TV 247 logo
    Adilson Roberto Gonçalves avatar

    Adilson Roberto Gonçalves

    Pesquisador científico em Campinas-SP

    219 artigos

    HOME > blog

    O neofascismo pelo viés da economia e da educação

    No mais, seremos os mesmos brigando por questões comezinhas no baixo escalão enquanto os mais ricos assim continuarão.

    (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

    Brasil é o objeto da análise, em particular o estado mais rico do país, mas uma pincelada é dada com um fato lá de fora. Comecemos com a economia.

    Em relação aos desafios do emprego, especialistas já apontavam a precarização do trabalho com as reformas trabalhistas conduzidas a partir de 2016, que a pandemia apenas intensificou. Riqueza é produzida pelo trabalho, mas quem a produz não fica com ela, é isso que os dados mostram, haja vista o aumento do número de bilionários no planeta. A mudança do perfil brasileiro pode estar indicando o deslocamento de empregos de alta tecnologia para os de menor complexidade e de serviços. Ou seja, a educação propulsora dos saltos sociais não está sendo aplicada por falta de objeto.

    A regra do perder os anéis para ficar com os dedos já não se aplica mais aos multimilionários que descobriram que não precisam mais ter escrúpulos ou disfarces para defender suas fortunas em meio à miséria de muitos. Berço passa a ser a quase exclusiva forma de ascensão social, uma vez que educação tem gerado um contingente de empregos precarizados em função da perda da capacidade produtiva nacional: o rico aplica nos mercados, não na inovação. A pandemia revelou a triste realidade com aumento do número de bilionários no mundo que pagam quase nada de impostos, comparados comigo, com todos os que estão lendo e com quase todos os que estão sendo engambelados por aqueles.

    Quanto à educação, os erros nas apostilas são exemplo do buraco em que está a educação de São Paulo, revelando um método consolidado de deterioração do sistema, e não apenas uma questão pontual, iniciado pela abolição do livro didático e contratos suspeitos do secretário da Pasta com o próprio governo. Aos poucos vai se consolidando o que de pior temos como herança local do bolsonarismo raiz. Matar pobres e queimar livros, de um lado, e renegar a própria natureza multi-social de seu estado, de outro. O governo de São Paulo está no caminho certo para ser o foco de resistência do neofascismo no país. Mas compete com o de Minas Gerais, em que o preconceito ao Nordeste Brasileiro fica evidente nas estapafúrdias palavras de seu governador. Juntando tudo, parece que o bolsonarismo foi apenas um balão de ensaio para o que de pior pode vir por aí.

    Mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação são importantes ao trazer para a sala de aula um pouco de democracia nos currículos escolares, como está sendo proposto. No entanto, há o risco de ser uma perfumaria curricular, como outras disciplinas “inovadoras” já foram, ou inócuas, como as de triste memória Organização Social e Política do Brasil e Educação Moral e Cívica do período da ditadura. Democracia se aprende na prática, sabendo-a mais quando a perdemos ou ficamos em vias de perder, como foi a experiência dos últimos quatro anos. Tal como o amor, a democracia precisa ser cultivada a todo instante, dentro e fora da sala de aula.

    Saindo das pincelas neofascistas nacionais, vemos que o recente passado nazista de Volodimir Zelenski justifica, em parte, a corrupção arraigada em seu governo, apontada por 78% dos ucranianos, pouco adiantando a aura de bom-mocismo e a forma como está mostrando a guerra com a Rússia para o Ocidente. No mais, a verdade sempre é a primeira vítima, seja na guerra quente ou na fria.

    Até um jornalão fez uma pergunta interessante, como se imagina o mundo daqui a 500 anos. No melhor estilo “A Fundação”, de Isaac Asimov, penso que viveremos o mundo do Mulo, produto da transfiguração do mais sórdido nazifascismo, que será monitorado e controlado pelos psico-historiadores, os únicos capazes de trazer de volta o humanismo à humanidade. No mais, seremos os mesmos brigando por questões comezinhas no baixo escalão enquanto os mais ricos assim continuarão.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: