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O nosso sínodo do cadáver

O julgamento contra Lula – e não simplesmente o julgamento de Lula – ultrapassa os limites de seu governo e do PT como partido. Este julgamento é contra uma potência que está latente em nosso país. Não basta condenar Lula, é preciso condená-lo pelo que ele defende: a expansão dos direitos sociais e a garantia de uma vida digna a todos neste País

O julgamento contra Lula – e não simplesmente o julgamento de Lula – ultrapassa os limites de seu governo e do PT como partido. Este julgamento é contra uma potência que está latente em nosso país. Não basta condenar Lula, é preciso condená-lo pelo que ele defende: a expansão dos direitos sociais e a garantia de uma vida digna a todos neste País (Foto: Marcos Ceia)
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O período entre os séculos X e XI, na história da Igreja Católica, é conhecido como ‘saeculum obscurum’ ou como Pornocracia. A mistura entre disputas violentas de poder na Itália e o poder do Papado foram a marca deste período. Em um de seus pontos mais baixos, o Papa Estevão VI ordenou o estabelecimento de um tribunal para julgar postumamente o Papa Formoso, um de seus antecessores, de perjúrio e ascensão ilegal ao Papado. Para tanto, o corpo do Papa Formoso foi exumado e trazido à corte papal para julgamento. O Sínodo do Cadáver, como foi conhecido este evento, é um dos eventos mais chocantes da história da Igreja Católica.

O processo contra Lula movido pelo juiz Moro e pela 8ª Turma do TRF4 me trazem à lembrança este episódio.

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Deixe-se claro, não por Lula em si. Lula está vivo, e com muito pique, como seus vídeos na academia nas redes sociais atestam.

A questão é, e sempre foi, maior que o símbolo de Lula, por mais que este símbolo já seja tão marcante em nossa breve e conturbada história como República.

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O julgamento contra Lula – e não simplesmente o julgamento de Lula – ultrapassa os limites de seu governo e do PT como partido. Este julgamento é contra uma potência que está latente em nosso país.

Não basta condenar Lula, é preciso condená-lo pelo que ele defende: a expansão dos direitos sociais para além da palavra vazia, e a garantia de uma vida digna a todos neste País.

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Não basta condenar Lula, é preciso condenar também o horizonte de esperança de uma vida melhor para a parcela mais pobre deste País, que o andar de cima faz questão de esquecer e apagar qualquer vestígio de altivez.

Não basta condenar Lula, é preciso condenar um trabalhador retirante que, através do seu emprego de carteira assinada, filiou-se ao seu sindicato e, através da força dos trabalhadores organizada, conseguiu falar de igual para igual com seus empregadores, com ditadores, até se ver com legitimidade o bastante para disputar não só uma, mas seis eleições presidenciais.

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Não basta condenar Lula, é preciso apagar qualquer caminho para que ‘essa gentinha’ se ache digna de uma vez por todas.

E é aí que chegamos ao nosso Sínodo do Cadáver. Se fosse possível, essa velha elite agrária e espoliadora – e que usa a ladainha da ‘meritocracia’ para esconder que seus pais, tios, avós e bisavós todos ocuparam os mesmos espaços de poder no Brasil – exumaria Getúlio Vargas de seu túmulo em São Borja e colocaria em um tribunal com transmissão ao vivo e em HD o primeiro a ousar apresentar esse horizonte de dignidade e esperança para o povo brasileiro. Até hoje querem matar Getúlio de novo, desta vez sua memória. Este desejo de ‘enterrar Getúlio de uma vez’ já foi dito com estas palavras por Fernando Henrique Cardoso, quando tentou-se acabar com seu legado das leis trabalhistas no seu governo.

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Esta promessa, de dignidade para todos e a construção de uma nação soberana que saiba defender seus interesses e os interesses daqueles que mais precisam, é o que se quer julgada à pena capital.

Não é à toa a acusação de corrupção para qualquer governo soberano e que ouse enxergar além destes capitães hereditários. A acusação do ‘mar de lama’ de Lacerda contra Vargas. A lama, a sujeira, marcam estes governos desde o princípio, na visão dos detentores do poder. A sujeira já está em se associar com ‘esta gentinha suja’, que ousa querer ser considerada cidadã. Os pés sujos de lama, das ruas sem asfalto, que apoiam e ousam ser ouvidos. A acusação de corrupção é apenas a materialização deste asco.

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