seus interesses e pelo desmonte do inicial estado de bem-estar social, que aceitou e ainda apoia o presidente Jair Bolsonaro em troca de Paulo Guedes usar o Estado brasileiro para drenar a riqueza socialmente produzida para uma banca mercadológica nada desenvolvimentista. 

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Mesmo diante desse cenário e luta política, podemos e devemos falar e caminhar com ânimo, mas alerta para o presente. Ânimo, pois temos a sorte de ter o presidente Lula disposto, ativo e altivo para nos livrarmos desse governo neoliberal e ultrafascista. Ânimo, pois o presidente Lula está novamente conseguindo juntar forças políticas democráticas, movimentos sociais, culturais e sociedade civil na sua candidatura. Ânimo, pois o presidente Lula consegue direcionar o Brasil no campo e jogo geopolítico para retomar seu protagonismo mundial e sua alegria nacional. 

O presidente Lula está focado na ideia de colocar o BNDES para financiar também as micro, pequenas e médias empresas com foco na geração de emprego. Esse debate, entre muitos outros, é de fundamental importância. Porém, para explicitar aqui o alerta anteriormente citado, trago em questão as ideias de Ignácio Rangel sobre os pactos de poderes e dualidade econômica, pois esses caracterizam um certo arcaísmo das forças produtivas e que podem ser barreiras para o desenvolvimento econômico do país. Ninguém questiona ou tem dúvida de que o Brasil precisa urgentemente de um novo marco e formas de industrialização, e o presidente Lula está afirmando, de forma clara e assertiva, que colocará o Estado brasileiro atuante nesse processo. 

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Mas será que as contradições dentro das estruturas da sociedade brasileira, como por exemplo, os grandes produtores do agronegócio que ainda não estão com Lula, o polo externo que Rangel denomina (das relações com o comércio exterior), irão aceitar ou se “dobrar” para uma lógica produtiva mais nacionalista? Será que o polo interno (industriais nacionais) aceitará uma nova relação capital/trabalho? Parece-me que o dualismo como contradições do Brasil, expressas nas categorias – o latifúndio, a indústria, o comércio, o capital, o trabalho – são mistos contraditórios que parecem materializar no presidente Lula a possibilidade de consenso dessas contradições na perspectiva do desenvolvimento nacional. 

Aliás, a história na perspectiva da dualidade de Rangel nos mostra momentos importantes em que os pactos de poderes foram fundamentais para o desenvolvimento do nosso país a duras penas. Podemos citar a revolução de 1930, tendo como pacto de poder os industriais (grupo em ascensão naquele período) e latifundiários feudais (fornecedores de mão de obra e geradores de expansão do mercado consumidor). Ou ainda a dualidade entre a burguesia rural (polo interno) e a burguesia industrial (polo externo) a partir do final dos anos 1980 e início do século XXI. Nesse contexto, o presidente Lula e o senhor José Alencar representavam as formas de mediação capital/trabalho, algo que não continuou no governo da presidenta Dilma, pois uma nova dualidade tomou o lugar da outra: latifundiários (agronegócio) e mercado especulativo (grandes bancos). 

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Como a história não segue o plano cartesiano e como o Brasil, para nossa sorte, conta com um líder político da envergadura do presidente Lula, temos uma realidade posta à revelia das classes dominante/burguesia, ou seja, as forças sociais e democráticas estão direcionadas na figura do presidente Lula (poder político da classe trabalhadora) e Alckmin (poder político de parte da classe empresarial). A questão é: a junção dessas forças políticas conseguirá garantir o processo democrático e a retomada dos rumos econômicos e sociais do Brasil tais quais o país pode e merece? Se se confirmar o que as pesquisas nos mostram, a primeira parte se findará em outubro próximo, talvez já no primeiro turno. Mas a segunda dependerá do desenvolvimento das forças produtivas do país em que se inclui a real força de trabalho. Precisamos ativar as forças produtivas ociosas, utilizar a capacidade de alguns setores, via sistema de crédito – intermediações financeiras, pois somente os gastos públicos não serão suficientes para retomar o processo de crescimento do país. Além disso, as variações nos gastos determinam as variações na massa de lucros e na massa de salários, que são o pilar do consumo, e por sua vez, ativarão o crescimento endógeno. 

Portanto, Lula, mais do que ninguém, sabe que está certíssimo em colocar o BNDES, mas também os demais bancos públicos, no centro do debate e na função do financiamento da produção e das infraestruturas.  Como bem nos ensina o professor Belluzzo: o crédito é o mecanismo de acumulação de riqueza a partir da categoria de gastos definida como relações de classes, em que a classe capitalista tem o monopólio dos meios de produção, controla o sistema de crédito e pode gastar acima dos seus rendimentos correntes. Já a classe trabalhadora, nessa etapa do capitalismo, gasta apenas aquilo que ganha, ou seja, está limitada ao crédito. Nesse contexto, uma das ações urgentes é a retomada dos investimentos em pesquisas, habitação, saneamento básico, infraestruturas etc., do crédito a partir do Estado e das políticas de distribuição de renda, algo inicialmente urgente a ser feito. Ora, as decisões privadas de gastos apoiadas no crédito, logo, no endividamento, são as variáveis independentes que determinam a criação de empregos e, portanto, a formação de renda e poupança nacional. 

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É por isso que esse tal mercado (burguesia) precisa aceitar que o presidente Lula tem todas as condições, e as forças democráticas sabem disso, de conduzir as condições em que os proprietários da riqueza capitalista estejam dispostos a proporcionar o aumento dos fluxos de produção e de geração de emprego.  É nesse cenário que está posta a luta de classes: trabalho e capital; portanto, o mercado especulativo precisa aceitar que existe o mercado produtivo, e Lula/Alckmin simbolizam todas as forças produtivas desse mercado no Brasil amparados e sustentados pelas forças sociais que somarão a maioria para uma nova etapa de reestruturação do papel do Estado brasileiro, ouso dizer, para uma reconstrução da nossa república. E temos a sorte de ter o presidente Lula ativo, altivo e ainda mais preparado para retirar o Brasil desse caos social e econômico a que uma elite irresponsável, Bolsonaro e Paulo Guedes, submeteram o nosso Brasil. A luta será dura, mas as forças democráticas irão colocar o nosso país no rumo certo novamente.

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