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Pedro Maciel

Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

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O papel de Kennedy no golpe de 1964

Não podemos esquecer da guerra fria, mas é inegável que o papel de John Kennedy foi fundamental para o caos institucional que o país viveu a partir de 1961

John F. Kennedy (Foto: Nasa/Divulgação)
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A decisão dos EUA de impedir o desenvolvimento válido do governo João Goulart data de 1961.

É possível afirmar isso porque tornou-se público um telegrama datado de 1961, que revela a contrariedade do governo Kennedy com uma desapropriação, realizada pelo governo do Rio Grande do Sul, de duas empresas americanas que atuavam em solo nacional: a Bond and Share e a I.T.T. 

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Essa teria sido a gota d'água para Kennedy se opor à política nacionalista de João Goulart e, a partir daí, Kennedy dá o sinal verde, através do embaixador Lincoln Gordon, para articular uma conspiração militar e civil com muito dinheiro dos Estados Unidos para, em dois ou três anos, chegar no Golpe.

Com dinheiro americano nasceu o IBAD e o IPES (órgãos de propaganda; produziam, peças de propaganda - verdadeiras fake News -, que denunciavam possíveis atos de ‘subversão’, ‘corrupção’ e ‘populismo’, de políticos de esquerda; denúncias sempre descoladas da realidade). Além disso, Gordon formou uma rede, com militares, civis e políticos, os quais eram financiados para apoiar os interesses dos EUA (o Deputado Federal Rubens Paiva denunciou o esquema, por isso foi preso, torturado e morto pelos militares).

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João Goulart não era comunista, era, no máximo, um social-democrata, com foco nas políticas de inclusão social e com a retomada do desenvolvimento econômico em bases nacionalistas, mas dentro do capitalismo, contudo, o embaixador americano estava convencido que Jango seguia uma linha peronista, super populista e com capacidade de implantar uma “república comunista no Brasil” e que “o Brasil poderia se tornar uma outra Cuba”, e acabou convencendo Kennedy disso.

É verdade que o Partido Comunista Brasileiro apoiava Jango, pois as políticas reformistas de Goulart eram vistas por eles como parte da luta anti-imperialista, questão central para o PCB, contudo, nunca houve uma aliança formal ou informal entre Goulart e os comunistas.

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Fato é que a partir de 1961 o governo Kennedy liberou cerca de 12 milhões de dólares para uma campanha na mídia contra o governo João Goulart; tal campanha contou com o IBAD, com o IPES e com parte significativa da mídia, articulados com a Embaixada Americana.

Nas eleições de 1962 o governo estadunidense financiou candidatos anticomunistas e antinacionalistas, ainda assim o PTB, partido de Goulart, aumentou sua bancada no Congresso. Apesar da vitória de Jango nas urnas, em total desprezo à democracia e às urnas, as pressões diplomáticas e ações de desestabilização seguiram evoluindo e continuaram, mesmo após o assassinato de Kennedy.

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Tudo que estou descrevendo foi objeto de pesquisa documental e serviu para o documentário “O dia que durou 21 anos”, que merece atenção de todos. 

Não se pode esquecer da ‘Operação Brother Sam’, gestada no final de 1963, quando o presidente Lyndon Johnson aderiu à opção de depor Goulart à força. A operação previa apoio indireto dos americanos em caso de Guerra Civil no Brasil entre a esquerda e a direita; a operação apoiaria fornecendo armas, combustível e apoio aéreo, tudo articulado entre golpistas e embaixada norte-americana.

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Para compreender tudo que aconteceu, não podemos esquecer da guerra fria, mas é inegável que o papel de John Kennedy foi fundamental, não fosse ele o caos institucional que o país viveu a partir de 1961 não teria acontecido da maneira como aconteceu, pois, o dinheiro que ele mandou para propaganda, aprofundou a crise e impediu que João Goulart encontrasse saídas para o país através da política.

Há quem diga que o governo dos EUA se arrependeu do apoio ao golpe, pois, a partir de 1968, com a implementação do AI-5, a repressão e violência contra os civis se tornou ainda mais brutal, com a perseguição em massa de muitos jornalistas e estudantes, contudo, continuaram mandando dinheiro e oferecendo treinamento militar, através da Escola das Américas, ignorando as violações aos Direitos Humanos que a ditadura praticava sem constrangimento.

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