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Julio Turra

Assessor político da Diretoria Executiva da CUT

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O movimento da greve geral na França

A greve dos ferroviários, do metrô de Paris e nas refinarias, é o elemento central de toda a situação política na França, bem como a sua extensão para obrigar o governo a retirar a sua “reforma”

(Foto: Reuters)
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Sem “trégua” nas festas, luta pela retirada da “reforma” de Macron continua 

Em 9 de janeiro, a França esteve novamente paralisada pela greve geral em todos os ramos da atividade econômica, com grandes manifestações, incluindo setores populares como os “coletes amarelos”, e estudantes, em todo o país. 

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Assim, mais de um mês depois que as direções das centrais sindicais CGT, FO, UNSA e outras convocaram uma greve geral de 24 horas em 5 de dezembro, o movimento da greve geral prossegue, exigindo a retirada da proposta do governo Macron de “aposentadoria por pontos”- que liquidaria os regimes próprios de aposentadoria, nivelando-os por baixo. 

Isso ocorreu porque as assembleias gerais realizadas nos vários setores sindicais, desde o 5 de dezembro, após cada dia de paralisação votavam a recondução da greve. Assim, entre os ferroviários da SNCF (estatal) e na RATP (metrô e ônibus de Paris) a greve é ininterrupta desde então, atingindo a marca de 36 dias! 

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Em outros setores – portos, refinarias de petróleo, Ópera de Paris, Saúde, professores - ela é retomada pelas assembleias após breves pausas. Por baixo, os trabalhadores transbordaram a orientação das próprias direções das centrais sindicais que se opõem à “reforma”. 

No final do ano, o governo, com a ajuda de Laurent Berger, secretário geral da CFDT, central sindical “fura-greve” que quer negociar a “reforma” com Macron, tudo fez para obter uma “trégua”, pelo menos entre o Natal e o Ano Novo. A “trégua” foi rejeitada em centenas de assembleias sindicais que, em 20 de dezembro, reafirmaram “greve até a retirada da reforma das aposentadorias”. 

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Entre os ferroviários, a direção da UNSA aceitou suspender a greve após uma reunião com o governo, mas foi desautorizada pela sua base que votou pela continuidade. Até mesmo o setor ferroviário da CFDT, em várias regiões, apesar e contra a direção Berger, se manteve em greve. Não houve “trégua”! 

Um movimento de fundo 

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A recusa pelas assembleias gerais de qualquer “trégua” reflete um movimento de fundo, alimentado pelas manifestações incessantes dos “coletes amarelos”, e pela própria experiência dos trabalhadores franceses com as « jornadas de ação” antes chamadas pelas centrais. As “jornadas’ se sucediam sem obter efeitos práticos, como foi o caso da luta contra o aumento da idade de aposentadoria de 60 a 62 anos em 2010 e contra a lei do trabalho em 2016, que acabaram passando. Hoje, amadurece na classe trabalhadora a compreensão de que tais “jornadas de ação” não criam a força necessária para fazer o governo recuar. 

Nesse processo, revela-se também a vontade dos trabalhadores de controlar o seu próprio movimento, através das assembleias gerais e comitês de greve, para além dos limites fixados pelas direções sindicais. 

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A greve dos ferroviários, do metrô de Paris e nas refinarias, é o elemento central de toda a situação política na França, bem como a sua extensão para obrigar o governo a retirar a sua “reforma”. Como declarou Daniel Kuzniewicz, um sindicalista ferroviário da FO, ao jornal “Informations Ouvrières” do Partido Operário Independente (POI) francês: “Os ferroviários desejam vivamente que se juntem a nós todos os assalariados, dos setores público e privado”. 

Por seu lado, Macron, em discurso à nação de 31 de dezembro, reafirmou que “a reforma será levada a termo”. 

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O ano de 2020 começou com o anúncio de que 16 profissões liberais chamaram greve a partir de 3 de janeiro, de que seis sindicatos da Air France também chamam greve para defender sua caixa de aposentadoria, ameaçada pela “reforma”. No setor petroquímico, todas as refinarias foram chamadas à greve. 

Novas manobras em curso 

Para tentar salvar a sua reforma para a “aposentadoria por pontos”, o governo manobra de mãos dadas com a cúpula da CFDT para se chegar a um “compromisso”. Desde 2003, a CFDT defende uma “aposentadoria universal por pontos”, atacando “privilégios” que existiriam nos regimes próprios de cerca de 40 categorias profissionais, o que só confirma seu papel de “bombeiro” a serviço dos patrões. 

Em 6 de janeiro, o governo enviou o projeto de lei da “reforma” ao Conselho de Estado. Partidos políticos, inclusive de “esquerda”, começam a falar em “reforma mais justa”. O primeiro ministro Édouard Philippe convocou todas as centrais sindicais à sede do governo para uma reunião em 10 de janeiro para discutir... as propostas da CFDT. 

Todas essas manobras “por cima” visam limitar o movimento, que exige a pura e simples retirada da “reforma” de Macron, apenas à “jornadas de ação”, como as anunciadas para 9 e 11 de janeiro. Mas, “por baixo”, milhões de trabalhadores em suas assembleias gerais rejeitam qualquer compromisso com o governo e votam a extensão da greve para bloquear a “reforma”. Veremos quem vai ganhar esse braço de ferro.

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