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Walmir Damasceno

Coordenador geral do Ilabantu (Instituto Latino Americano de Tradições Bantu), dirigente tradicional do terreiro de Candomblé Inzo Tumbansi, representante na América Latina do Centro Internacional das Civilizações Bantu (Ciciba).

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O não-lugar da ontologia afrikana em suas tradições

É crucial compreendermos a necessidade do resgate e da preservação das formas, línguas, características e subjetividades que perfazem as expressões afrikanas

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Se eu pudesse lembrar algo para nós neste momento é de que uma cultura não se perpetua sem sua língua.

Afirmamos isto parafraseando uma conhecida expressão da Dra. Marimba Ani referenciando o complexo sistema de defesa do corpo humano: "Sua cultura é seu sistema imunológico" e sem cultura - conjunto de elementos materiais e imateriais que constituem um povo, não é possível identificarmos seu ethos, sentido, elemento chave para a constituição de sua unidade.

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Um dos meios mais estratégicos adotados pelo colonialismo branco europeu para separar nossos ancestrais afrikanos de sua cultura, foi a separação de nossos antepassados de seus familiares/comunidade como também de seus nomes.

Para diversas culturas afrikanas se não todas das mais diversas que compõe o continente, compreendem que o nome é uma palavra de poder. O nome, e mais, a língua qual este está atribuído, caracteriza cultural e ontologicamente um ser dentro da sociedade. Não obstante é comum em expressões culturais como a capoeira e o candomblé nas diasporas haver ritualísticamente um momento de renomeação que lhe trará tal pertencimento à comunidade.

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Este nome precisa ser constituído da língua cultural da pratica que este individuo está sendo iniciado. Assim, não só os nomes pessoais, como também o nome dos elementos rituais e sociais em que o ser se insere.

Quando observamos isso pelo lado imposto, colonizante, temos o que chamamos de racismo estrutural pois os símbolos, signos, nomes e práticas espirituais e religiosas religam o ser a esta cultura dominante. Ou seja, neste sentido para o negro é um não-lugar de ontologia e pertencimento, um não-lugar de se definir cultural e existencialmente enquanto preto e preta.

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É crucial compreendermos a necessidade do resgate e da preservação das formas, línguas, características e subjetividades que perfazem as expressões afrikanas. A oralidade e sua prótase, elemento não-textual, vivo e cheio de sentidos que cabem a cada ser-sendo, um universo, uma biblioteca viva para avançarmos em assuntos como sustentabilidade, modos de produção, consumo e relações. Assuntos estes que têm se mostrado cada vez menos possíveis de serem tratados neste modo sistêmico monocórdio, egoico e individualista mesmo através das correntes filosóficas mais humanistas do mundo ocidental.

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