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Jean Menezes de Aguiar

Advogado, professor da pós-graduação da FGV, jornalista e músico profissional

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O paradoxo Lula e o povo brasileiro

O que se analisa aqui são resultados sociais reconhecidos mundialmente. Se FHC, com toda sua intelectualidade, tivesse conseguido resultados assim, mereceria aplausos verdadeiros

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Numa análise histórica o ex-presidente Lula sugere um paradoxo interessante quando confrontado com seus críticos ferozes. Na década de 1990 representava uma esquerda nítida contra um resto cultural de ditadura que se esvaía. Entretanto, setores conservadores nítidos se opunham à sua eleição com veladas ameaças de que o jogo poderia virar de novo.

Lula foi eleito e o Brasil, ainda grávido de uma democracia que se desenhava, o absorveu. Mas Lula poderia ter sido uma vergonha ou desastre, como foi, por exemplo Collor. Poderia ter sido uma passagem em branco, como foram, por exemplo, Sarney e Itamar. Poderia ter sido um neo-estopim eleitoral, como foi FHC que no máximo conseguiu se reeleger uma vez, sem qualquer cria política pessoal ou partidária. "Lula" está indo para a quarta reeleição, duas suas, e, segundo pesquisas, duas de Dilma. É claro que há todo um projeto partidário por trás. Óbvio que não existe "só" Lula.

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Tirados exageros e simplismos, o quadro é mais ou menos este. O primeiro paradoxo foi vertical. Saía-se de um FHC intelectual e chegava-se a um Lula torneiro mecânico, como seus detratores ainda querem. Lula é torneiro mecânico, mas se "transformou", mundialmente, em quê? Não enfrentar este questionamento é confissão de ignorância primária em política. Pela ideia conservadora, como um presidente da República poderia ser bem sucedido sem o tal curso "superior"? Viram-se milhares de "diplomados" nas faculdades Uni-inferno S.A., Unideusmelivre S.A., cuspindo em Lula exclusivamente pela falta do diploma de curso superior.

Mas há um segundo paradoxo, horizontal, que é mais interessante, e pode ser fustigado por um jogo de lógica formal para ganhar uma provocação ainda maior. Considerando-se que Lula enfrentou um tipo de crítica bastante preconceituosa, com o timbre da voz, a nordestinidade, a fisionomia, a falta do dedo, a origem humilde etc., coisa que nenhum outro presidente na história do Brasil precisou lidar, desenhou-se para estes críticos populares um Lula como sendo um sujeito débil, vil, imbecil, analfabeto e que quando abre a boca só sai asneira.

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Aí veio a história real de Lula como presidente que conseguiu sair do paradigma de todos os seus antecessores. Além de não se envolver em crimes e imoralidades, não passar em branco, e conseguir fazer sucessor, obteve resultados surpreendentes para o Brasil. Com estes ingredientes sociais e fatores estatísticos, bastantes inquestionáveis elabora-se o argumento seguinte de confrontação.

De duas uma. Ou Lula é um imbecil e uma farsa ambulante como querem seus críticos populares e todo o eleitorado que apostou e continua a apostar em suas ideias é imbecil igualmente; ou Lula é um gênio político e este fator é significativo para se confirmar que o povo brasileiro possuiu uma percepção política que nem os críticos "estudados" conseguiram manejar quando insistiram e ainda insistem em suas práticas arrasadoras de desconstrução de Lula.

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Lula certamente representou, psicanaliticamente, uma redenção do povo brasileiro "comum" e sem estudo. Este mesmo povo que, por causa disto é discriminado pelos letrados com cursos em escolas mundialmente famosas. Com Lula percebeu-se a possibilidade de que o conhecimento popular e mundano "também" é hábil a resultados sociais espetaculares. Isto enfureceu a uma elite conservadora do conhecimento formal, científico e metodológico que até hoje, atônita, se pergunta: – mas como ele conseguiu? (E o meu candidato não?).

A tentativa aqui não é uma defesa de qualquer projeto, ideia ou ideologia de Lula ou PT. Mas uma confrontação com algum método histórico, somado a algum método analítico-estatístico (os fatos e seus resultados públicos), de o que foi "em resultado", e apenas aí, a era Lula, coisa que todavia não acabou. É claro que todas as contestações são possíveis. Uns afirmam que Lula teria sido uma "continuidade" de FHC; outros, que teria dado "sorte" no plano internacional etc. Mas repare que nenhuma dessas contestações conseguiu, sozinha ou em conjunto, afetar o "resultado" efetivamente positivo para o país de o que Lula construiu. Nem é pragmatismo, é resultado real.

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A ausência de uma contestação cabal que desconstrua Lula foi totalmente desesperadora para uma oposição conservadora. A multiplicidade de argumentos que se digladiaram entre si para explicar possível farsa de Lula não conseguiu credibilidade, aderência como explicação. Ficaram os bons resultados para o Brasil.

Fala-se que futebol, política e religião não se discutem. Pode ser. Entre brutos e violentos pouca coisa pode ser discutida com tranquilidade. Mas entre pessoas que manejam análises e críticas tudo pode ser debatido. Lula deve cometer erros terríveis como qualquer pessoa. Certamente eles existem em sua vida. Mas o que se analisa aqui são resultados sociais reconhecidos mundialmente. Se FHC, com toda sua intelectualidade, tivesse conseguido resultados assim, mereceria aplausos verdadeiros.

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O problema é que foi o "sapo barbudo", agora "sapo ex-barbudo" que conseguiu. O sapo não virou príncipe, mas seus resultados sociais devem ser causa de insônia e ódios infinitos para muitos. Por outro lado, qual o problema com sapos, alguém prefere cascavéis?

Do Observatório Geral

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