O Papa, a bispa Mariann e Claudia Sheinbaum
Uma semana frenética: é bom estar atento para ver o que vem por aí
Donald Trump deve estar muito incomodado com a Igreja e com o México. Antes mesmo de sua posse, o Papa Francisco já cobrava da humanidade cuidado com a "casa comum", a forma carinhosa de Francisco chamar o planeta Terra. Trump não deu bola para o Papa e, de pronto, retirou os EUA do Acordo de Paris. No seu primeiro dia como presidente, Trump e seus familiares foram à missa na Igreja Episcopal da capital. Durante a homilia, Mariann Budde, a primeira bispa mulher de Washington, abordou as ameaças do presidente que afetam milhões de imigrantes. Suas palavras duras, precisas e necessárias deixaram Trump e sua família sem ação. De nada adiantou; os imigrantes começaram a ser expulsos do país. Ao que parece, sua primeira investida de deportar imigrantes num avião militar dos EUA para o México não foi autorizada pela presidenta Claudia Sheinbaum. Se confirmada a notícia, as relações estariam abaladas. (Fonte: Washington/Mexico City, 24 jan/Reuters)
O excesso de visibilidade e o efeito das mensagens nos primeiros dias de governo foi um tiro no pé. "I Am the World", que poderia ser entendido como um ufanismo eleitoral, logo se transformou em prepotência presidencial. Pelo descaso com os outros, Trump atraiu para si reações desnecessárias pelo seu jeito autoritário de ser. As manifestações vieram de todas as partes do mundo. Em Davos, na Suíça, o recado da União Europeia foi duro. Na América do Norte, seus vizinhos Canadá e México não se calaram. Na América Central, o impacto da volta dos imigrantes e a descabida ameaça de retomar o Canal do Panamá são pedras no seu caminho. Na América do Sul, apoio explícito só mesmo do Milei. Na Ásia, o pragmatismo de sempre: um silêncio impenetrável.
Um outro ponto que só causou prejuízo à sua imagem foi a proliferação de decretos. Pela quantidade exagerada, perdem credibilidade na opinião pública. Ainda mais quando se percebe que estão voltados para agradar seus fiéis seguidores. Os decretos em si, em sua maioria, só trazem pontos de discórdia e já nascem fadados ao fracasso. Só para exemplificar: alguém de sã consciência acredita que um decreto pode definir o gênero das pessoas? Ou pior, mudar o Golfo do México para o Golfo da América? Trump não pensa; acha que pode interferir na vida do cidadão americano, no Poder Judiciário do país, no FED, o Banco Central dos EUA, no FBI, nos juros, no dólar, nos impostos, na taxação de produtos importados e nas regras do livre comércio.
Se não bastasse, Trump optou por nomear um secretariado extremamente polêmico, muito a seu gosto. As primeiras críticas vieram do seu próprio partido, como aliás era de se esperar. Tanto democratas como republicanos são partidos históricos, onde ninguém troca de lado. Ambos já passaram por muitos governos e estão acostumados com a máquina de governar. Na rede LinkedIn, a maior do mundo, já circula em espanhol quem são seus amigos beneficiados. A repercussão está sendo muito negativa. Afinal, governo não é uma confraria. Por fim, uma semana frenética: é bom estar atento para ver o que vem por aí.
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