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Marcelo Zero

É sociólogo, especialista em Relações Internacionais e assessor da liderança do PT no Senado

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O novo papa e suas missões

O colunista Marcelo Zero afirma que Robert Francis Prevost tem como desafio ser 'um contraponto doutrinário e ideológico ao trumpismo'

O recém-eleito papa Leão 14, cardeal Robert Prevost, dos Estados Unidos, na sacada da Basílica de São Pedro no Vaticano 08/05/2025 (Foto: REUTERS/Stoyan Nenov)

Do ponto de vista geopolítico, a escolha do novo Papa parece adequada.

Em primeiro lugar, há de se considerar que os EUA, embora tenham maioria de protestantes, possui a quarta maior população católica do mundo, ficando atrás apenas do Brasil, do México e das Filipinas. Além disso, os EUA são os maiores doadores para a Igreja Católica, sendo responsáveis por cerca de 30% do total de doações.

Embora 53% dos católicos dos EUA sejam brancos, há uma grande ligação da Igreja Católica estadunidense com o espinhoso tema da migração. Cerca de 29% dos católicos os EUA são imigrantes e 14% são filhos de imigrantes.

Ainda assim, a Igreja Católica é bastante conservadora e, com ascensão de Trump, passou a concentrar uma oposição ao progressismo de Francisco. Embora o último Papa tenha sido popular nos EUA (tinha aprovação de 75%), sua aprovação vinha caindo, e, nas últimas eleições presidenciais, 59% dos católicos dos EUA votaram em Trump.

Assim, o novo Papa parece ter sido eleito com uma tripla missão:

1- Dialogar com o governo Trump, especialmente com o vice-presidente Vance, que se converteu ao catolicismo.

2- Se reaproximar de setores mais conservadores da Igreja Católica.

3- Fazer um contraponto doutrinário e ideológico ao trumpismo, especialmente nos temas da imigração, no combate às desigualdades, no acolhimento à diversidade etc.

Serão missões difíceis, sem dúvida. Precisará de todo apoio do Espírito Santo e da sua visão adquirida na América Latina (Peru).

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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