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    José Luis Gordon

    Diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES

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    O papel do Brasil na transformação de minerais estratégicos para transição energética

    O Brasil está dando passos relevantes para se converter em um ator global na cadeia das baterias, na transição energética e na digitalização

    Minério bruto de terras raras esperando para ser processado (Foto: REUTERS/Nayan Sthankiya)

    O Brasil pode e deve ser uma das grandes potências na exploração, refino e desenvolvimento de toda a cadeia ligada aos minerais críticos. O país possui reservas importantes desses minerais e pode liderar as agendas nas quais sua utilização é decisiva, como a transição energética, a eletromobilidade e a economia digital. Nada disso seria realidade sem o compromisso firme do governo com políticas públicas voltadas para essa agenda, em especial a Nova Indústria Brasil (NIB) e o Plano de Transição Ecológica (PTE). Nesse contexto, o BNDES vem desempenhando um papel central, seja no desenho de chamadas públicas ou na oferta de soluções financeiras para projetos conectados com uma indústria mais verde e inovadora.

    A demanda projetada de minerais críticos e materiais aplicados para a geração de energias limpas, eletromobilidade e demais atividades para transição energética e descarbonização exigirá grandes investimentos. Segundo publicação do Banco Mundial intitulada “Mineral-Rich Developing Countries Can Drive a Net-Zero Future”, a transição energética deverá impulsionar fortemente a demanda por minerais e metais, requerendo investimento estimado de US$ 1,7 trilhão nos próximos 15 anos, de acordo com projeções da consultoria Wood Mackenzie.

    O Brasil ocupa uma posição de destaque no volume de reservas e na produção de diversos minerais. O país detém, por exemplo, a terceira maior reserva de terras raras e a segunda maior reserva de grafite natural. Da mesma forma, é o maior produtor mundial de nióbio e o quinto maior produtor de lítio. A Agência Internacional de Energia, na publicação “Latin America’s opportunity in critical minerals for te clean energy transition”, faz referência particular ao Brasil pela ampla gama de minerais críticos dos quais possui elevadas reservas.  

    Essa vantagem em volume de reservas e competitividade dos projetos de mineração pode se converter em uma maior mobilização de investimentos também para transformação e manufatura. O país conta com uma matriz elétrica limpa, um sistema interligado com mais de 90% de renovabilidade , capacidade de produção de biocombustíveis em larga escala, competência científica e tecnológica, um grande mercado consumidor e, ainda, uma posição de neutralidade geopolítica, um ativo estratégico para atração de investimentos externos. 

    No âmbito da NIB, o BNDES vem executando algumas ações estruturantes para a agregação de valor na cadeia de minerais críticos. A primeira ação foi o lançamento em 2024, em parceria com a Vale, do Fundo de Investimento em Participações (FIP) para financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento, implantação ou operação de plantas de minerais críticos voltados para a transição energética, a descarbonização e a fertilização de solo . A pesquisa é uma etapa essencial na qualificação das áreas para o desenvolvimento posterior de minas e a implantação de plantas de produção de minerais críticos ou fertilizantes no país. Com o FIP, o BNDES visa impulsionar a base produtiva mineral do país.

    A segunda ação, em curso, consiste na chamada pública lançada pelo BNDES e pela FINEP para o fomento a planos de negócios que visem a transformação de minerais estratégicos. Essa chamada tem como objetivo avançar na cadeia produtiva, promovendo a industrialização e a agregação de valor aos minerais críticos. O escopo da iniciativa abrange desde plantas em escala industrial até plantas-piloto ou de demonstração, incentivando o desenvolvimento de cadeias de lítio, terras raras, níquel, grafite e silício, entre outros. Ademais, a chamada visa mobilizar investimentos para a fabricação de componentes essenciais para a produção de células de baterias e motores elétricos , consolidando a posição do Brasil na transição energética global. O edital, com orçamento inicial de R$ 5 bilhões, prevê a alocação de recursos financeiros na forma de crédito, subvenção econômica e participação acionária (equity).

    O Brasil, por meio de políticas públicas afirmativas voltadas para a transição ecológica, está dando passos relevantes para se converter em um ator global na cadeia das baterias, na transição energética e na digitalização. Aproveitar as vantagens competitivas provenientes de reservas abundantes de minerais críticos e de uma matriz energética amplamente renovável é uma oportunidade única para o país assumir protagonismo global na agenda verde, ao mesmo tempo em que desenvolve e absorve tecnologias e impulsiona sua estrutura produtiva industrial. 

    Nesse contexto, o BNDES promoveu, nos dias 10 e 11 de março no Rio de Janeiro, a Conferência Internacional - Cadeia de Valor de Minerais Estratégicos para Transição Energética e Descarbonização. O evento reuniu empresas nacionais e estrangeiras, especialistas e representantes de mercados consumidores para discutir oportunidades na cadeia produtiva de minerais estratégicos e debater estratégias e políticas públicas para que o Brasil lidere essa janela de oportunidades. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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