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Ediel Ribeiro

Jornalista, cartunista e escritor

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O multifacetado Zélio

Zélio Alves Pinto (Foto: Orlando Pedroso/Divulgação)
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“A arte impõe o risco. O artista tem que correr o risco de se expor.”                           (Zélio Alves Pinto)

Rio - Dia desses, eu e a Sheila marcamos uma visita à talentosa cartunista Cecília Pinto, a Ciça, em São Paulo.

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Aí, veio o vírus, a pandemia, o isolamento social e nosso encontro foi adiado. 

Ciça é esposa do genial Zélio Alves Pinto, que fez 84 anos ontem. Nossa alegria, na visita adiada, seria dupla: bater um papo com Ciça e Zélio, dois dos grandes artistas brasileiros.

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Zélio, o aniversariante, nasceu em Caratinga (MG), em 20 de fevereiro de 1938. Desde cedo dedicou-se às artes gráficas. Artista multifacetado, possui muitas habilidades e consegue realizar muito bem diferentes tarefas. Tão eclético que, por pouco, não virou cantor.

A Ciça me contou essa história, no mínimo inusitada:

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“Quando tinha seus 13 anos, Zélio gostava de cantar no programa de calouros da ‘Rádio Sociedade de Caratinga’. Era um ótimo calouro, mas tinha como concorrente outro menino, também muito talentoso - dois anos mais velho -, chamado Agnaldo Timóteo. Quando um não ganhava, ganhava o outro. A dupla ganhou  fama na cidade. Tinham até torcidas organizadas. As meninas, torciam pelo ‘bonitão’ Zélio. A torcida do Agnaldo, filho de um mecânico da cidade, era formada pelas filhas dos operários da cidade. As torcidas, fiéis e aguerridas, acabaram entrando em guerra. Para evitar os constantes conflitos, a direção da emissora proibiu que os dois se apresentassem no mesmo programa. Cada semana cantava um. O prêmio era uma camisa da loja “A Predileta” ou um corte de tecido, que Zélio, orgulhoso, presenteava Dona Zizinha, sua mãe. Com o tempo, viraram amigos. Agnaldo, com sua voz poderosa e romântica, seguiu carreira na música. Zélio, preferiu as artes visuais, o traço e o desenho de humor. A amizade entre os dois só acabou com a morte do cantor, em 2021.”

Zélio começou a carreira jornalística aos 19 anos, como ilustrador no jornal "Estado de Minas". Trabalhou também em "O Cruzeiro", “A Cigarra”, “Senhor”, "O Pasquim", "O Estado de São Paulo", ``Folha de São Paulo'' e na “TV Cultura”.

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Foi um dos fundadores do jornal ‘Pasquim 21’, do ‘Salão Internacional de Humor de Piracicaba’ (SP, 1974) e do ‘Salão Internacional de Humor Gráfico das Cataratas do Iguaçu’ (PR, 2003) além de ter coordenado a edição do ‘Salão Mackenzie de Cartum e Quadrinhos’.

Em 1960 mudou-se para Paris, onde trabalhou como correspondente da Revista “O Cruzeiro”. Ainda na França, colaborou com a “Le Rire” (Paris) e a “Punch Magazine” (Londres).

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Como artista gráfico, promoveu a reforma editorial e gráfica em diversos jornais e revistas no país, entre eles o  “Folha de São Paulo” e  o  “Diário do Grande ABC". Enquanto promovia as reformas nos jornais, produzia programas na TV Cultura (‘A Arte de Fazer Rir’ e ‘Cultura em Questão’).

Expôs sua arte em diversas exposições coletivas e individuais nos Estados Unidos - “The Act for Peace and Union”, para a ONU - e em vários países da Europa, como a  Exposição Internacional Italiana de Quadrinhos e Cartum de Lucca; no Museu Real de Bruxelas, na Bélgica e “New York Painters” em Barcelona, na Espanha.

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Zélio sempre foi um apaixonado pelos livros. Quando enveredou pelo caminho da literatura, disse que a escrita é uma obsessão: 

“A literatura me atrai inclusive pela quantidade de riscos que ela expõe a quem lida com ela. A palavra é fascinante, tanto quanto a cor, a textura e a forma juntas. Isso me encanta e o risco é imensurável.”

Publicou o  livro de contos “O Homem dentro do Poste” e as ficções ‘Sem Sahida’, ‘O Navegador e o Príncipe’,  e o art book sobre sua obra “50 anos de uma aventura visual”.

Em 1981 criou a Escola de Arte EBART. Foi ainda  Diretor dos Museus de São Paulo e Secretário Adjunto da Cultura do Estado de São Paulo.

Em 2002, após o fatídico incêndio que destruiu seu estúdio em Nova York, mudou-se novamente para o Rio de Janeiro, para publicar, junto com seu irmão Ziraldo e uma equipe de grandes cartunistas, o jornal “O Pasquim 21”. Esta versão, que estampava na capa a frase do Veríssimo: "Somos a favor do contrário de tudo que está aí", teve vida curta.  

Em sua última edição, a de número 117 (2004), Zélio anunciou que mais um sonho acabou. 

Zélio vive em São Paulo, é casado com a cartunista Ciça e pai de três filhos: Ana Cecília, artista gráfica; Pedro Vicente, dramaturgo; Fernando Alves Pinto, ator.

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